Capitulo 81

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Helô narrando

Já faz quatro dias que eu tô na casa da minha vó sem ninguém saber. Nunca tive tanta paz na minha vida, mas confesso que ficar presa dentro dessa casa está me enlouquecendo.

Falei com a minha mãe hoje mais cedo e ela disse que meu pai tá saturado, que ele tá agindo estranho, ela tem certeza que ele tem escondido algo. Durante esse tempinho ele só me ligou algumas vezes, o que não me surpreendeu, ele não ia me dar o gostinho de saber que ele tá preocupado comigo... mas que ele tá pilhado, ele tá.

O dia tava mega ensolarado, decidi dar um mergulho na piscina pra sair um pouco da rotina e acabei ficando lá grande parte do tempo. Logo meu avô se aproximou uma bandeja.

Vô: Trouxe um lanchinho pra vc. -sentou na espreguiçadeira-
- Não precisava, vô. -falei saindo da piscina-

Na bandeja tinha dois sanduíches de presunto, uma maçã e um copo de suco.

Vô: Vc vai contar pra ele sobre a gravidez? -me olhou- Ao pai da criança.
- Não sei... -suspirei- Eu não vejo necessidade de contar mas sei o quanto seria injusto fazer essa criança crescer sem um pai! -dei uma mordida no sanduíche- Não quero que, quando ele crescer, me culpe por não ter tido uma figura paterna ao lado dele. -meu avô riu fraco-
Vô: Vc já está falando como uma mãe.
- Que? -falei confusa-
Vô: Colocando seu filho em prioridade, procurando buscar o melhor pra ele, sem ao menos ele ter nascido. -dei os ombros enquanto bebia o suco- Vc ama ele?

Eis a questão! Tô me perguntando isso desde quanto acordei do coma. Eu realmente não quero que meu pai o mate por causa dessa criança ou eu que não quero isso?

De uma coisa eu sei, eu o odeio. E não é pouco. Mas é o que dizem, o amor e o ódio andam lado a lado.

- Eu o odeio pro tudo que ele fez comigo, por tudo que ele tá me fazendo passar... Se ele tivesse jogado limpo desde o início, nada disso teria acontecido!
Vô: Eu perguntei se vc ama ele. -continuou com seu olhar fixo em mim-

Meu avô tinha o poder de fazer UMA pergunta que cria mil e uma perguntas na sua cabeça fazendo vc ficar sufocada no seu próprio mar de paranóias.

- Não! Eu não o amo, vô. -falei firme- Mas agora a gente tem algo que nos liga mais do que esse ódio todo!

Ouvi meu celular vibrar ao meu lado indicando que tinha chego mensagem.

(2 novas mensagens - Pai💗)

(17:15) Pai: Espero que vc chegue antes dele dar o último suspiro.
(17:15) Pai: 📽 0:16

O vídeo começou todo escuro e logo uns soldados do morro apareceram e começaram a bater em alguém que eu não tava conseguindo reconhecer. De primeiro instante pensei que ele tinha mandando a mensagem pra pessoa errada, mas logo consegui vê de quem se tratava.

(17:18) Pai: Acho melhor vc correr pq eu não tenho motivo algum pra deixar ele vivo!

Senti a lágrimas inundarem meu rosto rapidamente, meu corpo todo estava gélido e travado.

Vô: Heloísa, o que é isso? -me sacodiu- Me responde menina!
- Meu pai é um monstro! -respondi em êxtase-

Meu avô pegou o celular da minha mão e viu o vídeo, eu não conseguia mover um dedo se quer, senti uma pontada no pé da minha barriga mas ignorei por completo, não tinha tempo pra isso agora.

Do Asfalto ao Morro 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora