Capítulo 73

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Heloísa narrando

Eu ainda não estava acreditando em tudo que tinha me acontecido. Meu coração estava despedaçado por saber o monstro que o Thiago é... E pensar que eu era apaixonada nesse garoto me dá náuseas!!

Eu o odeio. Odeio a ideia de que o sangue dele corre nas por dentro de mim, nas veias do meu filho. Eu odeio ter que ser mãe de um filho DELE. Tudo relacionado a ele me dá ódio, mas não posso deixar que meu pai mate o pai do meu filho...

Como eu explicaria isso a ele quando ele perguntasse pelo pai?

Mesmo que eu mentisse, um dia a verdade bate a porta, como bateu para os meus pais sobre a mãe biológica do Gustavo, e eu não quero isso.

Eu não consigo parar de chorar e pensar como será minha vida daqui em diante, como meu pai vai engolir essa história toda... Eu tô só pedindo a proteção de Deus.

Decidi que eu quero contar pro meu pai, quero que ele ouça da minha boca a cagada que eu fiz em ficar grávida de um inimigo dele. Burra, burra, burra!!! Como eu fui burra. Se eu tivesse procurado saber mais sobre o Thiago talvez nada disso estivesse acontecendo...

Acordei depois de uma noite muito mal dormida e atordoada e me endireitei na cama, minha mãe estava ao meu lado dormindo num sofá visivelmente desconfortável. Fiquei pensando o quanto aquela semana iria ser longa e perturbadora, me dá dor de cabeça só de imaginar.

Bia: Como vc tá se sentindo? -me encarou ainda sonolenta-
- Um lixo.

Ela levantou, se aproximou da cama devagar e começou a arrumar o meu cabelo.

Bia: O importante é que vc tá...
- Que tô o que? -interrompi ela- Grávida de um inimigo do meu pai? -ri sem humor- Ah, isso eu estou mesmo.

O silêncio se instalou e ela voltou a sentar no sofá.

Bia: Os meninos disseram que virão aqui hj, junto com a...
- Eu não quero ver ninguém!
Bia: Então, vc vai ficar aqui sozinha a maior parte do tempo, pq eu tenho o Arthur também e não vai ter como eu ficar aqui com vc o tempo todo! -falou e saiu do quarto logo em seguida-

Foi aí que eu caí em lágrimas. Eu mal sei cuidar de mim, como vou cuidar de uma criança? Eu não tenho condições de ser mãe. Já é péssimo minha família descobrir que eu namorava um filho da puta, imagina saberem que eu vou ter um filho dele.

(...)

Acordei com a enfermeira vindo me dar o remédio, já era o terceiro do dia.

- Cadê a minha mãe? -falei após engolir o remédio-
Xx: Saiu logo após o seu almoço.

Olhei para o relógio na parede do quarto e já era 19:30, hoje o dia passou voando.

Xx: Vc logo logo deve voltar a porque esse remédio é bem forte. -a enfermeira disse e eu assenti-

Algumas horas depois minha mãe chegou, eu já estava meio sonolenta por causa do remédio, minha cabeça e meus hematomas doíam um pouco, então tudo o que eu queria era paz.

Bia: Como vc passou o dia? -se aproximou-
- Dormindo. Como foi lá?
Bia: Tranquilo. Sua tia tá dormindo com o Arthur, eles mandaram um super beijo pra vc. -forcei um sorriso- Tá sentindo dor?
-

Um pouco, mas acho que é normal.

Fechei os olhos procurando tentar dormir um pouco, mas eu não conseguia parar de pensar no infeliz do Thiago.

- O que meu pai vai fazer com o Thiago? -falei ainda de olhos fechados-
Bia: Não faço a mínima ideia, mas ele tá com uns planos.. -abri os olhos encarando ela- Não faço a menor ideia do que seja, mas não vai ser coisa boa.

Meu coração começou a bater muito mais rápido e eu já estava suando frio.

- Me empresta seu celular?
Bia: Preciso comprar um novo pra vc né?! -falou enquanto mexia na bolsa- Não acharam o seu.

Ela veio até mim e me entregou o celular desbloqueado, procurei o contato do meu pai e liguei.

L7: Oi amor! -atendeu uns segundos depois-
- Pai, sou eu...
L7: Oi minha princesa, como vc tá? Sua mãe disse que vc não quer ver ninguém.
- Tô com muitas dores ainda mas tão cuidando bem de mim..
L7: Mas... -me incentivou a falar-

Quando eu ia começar a falar alguém interrompeu do outro lado da linha falando com o meu pai.

L7: Agora não, tô falando com a minha filha. Fecha essa porra aí e rala. -fiquei em silêncio- Vai, dá o papo.
- Queria te pedir uma coisa, mas sem que vc ficasse me contestando o tempo inteiro, pq depois que eu sair daqui vc vai entender tudo. -minha voz saiu trêmula-
L7: Qualquer coisa que vc quiser, minha pequena. Fala aí!
- Não faz nada com o Thiago até que eu saia do hospital.

Escutei apenas sua respiração pesada do outro lado da linha.

- Por favor?! -minha voz quase falha-

Um nó já tinha se formado na minha garganta.

L7: Posso saber o motivo disso? -falou com um tom diferente-

É óbvio que eu não poderia falar a real por celular, meu pai morreria do coração.

- Só faz isso por mim. Me promete?

Ele ficou em absoluto silêncio. Meu coração só faltava pular do peito e as lágrimas já tinham tomado conta do meu rosto. Encarei minha mãe e ela me olhava com um olhar pesado e carregado de pena.

- Vc disse qualquer coisa...
L7: Eu não imaginava que essa coisa fosse isso! Não sei nem o que pensar.
- Pensa em mim, na minha recuperação.. Por favor!
L7: Passa pra sua mãe.
- Pai... -solucei-
L7: Eu não vou pedir de novo, Heloísa.

Assenti e estiquei o celular pra minha mãe, ela pegou colocando no ouvido.

Bia: É coisa dela, Lucas. Eu não sei!... Ué, e eu tenho culpa? -falou saindo do quarto-

Nem preciso dizer que comecei a chorar igual um bebê, né?!

Afundei minha cabeça no travesseiro e me afoguei nas minhas lágrimas até que rapidamente peguei no sono.

(...)

Acordei bem cedo no dia seguinte, o relógio marcava 8:56 da manhã. Sentia meu rosto inchado, por causa dos machucados e do choro na noite passada.

Eu só quero que essa semana passe logo pra eu poder voltar pra minha casa, apesar de que tudo vai com a tona com a minha volta e se tem uma coisa que eu não vou ter é paz.

Meu pai sempre me deu tudo do bom e do melhor e o que eu faço??? Um filho com o inimigo dele. Puta merda como eu sou imbecil!! Não acredito que eu fiz isso, o mundo do meu pai vai cair de tão forma q eu não quero nem imaginar.

Só de pensar me angustia.

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