Do Asfalto ao Morro 2

Capítulo 84

Saí daquele lugar completamente sufocada, assim que consegui ar fo lado de fora daquela casa, vomitei em algum canto enquanto chorava desesperadamente.

O tio PL me ajudou com o cabelo mas eu tava quase desfalecendo, não tomei as vitaminas e os remédios da gravidez durante esses dias, obviamente era por isso.

- Eu não consigo... -falei fraca caindo nos braços dele-
PL: Abre a porra desse carro aí! -senti ele me erguer-

Eu não estava desmaiada, mas só tinha forças pra respirar sozinha e muito mal, conseguia apenas ver flashs de luz e sentir o carro balançando, até que senti o carro parar e uma gritaria se iniciar. Apaguei.

(...)

Despertei, não sei quanto tempo demais, mas me mantive com os olhos fechados. Aquele maldito sugou todas as forças que eu tinha no meu ser, não é possível.

Bia: Vc não pode fazer isso com ela, Lucas. -falou baixo-
L7: Beatriz, eu não aguento.

Sua voz soava cabisbaixa e estremecida porém firme, aquilo me deu um aperto no peito horrível.

L7: Olha o que esse moleque fez com a vida da minha filha, Beatriz. Como vc quer que eu mantenha ele vivo?! -deu uma pausa- Eu tô tão esgotado disso tudo que vc não tem noção. Eu olho pra cara daquele infeliz e lembro do Rf, aí lembro do WL, isso acaba comigo por inteiro. -ouvi ele fungar-

Eu nunca na minha vida tinha visto meu pai chorar, a não ser da vez que ele achou que minha mãe nunca mais ia voltar pra ele. Fora isso, esse homem era ferro e aço. Imaginar que ele estivesse chorando por uma besteira que eu fiz me mata por dentro. Me faz sentir como se eu fosse a pior pessoa do mundo.

Eu tô acabando com o casamento dos meus pais, com a minha família, afastando minhas amizades e deixando meu pai na merda. Que vida merece esse tipo de pessoa? Nenhuma!

L7: Esse filho que ela carrega tem o sangue das pessoas que eu mais odiei na minha vida mas eu não consigo desejar mal porque, automaticamente, vou estar desejando pra minha filha também e ela é minha vida. Vcs são minha vida!
Bia: Vc é uma pessoa incrivelmente boa, Lucas. Por isso que sua filha te ama tanto e por isso que eu te amo mais que tudo.
L7: Se ela me amasse não taria fazendo isso comigo. -escutei os passos dele- Vou ter que olhar pra essa criança pelo resto da minha vida e lembrar de onde ela veio, eu não quero isso!!

Eu tava me segurando pra não chorar.

Bia: Ela também tá sofrendo com tudo isso e a culpa não é dela. Vc acha mesmo que eu queria me apaixonar pelo dono de um morro? Nem em sonho, mas cá estou eu. E vc acha mesmo que ela queria se envolver e engravidar de um alemão? Claro que não! Eu coloco a mão no fogo pela minha filha Lucas, ela nunca seria capaz de fazer isso com vc.

Minhas mãos estavam gélidas, como se tivesse um corpo morto jogado no sofá... Pq depois disso tudo que eu ouvi é isso que eu sou, um corpo morto, morto de decepção, angústia, medo, tristeza e vergonha.

Eu preciso fazer alguma coisa pra acabar com tudo isso, não quero mais ter que ver meus pais nessa situação, isso acaba comigo.

- Mãe? -minha voz saiu estremecida-

Ela se aproximou de mim colocando uma das suas mãos no meu rosto.

Bia: Como vc tá, meu amor? -dei um sorriso fraco- Lucas, pega aqueles remédios que eu deixei no balcão.

Ele foi e logo voltou com uma sacola em mãos, minha mãe vasculhou-a e pegou alguns remédios e um copo de água que estava na mesinha de centro.

Bia: Toma, vc vai se sentir melhor. -assenti-

Senti o olhar do meu pai queimar em mim enquanto eu engolia cada remédio, ele estava visivelmente aflito.

- Minha barriga tá doendo. -falei baixo-
Bia: Todos esses dias sem remédio também, né?! Quer o que? -estalou a língua- Vou trazer alguma coisa pra vc comer. -levantou-

Assim que minha mãe saiu o ambiente pesou entre eu e meu pai, qualquer um sentia aquilo, tentei me mover um pouco mas senti a dor se intensificar e desisti.

Ele sentou numa poltrona a minha frente enquanto ainda me encarava, senti algumas lágrimas molharem meu rosto involuntariamente e ele negou com a cabeça.

L7: Não precisa disso, Heloísa. -olhou pro teto-

Uns minutos depois, minha mãe adentra o cômodo novamente com um prato de comida nas mãos e começa a me dar comida enquanto meu pai permanece imóvel.

Assim que terminamos eu fiz subir mas obviamente não conseguia sozinha, chamei minha mãe pra me ajudar e ela se negou.

Bia: Lucas, leva a Heloísa pro quarto, por favor! -falou saindo do cômodo-
L7: Eu? -falou surpreso-
Bia: Tem outro Lucas aqui? -ele bufou levantando-
- Não precisa disso, pai. -repeti as palavras dele-
L7: Prefere dormir aí no sofá? -arqueou a sobrancelha-
Bia: Não é sobre o que ela prefere, leva ela e pronto! -veio até nós-

Mru pai me pegou no colo impaciente porém com cuidado e foi subindo as escadas comigo, eu realmente estava fraca e mole tanto que não conseguia mover um só músculo.

Ele entrou no quarto se apressando em me colocar na cama, assim que fez isso saiu fechando a porta me fazendo cair no choro.

Me pergunto um milhão de vezes ao dia o que eu fiz pra merecer todo o que eu estou passando. Essa gravidez, o Thiago, meu pai, que porra foi que deu errado?

Por alguns instantes as palavras do Thiago ficaram rodeando a minha mente martelando a caixinha que guardava minha sanidade mental.

Como eu queria não amá-lo. Não posso negar, amo tanto aquele porra que daria minha própria vida para que isso tudo fosse mentira. Sempre conversávamos em formar uma família e ele sempre falava que queria um filho homem, assim como eu, o nosso Isaac.

Mas tudo foi por água abaixo por coisas tão bobas que é até difícil de acreditar o porque de eu estar passando por tudo isso.

De repente a porta se abre e a image da minha mãe toma forma em meia da minha vista embaçada pelas lágrimas.

- Mãe, eu amo ele! -chorei ainda mais-

Ela veio até mim sem dar nem um pio e apenas me abraçou confortavelmente me fazendo molhar sua blusa verde limão.

Bia: Mulher nenhuma merece passae pelo o qie vc passou na mão daquele garoto, minha filha. -me acariciou-
- É por isso que eu o odeio! Por tudo isso que ele me fez passar, eu odeio tudo que tem relação a ele, principalmente essa criança. -solucei-
Bia: Não diz isso...
- Eu só quero sumir, mãe. -choraminguei-

Meu choro se tornava cada vez mais alto e intenso, minha mãe se acomodou do meu lado do ficou em silêncio ouvindo meu desabafo enquanto eu só sabia chorar agarrada nela como se isso dependesse da minha vida.

⛔

Eai, o que acharam do capítulo?

Capítulo sem revisão, me perdoem se tiver erros...