Capítulo 113

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L7 narrando

Tô agarrado no Isaac de um jeito que eu nunca achei que ficaria, ele tá me fazendo lembrar do meu pai, do WL, tanta coisa que eu consegui através dessa criança além do Alemão que me faz pensar como eu pude odiá-lo antes mesmo dele nascer?!

WL: Irmão, ele vai ser a chave pro nosso sucesso.

Pro nosso sucesso, WL. Caralho, queria tanto que vc tivesse aqui, desgraçado. Deve tá pentelhando a vida do capeta mas olha aqui nossa benção... A benção da nossa garotinha. Irmão, o que eu fiz pra merecer tanta felicidade, hein?

Pai, eu sou avô. Avô! Vcs tem noção do peso dessa palavra? Isso é olhar pra minha trajetória e só sentir orgulho, é dever cumprido. Apesar dos pesares, né?! Eu sentia minha garganta arder só de pensar o quanto minha mãe estaria orgulhosa se visse o que eu e Lelê construímos durante esses anos.

Helô: Ele já dormiu, pai, deixa eu colocar ele lá no quarto. -falou próximo ao meu ouvido e eu neguei-
- Deixa aqui um pouquinho, daqui a pouco eu largo ele lá. -ela riu-
Helô: Não sabia que vc ia ser um avô tão babão desse jeito. -encarei ela fazendo uma careta-
- Sou mesmo... -rimos- Falando nosso, vai ter comemoração lá no morro logo menos. -falou para que todos escutem-

Logo a animação tomou conta do lugar. Ó familiazinha pra gostar de um fervo.

- Pra comemorar a chegada do Isaac... -limpei minha garganta antes de continuar-

Eu sabia o auê que isso ia gerar mas, na real, só quero sossegar com a minha loira e criar meu moleque sem dor de cabeça.

- E oficializar minha saída do morro! -falei firme-

O silêncio se instalou completamente, dava até pra ouvir o ponteiro do relógio horroroso que a Bia tinha naquela sala, evitei até olhar a expressão de cada um deles e continuei acariciando o Isaac que dormia tranquilo no meu peito.

Beatriz me encarou semi cerrando os olhos, era disso que ela tava falando naquele dia "Independente de qualquer dificuldade, basta vc querer ou não", não tinha como interpretar isso de outro jeito.

Leti: Vc só pode tá de sacanagem... -riu sem humor-
- Tô com cara de quem tá de sacanagem?!

Silêncio novamente. Já estava ficando um pouco irritado com isso. O único que não tava surpreso era o Vt, pq ele já sabia de todos os meus planos desde que a Bia saiu lá de casa.

Guto: Que porra é essa, pai? -levantou bravo- E é assim? Vou sair do tráfico, galera. Bye bye. -debochou-
- Claro que não é assim, tem muita coisa pra eu resolver antes disso ser oficial, mas já que tá todo mundo reunido decidi dar logo a notícia.

Bia riu de nervoso, ainda calada.

Dar aquela notícia me deu alguns calafrios, eu sentia meu corpo se contorcer inteiro absorvendo a informação de que eu não seria mais o L7, e sim o Lucas Muniz.

Helô: Ok. -parou na minha frente- Isso deve ser efeito colateral do nascimento do Isaac. -falou pegando ele do meu colo- Tá velho, deve tá ficando biruta.

Ela saiu da sala fazendo todo mundo me encarar, agora não tinha como eu fugir dos olhares que me cercavam, tive que observar cada expressão no rosto deles. Alguns surpresos, outros chocados, outros sem nem ter absorvido a informação ainda.

HR: Por acaso, tem algum motivo especial pra isso? -falou pensativo-

Olhei pra Bia notando sua expressão curiosa esperando uma resposta minha.

- Sua mãe, vc e seus irmãos, a Letícia, o Vt... -continuei até falar o nome de todos eles que estavam ali- Até mesmo do PL, que se tornou um irmão pra mim... Vcs são o resultado de uma luta enorme que eu tô cansado de lutar, só quero desfrutar das coisas boas que eu conquistei do lado da pessoa que eu amo, comandando um morro ou não. -falei sem tirar meu olhar da Beatriz- Se essa mulher falar pra eu correr, eu corro, pra eu roubar, eu roubo, pra eu largar tudo, eu largo sem nem pensar duas vezes, mas se ela falar que vai embora e me deixar eu vou mover mundos pra não deixar isso acontecer. E se meu mundo é o tráfico e eu tiver que abrir mão disso pra ver a mulher que eu amo feliz e ser feliz do lado dela, irmão... Pode ficar tudo pra vcs! -falei calmo-

Vi as lágrimas escorrerem pelo rosto da Bia antes dela largar o Arthur e vir até mim, sentando no meu colo. Senti meu coração até bater mais rápido, parece até que a gente é namorado ainda...

Bia: Pra ser feliz eu só preciso estar do seu lado... -fungou abrindo um sorriso- Obrigada por fazer isso por nós! -disse chorando-
- Eu faria isso e muito mais, sem vc eu não sou ninguém, cara.

Beijei ela devagar fazendo aquela porra de cócegas no meu estômago surgir como se fosse a primeira vez que a gente tivesse se beijando. Com ela é sempre assim, sinto como se fosse a primeira mesmo sendo a milésima. Amo essa loirinha mais que tudo nessa vida e a dor que é sair do tráfico nem se compara a dor que eu teria em perdê-la.

Guto: Já podemos começar a bater palma? -falou nos fazendo parar enquanto riámos-
Henri: Pensei que tivesse incomodando só a mim. -bufou jogando o corpo pra trás-
May: Ok, acho que eu preciso de uma água pra poder digerir isso. -levantou indo pra cozinha-
- Ninguém tá feliz, não? -falei me fingindo de ofendido-
Leti: Meu Deus, eu tô muito orgulhosa de vcs. -apertou nosso rosto-

Os olhos dela também estavam cheios de lágrimas.

Leti: Mas ainda sim eu acho que esse apartamento tem alguma mandinga... -todos a olharam confusos- Sempre que a gente se reúne aqui alguém joga alguma merda no ventilador. -gargalhamos- Meu coração não aguenta.
Vt: Lembra de quando descobrimos que o WL era irmão da Bia?! -passou a mão no rosto- Que doideira foi aquilo, mano?! -rimos-
Bia: Aquele jantar foi uma doideira...

Eu ainda sentia meu coração fisgar com essa ideia de largar esse mundo que corre nas minhas veias mas eu tava feliz, me sentia completo e nem que eu traficasse muito me sentiria como me sinto agora. Só gratidão!


E vamos de surpresaaa... Essa daí alguém imaginava?

vivendo pelo final desse livro, amo que amo...

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