Capítulo 8

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Meu pai me amostrou uma conversa com um numero privado.

[1/11 12:57] ×××××-××××: 📷 nunca pensei que fosse tão fácil...

A foto era minha, da minha mãe e das meninas comendo e rindo na praia. Fiquei um pouco assustada, não vi nada de estranho por lá.

L7: Tá bom pra vc?! -gritou- Vc que adora dar rolêzinho no asfalto, pagar de dondoca...
Bia: Para de falar assim com ela, porra!! A culpa não é da menina. -ele ficou quieto- Estamos todas bem, esse é o importante!!

Ele assentiu coçando a cabeça meio crilado com o que tinha acontecido, parecia conturbado, com sangue nos olhos. Sempre que acontecia algo no morro meu pai ficava assim, as veias do rosto dele ficavam bem mais amostra e sua fisionomia mudava, me dava medo.
Enfim, fomos pra casa e meu pai voltou pra boca, subi, preparei uma roupa e esperei a Duda sair do banheiro, assim que ela saiu eu entrei, tomei um banho relaxante, lavei meu cabelo, fiz esfoliação no rosto e sai do banheiro. A Duda tava no chão fazendo algo que eu nem prestei atenção, lavei meu rosto e quando eu ia sair do quarto ela me chamou.

Duda: Tá pensando que vai aonde, mocinha? -colocou a mão na cintura-
- Vou no quarto dos meninos -falei como se fosse óbvio e ela riu-
Duda: Não mesmo!! Vc vai sentar aqui pra gente começar a fazer esse trabalho, não vou tirar um 0 por causa da sua preguiça.

Afff. Bufei, peguei minha mochila, notebook e alguns livros, sentei do lado dela e começamos a fazer o trabalho...

L7: Olha -bateu palmas- gostei de ver! Se vc quiser vir todo final de semana pra cá vai ser bem vinda, Duda. -ela riu- Pq só assim pra essa garota estudar.
- Hahaha engraçadinho -ri sem humor-

Depois de umas 1h terminamos de fazer o trabalho, guardamos as coisas e ficamos na cama descansando, do nada os meninos entram fazendo maior algazarra e começamos a conversar sobre ontem.

*dias depois*

O final de semana foi uma deliçinha, a Duda adorou e prometeu voltar mais vezes, essa semana fiquei atolada de trabalhos, meu pai tava no meu pé de uma tal forma que todo dia queria me ver estudando.
Eu mal tenho saído do morro por causa daquela treta do número desconhecido, meu pai tava mega pilhado e tem certeza que foi alguém do Complexo do Alemão e até agora nada foi descoberto. Tenho evitado falar com meu pai para não ficar entrando em discussões ridículas e ficar preocupando minha mãe, falando nela.. Fomos fazer o pré natal segunda feira e descobrimos que tá vindo mais um menino por aí, ela ficou muitooo feliz, assim como eu. Pensei no assunto e dedusi que não quero deixar de ser a princesinha da família.
Depois de um longo dia na escola, cheguei em casa pedindo arrego, mal tinha dormido na noite passada com minhas paranóias tomando conta do meu ser. Saí jogando minha mochila e meus sapatos pra qualquer canto do quarto, tomei um banho bem relaxando e deitei na cama pra dar uma descansada antes de ir fazer o almoço. Acordei um tempo depois, sem nem saber que horas eram, fiz um coque frouxo novo cabelo, olhei meu celular e marcavam 14:57.

- Putz, daqui a pouco minha mãe tá chegando. -dei um pulo na cama-

Desci as escadas indo em direção da cozinha pra ver o que eu poderia fazer pra comer. Cheguei na cozinha e vi minha mãe desmaiada no chão com uma enorme poça de sangue em volta. Minhas pernas travaram, minha respiração ficou pesada e eu não sabia o que fazer ali, meu coração parecia ter encolhido no peito de tanta aflição que eu estava sentindo.

Henrique: HELOÍSA -falou alto atrás de mim-

Minha cabeça tava longe mas ainda sim eu conseguia ouvi-lo.

- Eu cheguei e ela estava aqui -falei baixo sem conseguir tirar os olhos da cena-
Henrique: Liga pro meu pai, vou pegar o carro -ele falou e eu não me mexi- HELOÍSA, saí desse transe, precisamos ajudar ela porra! -me sacudiu-

Ele me entregou o celular dele e já deixou na ligação com o papai, coloquei no ouvido escutando a chamada ecuar um tanto sinistra. Meu coração parecia ter voltado a bater, o desespero tomou conta de mim e eu me aproximei da minha mãe tentando acorda-la, o celular do meu pai chamava, chamava e ninguém atendia, aquilo estava me dando nos nervos, eu mal conseguia respirar direito. O Henrique chegou junto com o Gustavo, os dois estavam pálidos de mais pra dizer se quer uma palavra, eles tiraram minha mãe do chão e foram em direção a porta, logicamente que eu os segui.

Gustavo: Manda correrem o morro atrás do meu pai e fala que minha mãe passou mal. VAI MLK!! -gritou com algum soldado-

Eles colocaram a minha mãe no banco de trás do carro e eu me enfiei ali junto ainda insistindo na chamada com o meu pai, já era a sétima vez que eu tentava ligar pra ele e não dava em nada. O Henrique arrancou com o carro a 90km/h e saiu do morro em direção ao hospital mais próximo que cobria nosso plano de saúde, ele estava tão rápido que meu medo era ele acabar batendo com o carro.

Henrique: E aí, Heloísa?! Ainda nada? -me olhou pelo retrovisor-
- Nada!!

Foi a única coisa que eu consegui falar até chegarmos no hospital, assim que chegamos, já entrei gritando pelos médicos e o Dr. Ricardo apareceu.

Ricardo: O que aconteceu Heloísa? -veio até mim-
- Minha mãe, Dr. Ela tá com alguma coisa.

Assim que eu terminei a frase dos meninos entraram com ela no colo, o Dr. Ricardo gritou por uma maca e logo um enfermeiro trouxe.

Ricardo: Ela tá assim a quanto tempo? -foi andando rápido até uma sala-
- Não sei, quando eu a encontrei ela já estava assim. -o segui- O que vai acontecer? O bebê tá bem?
Ricardo: Fica calma, vamos examinar ela direitinho e ver oque aconteceu. Fiquei na recepção que já já levo notícias.

Ele fechou a porta da sala me deixando do lado de fora. Lágrimas começaram a tomar conta do meu rosto e eu encostei na parede lago atrás de mim.

Henri: Calma Helô, vai ficar tudo de boa, confia! -me abraçou-

Senti minhas lagrimas molharem a camisa dele enquanto ele me aninhava com calma, o Gustavo estava um pouco mais a frente que nós andando de um lado pro outro sem saber o que fazer. E ali ficamos por um longo tempo.
Depois de umas meia hora escutamos um carro chegar cantando pneu assustando o pessoal que estava ali perto, logo imaginei que fosse meu pai e me desfiz do abraço do Henrique.

L7: Cadê? -entrou- Cadê ela? Cadê a minha mulher?
Gusta: Ela tá sendo atendida.. -falou sem ânimo sentado em uma das cadeiras-
- Agora?
Henri: Heloísa, não é hora... -cortei ele-
- Como não é hora? Você já viu quantas mensagens e ligações tem nessa merda de celular??

Ele se virou de costas com a cabeça baixa tentando manter a calma, olhei para o antebraço dele e tinha alguns arranhões e o cheiro de perfumes feminino exalava no lugar. Meu sangue freveu na hora. Minha vontade era desce o tapa no meu pai ali mesmo.

L7: Eu tava ocupado Heloísa, vc precisa entender..
- ENTENDER??? -gritei com ódio- EU TENHO NOJO DE VOCÊ!! -empurrei ele-
L7: Vc tá maluca??
- VOCÊ SABE QUE NÃO TAVA OCUPADO PORRA NENHUMA!!! TAVA COM PUTA DA RUA QUE EU SEI, COMO VC TEM CORAGEM????
Gustavo: Para de falar merda!
- FALAR MERDA??? -me aproximei do meu pai- VOCÊS NÃO TÃO VENDO ESSAS MARCAS E ESSE PERFUME BARATO EXALANDO NO AR, PORRA?! VOCÊS SÃO TUDO FARINHA DO MESMO SACO!!

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