28 - alarme

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Ganhei um celular e um tablet novo, editados e configurados de acordo com os requisitos do Clã Máscara Negra - ainda não sei ao certo o que significa isso -, e minha mochila era a mesma de uma semana atrás, tirando o fato de que provavelmente ela tinha um rastreador, ou não. Resolvi não perguntar.

Não demoro muito para me aprontar, mas como tinha permanecido por praticamente uma hora na câmara de cura, meu tempo está bem curto agora. Quando encontro Rebeca de novo, ela me avisa que são meio dia e pouco. Calculo que, a julgar pela distância razoável entre a sede e a escola, eu irei chegar lá bem a tempo se me apressar um pouco. A garota se prontifica a me levar para a saída (entrada) e aceito numa boa, apesar de saber bem por onde ir.

Acho que ela aceitaria se eu a convidasse para ser minha companhia durante a aula, porém no momento eu quero passar por isso sozinho. Já estou relativamente curado da ressaca após a câmara de cura, e desejando voltar um pouco ao meu ritmo solitário pré-CMN.

Painel, botões, solavanco de elevador e estou no hall de entrada de novo, a sala branca onde tudo começara. Lembro de mim quando tudo teve início e percebo não me sentir mais confinado, muito pelo contrário, me sinto quase... em casa.

O portal se abre automaticamente depois que Rebeca analisa o perímetro do metrô pelas câmeras do local, hackeadas por Filipe. Mais uma vez o centro metropolitano está vazio, mas não consigo parar o calafrio que me cruza dos pés à cabeça de repente, me recordando do quão perto os homens de Strike estavam da sede quando aconteceu a nossa captura.

A lembrança de Strike involuntariamente me faz pensar sobre a missão, e por isso tento me concentrar em outras coisas.

- Você precisa ter muita cautela agora, Erich. - Rebeca diz. - Os homens de Strike estão te caçando, e com o passar do tempo o número de caçadores só vai aumentar, principalmente se descobrirem que você é do Máscara Negra agora.

Eu assinto em concordância.

- Retorne o mais rápido que puder, você precisa de mais instruções antes de começar seu trabalho, e, por favor, evite usar a máscara.

Ao dizer isso, franzo a testa. Talvez eu desconheça o perigo de estar saindo agora, mas foi ela quem me deu a sugestão. E no final das contas, eu preciso fazer isso, não sei por que, mas preciso.

- Ser cuidadoso, entendi.

Rebeca aparentar melhorar depois de me ouvir dizer isso.

O sol brilha lá fora, iluminando a entrada do metrô, e meus olhos devagar vão se acostumando à luz. Quando estou prestes a dar meu primeiro passo, Rebeca segura meu braço, me puxa de volta e me dá um abraço forte. Ela se inclina para sussurrar em meu ouvido.

- Não esqueça de quem você é agora.

Um assassino, um procurado, um alguém com sua vida anterior deletada. Resumidamente, tenho que fazer força para trazer à memória quem eu era em comparação ao que sou agora.

Nós nos conhecemos só há uma semana, e isso é engraçado.

Enquanto me encaminho em direção ao colégio, vou recapitulando tudo que fiz em uma semana na sede e os acontecimentos que me levaram a isso. Passo perto do local onde, há uma semana atrás, eu levara Rebeca em segurança à sede com os homens de Strike em nosso encalço. Depois me perco sorrindo no momento em que estou passando pela Avenida Principal, a mesma de quando eu perseguia Rebeca. As vitrines, o shopping center, os edifícios e monumentos são os mesmos, mas eu não sou o mesmo.

Uma loja com um espelho convexo me concede a imagem de minha pessoa, e me surpreendo em ver o quanto pareço ser normal, nada suspeito. Eu deveria estar aterrorizado vendo isso agora. Foram tantas as vezes em que eu quase morri.

Máscara Negra - ImpactoOnde histórias criam vida. Descubra agora