11 - quarto

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Um silêncio mortal paira sobre a sala de metal depois de minha resposta à proposta da Morte, fazendo a afirmação ficar um pouco vaga no espaço. Não sei o que devia esperar, mas vejo Fogo dando um suspiro forte em seu lugar.

Os mascarados finalmente deixam aquele ar intimidador e se relaxam, parecendo levemente agitados. Nenhum deles, porém, me congratula ou coisa parecida. Previsível. São assassinos. Talvez também porque tecnicamente não seja uma coisa boa a ponto de eu merecer parabéns. Afinal, executando trabalhos como assassino estou suscetível a morrer a qualquer momento, conveniente ou não.

Mas eu dou de ombros, pensando baixo. Eles vão falar alguma coisa uma hora ou outra. Dessa forma, não me incomodo.

Quando me dou por conta, todos os mascarados estão passando através de mim apressadamente em direção a porta, um conglomerado intenso me causando arrepios constantes. Todos silenciosos ainda, o que faz a sensação ser mais grave. A sessão de julgamento foi concluída e minha sentença foi dada. Mas o que preciso fazer a partir de agora? Fico aguardando mais instruções, em meu estado de estupor, sem ousar me mover antes de uma posterior ordem devida. Fico olhando para cada qual dos mascarados que passa diante de mim, imaginando que diversos pensamentos estão perpassando por seus cérebros nessa hora. Mas não tenho nenhum palpite.

Realmente espero poder conhecer essas pessoas e decifrar esse xis da equação. Vai ser melhor saber isso.

- Vamos prepará-lo para o teste. - escuto a voz sinistra da Morte vindo do mesmo lugar onde ele jazia e me viro em sua direção imediatamente, atento, procurando respostas.

Mas a Morte desaparecera de novo.

Minha decisão de repente me faz cair, longe de todo o devaneio da sensação, longe daquele torpor fantasioso e profundo. Eu me levanto e começo a ofegar, mas antes de ter um ataque, uma mão segura a minha e sou forçado a correr sendo conduzido pelo dono dela. Minha perna volta a latejar de dor, e mordo os lábios, gemendo. Movo a cabeça e reparo na cabeleira ruiva na minha frente, correndo louca e excitadamente. Estou de volta à sala dos quadros, mas perturbado demais para definir tudo à minha volta, não acompanho o ritmo e a velocidade de Fogo e acabo não notando por onde ela me leva, apenas tenho a sensação de que há algo além dela e de mim se movendo. Só sei que quando caio na real, nós estamos de frente a uma porta com a seguinte gravação: QUARTO DA FOGO. Está arranhada de forma irregular na madeira, como se inscrita com um arame. É uma coisa bem problemática.

Fogo, ainda segurando minha mão como se fôssemos namorados e visivelmente não querendo que eu me desvencilhe dela, levanta um dedo fino e arrasta sobre o batente da porta. Sincronizadas com o movimento do dedo, várias trancas começam a se desfazer com um barulho estrepitante. Quando a porta se escancara de supetão, ela me puxa para dentro e nesse instante noto, com surpresa, não haver uma maçaneta no solado da porta.

Um calor não muito intenso me alcança e meus olhos começam a lacrimejar. Ouço a porta se fechar e depois sou empurrado com força sem motivo algum. Caio com um baque surdo e bato a cabeça para variar.

- AI! - exclamo, depois inclino minha cabeça para Fogo, que está com uma mão coçando o queixo e outra flexionada sobre a cintura, parecendo pensativa e completamente indiferente. - Por que você fez isso?

- Você está em choque, achei que poderia ajudar. - ela diz em um tom um tanto quanto desconhecido. Amigável.

Massageio a cabeça e a fito com incredulidade. Ela está com os cabelos desgrenhados e com a impressão de doida varrida, mas logo estende a mão para me erguer do chão de seu quarto, minha perna parecendo um membro inútil.

Fogo está certa sobre eu estar em choque, apesar de ter sido desnecessário o empurrão, portanto, eu decido ir com calma, sem explodir de vez. A primeira coisa que tento digerir, desta vez com certeza na minha fala, é: isso é real. Repito a frase várias vezes e a armazeno em minha cachola, enquanto Fogo me observa com paciência e até mesmo alegria. Preciso ter total entrega a esse fato.

Máscara Negra - ImpactoOnde histórias criam vida. Descubra agora