23 - máscara

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Ontem foi o último dia do treinamento e Ceifeiro me ordenou uma série de experimentos para fazer. Pelo visto, eles serviriam para que eu pudesse definir com precisão minhas potencialidades e fraquezas. Ele não disse, mas eu sabia que poderia ser também para saber como eu estava em relação a saúde física e mental. A instrução era que os treinos com Balístico e Navalha seriam suspensos e todo o dia seria dedicado para tal.

— Bom dia, Erich.

Fogo estava com o meu café da manhã na bandeja, sorrindo em frente à cama.

— Bom dia. — eu disse, retribuindo a expressão. Meu corpo todo parecia dormente, minha mente enevoada, mas... eu... Eu precisava fazer aquilo.

Mais um dia de treino apenas.

Fogo me levou até a sala da câmara de cura e lá eu encontrei Balístico, Navalha e Relâmpago. Vê-los me deixou um pouco menos apreensivo, apesar de que a palavra experimento estava começando a ter uma conotação um pouco duvidosa na minha cabeça. Observei que todos estavam com jalecos e algumas espécies de pranchetas, prontos para anotar o meu desempenho. Foi estranho como isso foi familiar para mim, mesmo que eu não tenha frequentado muito o hospital enquanto estava na Célula. Não era sobre isso, mas era... estranho. Não consegui lembrar e concluir o porquê de ser familiar.

— Bem, Erich, nós vamos simular alguns experimentos para ver como você reage a alguns estímulos que você pode encontrar no seu teste ou na sua trajetória como assassino. — Navalha falou.

— Estímulos?

— Sim. — ela concordou. — Isso servirá para saber o que você pode evitar, mudar ou aperfeiçoar.

— Já sabemos que você é um garoto resistente. — Balístico continuou. — E corajoso. Porém você vai encontrar alguns desafios no seu caminho. Quem sabe até precise aprender a lidar com suas fobias, se você tiver.

Eu comecei a experimentar os sintomas de ansiedade na hora que entendi isso. Apesar de ser óbvio, o perigo que eu iria enfrentar lá fora poderia me levar a situações de limite mesmo, e eu precisava ser capaz de lidar com isso.

Sim, eu estava pensando em torturas.

— Se descobrimos seus padrões de funcionamento, podemos ensinar como você pode condicionar seu próprio comportamento.

— Entendi.

— Bem, você fará alguns dos testes inconsciente, mas a maior parte deles não. E caso aconteça algum problema sério, nós podemos parar imediatamente. Se você sinalizar para nós que é demais, iremos parar também, mas queremos que você vá até onde você achar que puder de verdade. — Navalha recitou. O tom de voz dela pareceu muito adequado. Talvez ela tenha sido médica antes de se tornar assassina. Ela é muito boa nisso.

— Erich, não preciso te dizer que isso pode ser bem desagradável. — Balístico disse, me olhando fundo nos olhos. Isso fez parecer que ele soava preocupado, mas confiava em mim ao mesmo tempo. Eu apertei os lábios rapidamente e assenti para ele, tentando ser resoluto.

— Ok então. Vamos começar.

— Certo. Tira a roupa, Erich. — Balístico falou.

— Quê? — eu devolvi, me sentindo quente de repente.

— A roupa, Erich. Tira.

Eu sempre fui ali sozinho. Meu Deus. Olhei para Fogo e Relâmpago, que estavam em outro canto conversando, depois olhei de volta para Balístico. Comecei a ofegar.

— Toda a... roupa?

Então Balístico começou a gargalhar por quase meio minuto, me deixando ainda mais constrangido.

Máscara Negra - ImpactoOnde histórias criam vida. Descubra agora