Máscara Negra - Impacto

Epílogo

Julho de 2028

14h37min

O Grande Lago tinha a mesma aparência de antes. Bem, quase a mesma aparência. Um edifício flutuante ficava no meio dele. Agora era apenas alguns escombros boiando na superfície em locais ocasionais e barcos de resgate. A maior parte da instalação estava submersa.

A água agora não era tão clara. Parecia um tanto barrenta, mas tinha um cheiro notável de ferro. O nível da água estava acima do normal e a costa tinha sido inundada. Há um tempo já, porque o mês de julho era ensolarado e a vegetação já havia secado quase totalmente, como se nada tivesse ocorrido.

A orla do lago, rodeada de árvores exceto por uma área isolada aberta, estava apinhada de carros e pessoas. Não havia imprensa ou polícia, tampouco moradores a não ser duas pessoas. A base 4 afinal de contas ficava em uma reserva natural, mas isso não impediu dois garotos de 12 anos de adentrarem a área por um buraco na cerca. Eram Pedro e Antônio, irmãos que residiam na fazenda próxima à região. Eram crianças muito curiosas e quando viram que o enorme prédio que ficava no lago desapareceu de repente, logo pensaram em conspirações mirabolantes envolvendo monstros e alienígenas. Isso não os impediu de checar, uma vez que eles se intitulavam exploradores, junto com seu com cão de guarda Tobias, um SRT caramelo magro e de porte médio.

Ao se aproximaram da beira do lago, logo cobriram o nariz por causa do cheiro ferroso de sangue. Bem, eles não sabiam que era sangue, embora parecesse muito semelhante com o cheiro do curral da fazenda. Como eram pequenos e esquivos, facilmente não foram detectados pelos homens ali. Em todo o caso, não conheciam nenhum deles, uns caras uniformizados de verde quase como médicos, outros de preto como polícia, até de verde como do Exército. Bem, teoricamente eles não possuíam nenhum dos títulos. A maior parte deles era Advogados ou responsáveis pelas pesquisas com conteúdo das zonas mortas. Mas claro que os pequenos nunca entenderiam uma coisa dessas.

Pedro e Antônio eram inteligentes. Até tinham inventado uma comunicação de sinais para esse tipo de situação. Também haviam trago suprimentos diversos e até armas brancas. Eles achavam que descobririam algo muito interessante ali, e até então tudo era uma brincadeira, mas infelizmente aquele jogo acabaria mais cedo do que o previsto.

Um dos meninos havia escalado uma árvore e estava observando a região para ver se podiam avançar mais na exploração. O que ficou no chão era menos arisco e corajoso. Ficava pensando que nunca haviam entrado naquele lugar e que era um pouco perigoso permanecer ali. Bem, a fazenda dos vizinhos ou mesmo a casa abandonada que ficava no final da rua eram outra coisa; já haviam explorado ali, mas nunca uma "floresta do governo", como chamavam.

Tobias saiu correndo de perto do garoto e começou a latir. Só depois disso que ele notou que o irmão já havia descido da árvore. Ficou chateado e o chamou, mas assim que circulou a árvore, viu seu irmão deitado no chão. Tobias soltou um guincho repentino e parou de latir. Em seguida, o garoto tentou correr, mas foi pego por uma mão enorme escondida nos arbustos. Um segundo depois, uma faca encostou em seu pescoço e cortou-lhe a jugular.

Sentiu sangue escorrer do pescoço e não conseguiu mais respirar. Sentiu muita dor e enfim sufocou, cinco segundos depois, sem conseguir ter um último pensamento lógico. O homem enfim o soltou e levantou, limpando a faca. Seu dispositivo de comunicação emitiu um ruído repentino.

- Eram só dois pirralhos e um viralata. - disse para o comunicador, displicente.

- Ok. Desove-os na água. Vai ser fácil inventar uma desculpa para isso. - o homem do outro lado informou, categórico.

- Humph... Pivetes deveriam ficar em casa. - o homem zombou. Em seguida, arrastou os corpos para a beira do lago e os jogou. Pedro, Antônio e Tobias afundaram lentamente, e a água mudou de cor. Nada muito perceptível no final das contas. Ainda havia os rastros de sangue, mas como ele não havia secado, foi fácil remover as pistas, embora cansativo.