45 - corvo

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A primeira resposta é a mais marcante. O silêncio e uma mente prestes a se agitar.

Não... Droga! Meu Deus! Não! Não pode ser! O quê?! Não é verdade!

Todo mundo tem um jeito de reagir a isso, suponho. Eu, por exemplo, fico paralisado, surtado de uma forma não nítida. Na maior parte do tempo, minha expressão é de incredulidade. Não recuo, não faço nenhum ato. Minha garganta prende com a parte repentina das coisas.

A pressão do momento é a única coisa que ainda me mantém acordado e longe de viajar demais. No momento, parece que o fato vai me destruir completamente.

Involuntariamente me ocorre mais uma vez o fato de eu ser um assassino e ter que matar pessoas. Cara, quantos já assassinei de verdade? Provavelmente ninguém. Não eu.

Mas desta vez estou certo de que foram minhas mãos que mataram esse homem, embora não fosse eu.

Certo?

Não consigo exprimir meu pavor por meio de palavras. Morte. Por que não me habituei a essa questão? Fecho os olhos e engulo em seco, pensando no que me tornei. Tenho que agir, porém não quero.

Tem alguma coisa errada e inconclusiva. Tive um apagão e matei um homem sem reparar. Minha sanidade poderia estar comprometida se eu não tivesse uma teoria sobre isso.

Aquele alter ego?

Não posso perder o controle. Embora o fato não tenha abrandado o fato de que meu corpo cometeu homicídio, nos minutos seguintes estou arrastando o homem até o banheiro e o escondendo, ainda tentando compreender o apagão, horrorizado. Se bem que não tinha sido tecnicamente um apagão. Me lembro vagamente de ter vislumbrado imagens muito velozes. Agora eu tento pensar que não estou com a guarda baixa, mas nesse caso não faz o menor sentido. Talvez eu não tenha como revidar, como impedir, e essa hipótese me apavora.

Fecho os olhos e realmente tento me concentrar na missão. Eu estou com medo, no entanto. Com medo do desconhecido. A parte humana dentro de mim pulsa forte. Quem sou eu para tirar vidas? Eu fui chacoalhado. A parte má se sobressaiu. Pode ser mais cedo ou mais tarde, pode estragar tudo. Não faço ideia de como, quando e se será, só imploro para que eu esteja errado.

Tomara que eu esteja delirando

Não, não estou. É real. Isso que é ruim.

Alguns fatores me permitem avançar na missão sem me martirizar ou remoer o ocorrido. A adrenalina. A missão. A máscara, que resgata meu instinto assassino. O fator inconsciente e ininteligível. E também o fato de ter sido um cara sem rosto e totalmente não conhecido. O guarda usava óculos infravermelhos, o que de certa forma, facilitou que me visse. E aquele arma claramente era para deter minha habilidade. Como? Saber isso só me traz a péssima sensação de que sei menos do que deveria. Não quero crer, porém ocorre-me que seja possível que eu esteja sendo atraído propositalmente. Não. Strike não pode saber sobre meus poderes e sobre a missão.

Eu fui descoberto?

Meu tempo está findando. Eu não posso parar e retroceder agora, apesar de tudo.

Corro de volta para a bifurcação. Me concentro nos detalhes de novo e me absorvo. Parece uma espécie de saguão de entrada. Avisto uma bancada de madeira no meio de duas portas e me sobressalto ao ver uma mulher surgindo de trás dele.

Vou para o lado e quase tropeço em um sofá de couro.

- Tá perdido? - ela pergunta em tom de deboche.

- Ah... - eu ainda não pareço de volta à realidade, que merda.

Mas na mesma hora, a moça recepcionista desvia o olhar, sorri de uma forma esquisita e fingida e abre a boca. Seu olhar está em outro ponto.

Máscara Negra - ImpactoOnde histórias criam vida. Descubra agora