5 - perseguição

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No dia seguinte, acordo com o sol afligindo meu rosto e sentindo uma dor de cabeça infernal. Mesmo tendo conseguido dormir, minha noite não tinha sido das melhores. De novo. Além disso, havia esquecido de desligar o despertador que em outra ocasião me faria levantar para ir ao trabalho, e isso foi horrível.

É muito estranho e incomodador ver o sol brilhando no céu azul, livre de nuvens; dá a impressão de que me acostumei com a escuridão. Antes ele devia ser amparador, mas não é. Com essa enxaqueca, nada é. Sinto minha têmpora latejando de dor e ardendo como brasa. Minha garganta está um deserto de tão seca, e por esse motivo, a primeira coisa que faço ao me levantar é tomar um copo de água bem cheio. Sentindo a umidade de dentro, apesar do sol lá fora, vou até o banheiro.

Paro no meio do caminho e olho à volta, ainda meio desacordado e desconcertado, mas principalmente delirado. Minha visão começa a embaçar e a colorir num tom vibrante nada saudável. Levo uma das mãos à cabeça, fecho os olhos e tento me guiar pelo tato ao meu destino. Acho melhor acordar de fato antes de tentar distinguir tudo.

Tomo um banho rápido por causa do mau odor que exalo, visto roupas mais leves e começo a me encarar no espelho. Por um momento, não reconheço a pessoa que olha para mim de volta, mas espero e finalmente o delírio se esgota e a dor de cabeça diminui de intensidade. Por outro lado, minha barriga começa a roncar.

Me arrasto até a mesa da cozinha e me sento, olhando a madeira da qual ela é feita, emergido num estupor. Faço tudo vagarosamente como se estivesse de repouso e qualquer movimento brusco pudesse arruinar tudo.

O lugar onde durmo é bem simples, para falar a verdade. Pequeno, no entanto, com espaço o bastante para todas as minhas coisas. Não há nenhum adereço em nenhuma parte da casa além dos móveis, e isso acaba deixando trechos da casa em que só há o chão e a parede mesmo. Não tenho muita coisa e além disso, sou meio minimalista. É bem arrumado, todavia, isso posso afirmar com certeza. Evito desorganização além da que já existe em minha cabeça

Não que eu seja um maníaco certinho da silva.

É de fato o local onde mais me sinto assegurado, e não pelo fato de ter instalado algumas proteções na casa. Acho que a casa por si só já aspira um ar de proteção.

Acho a despensa e faço um café bem reforçado para compensar a indisposição atual. Por conseguinte, me sinto satisfeito. Tudo se silenciou totalmente agora que a chuva passou - quando fui dormir ontem à noite, ainda estava chovendo - e todo ruído que faço faz um barulhão, mas mesmo assim não é incômodo nenhum. Deixo aquela tranquilidade me consumir.

Vou até a sala e vejo algo bem estranho na parede: um mapa. Não, um panorama.

Imediatamente começo a surtar. Tudo aconteceu.

Então, é verdade. Os fatos de ontem realmente aconteceram, as lembranças começam a emergir em meus arquivos mentais. A morte, o Clã Máscara Negra. Eu estou vivo. Estava entre a morte e a vida. E depois, aquela coisa de ajudar o Máscara Negra não os denunciando. E mais depois, esse panorama com base no CMN e seus ataques.

Boquiaberto e ainda surtado, me aproximo do mural e o fito com incredulidade. Faço aquilo por pelo menos uns cinco minutos antes de ter outro acesso. Fora da razão, começo a arrancar as imagens do panorama num frenesi. Amasso tudo aquilo e lanço num cesto de lixo ao meu lado. Respirando forte, começo a pensar se foi besteira ter feito isso, mas bem nessa hora, ouço um ruído repetitivo por perto. Antes que eu conclua que é coisa da minha cabeça, noto a goteira em uma parte do teto. Não está chovendo, mas a água parece ter se acumulado acima do forro, saindo por um furo desagradável e fazendo aquele plinc-plinc contínuo. O barulho me irrita e saio do cômodo imediatamente, sem sequer saber as horas. Visto jeans em vez de bermuda, pego minha mochila, destravo a porta e saio do prédio.

Máscara Negra - ImpactoOnde histórias criam vida. Descubra agora