21 - androide

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Será que, no geral, existe um milésimo de segundo que pode diminuir a probabilidade de 100% para 99,9% e definir algo certamente impossível?

Eu não sei, só sei que antes mesmo de ter consciência do comportamento, eu estou correndo na direção do robô mais próximo de mim, o cano da arma cada vez mais perto do meu peito. O solo irregular faz eu deslizar em um escombro e pular sobre o robô. Com isso, eu me torno o 0,1%.

Aí uma chuva de tiros tem início.

Poeira explode quando as balas encontram as redondezas perto de mim. Puxo o corpo do androide com uma força descomunal e deixo de receber um tiro na cabeça quando o uso como escudo humano (ou robótico). Temporariamente isso previne que eu sofra um grande dano, mas logo assinalo que tenho que usar outra estratégia.

Todo o grupo vêm em minha direção me cerceando enquanto tropeço para trás. Mais poeira e finalmente um tiro acerta meu joelho, me fazendo vacilar.

Engulo a dor lancinante e continuo retrocedendo. Não tenho como atirar contra eles e continuar sustentando o corpo, mas isso está ficando cada vez mais perigoso.

Bato minhas costas em uma parede. A munição do inimigo acaba, mas imediatamente uma equipe de backup surge. O corpo metálico começa a faiscar de um jeito bem preocupante. A dor continua enevoando meu raciocínio. Tenho que fugir daquela clareira.

Espera.

Eu esqueci alguma coisa quando notei que eram máquinas. Filipe já tinha me dito antes que a maioria dos objetos movido por eletricidade possui um núcleo, uma bateria, e mesmo que eu não pudesse as destruir explodindo-as devido à dificuldade que eu teria em fazer isso sem determinados materiais, eu poderia agir de outra forma. Sim. Todas as máquinas têm outra coisa em comum quando pifam: elas expelem fumaça. E quanto maior e mais potente o objeto, maior a fumaça.

Deslizo a pistola e começo a atirar à queima roupa no meu escudo robótico. A camada de pele falsa começa a se soltar e consigo vejo uma bola vermelha iluminada no centro de peito metálico. Quando eu atiro ali, um cheiro forte como o de palha de aço queimando me alcança e então empurro o corpo para frente o mais forte que posso. Me abaixo onde estou o mais rápido possível e cubro a cabeça. A equipe de backup recarrega enquanto a principal volta à posição.

E então uma grande quantidade de fumaça começa a sair do centro do androide, cobrindo minha visão. Imediatamente eles param de atirar, provavelmente para não desperdiçar munição.

Eles são bem espertos e eu contava com isso. A armadilha deles foi muito engenhosa. Robôs. Toda a conjuntura piora quando se trata deles; não vão temer sacrifícios. Seria um pouco diferente se fossem humanos, afinal, o plano dessas máquinas não envolve nenhuma moral e ética.

Desde o começo a estratégia deles foi bem profunda.

Os três primeiros androides serviram de sinalização para os outros e distração para mim. Além disso, eles estavam me monitorando e esperando o meu momento de vulnerabilidade, quando não houvesse escapatória.

A fumaça está quase se dispersando quando ouço os passos deles. Corro para os escombros e salto para fora da clareira finalmente. Enfim, esqueço tudo isso e me concentro no fato de que posso eliminá-los sem hesitar nesse momento. Por outro lado, já vi que eles tampouco irão pensar duas vezes.

O jogo ainda está em andamento.

Deslizo a alça do rifle que peguei do androide sobre o ombro, deixando a arma, descarregada, atrás das costas como uma espada. Depois de procurar um pouco sem baixar a guarda e com a M66 em posição sempre a cada mínimo barulho, consigo achar a pistola perdida.

Máscara Negra - ImpactoOnde histórias criam vida. Descubra agora