Absorvo um ruído horrível. Ouço o som de escombros caindo e demoro um tempo para digerir que o prédio ao meu lado está desabando, levando consigo um mar de desolação. Arregalo os olhos, ainda mais surpreso. Em contrapartida, corro ainda mais rápido em disparate na direção oposta, em direção à cabana e a travessia parece ser bem mais longa vista desse ponto.
Minha cabeça está um caos e desesperada, parecendo apenas uma vítima e não um assassino.
De repente ouço um tiro, o que me faz virar imediatamente. A poeira avança com tudo pra cima de mim. Outra explosão e um pedaço do prédio sai voando na minha direção. Me lanço no asfalto sem hesitar, esquivando-me por pouco.
O prédio agora está abaixo, o vento virou uma tormenta e a rua um monte de escombros informes. Em meio à poeira de concreto, eu avisto algo: uma sombra negra que eleva a mão no ar vagarosamente. Em seguida, um estouro e sinto uma dor súbita sobre a clavícula, uma bala que passou de raspão...
Jogo-me com o corpo todo na porta de madeira, que acaba rompendo, caindo no chão de cimento inacabado, com a mão sobre o ombro. Fecho a porta com um chute e ofegando, me encaminho até atrás de um sofá e me escondo.
E agora? Meus pensamentos se desordenam, tudo foi tão rápido. Por que explodiram o prédio? Aquilo era uma armadilha? Droga, droga, droga!
Estou finalmente dentro da cabana. A sala onde estou é baixa e possui um interior repleto de mobília velha e empoeirada; provavelmente não deve haver mais de dois cômodos na casa. Está completamente em pedaços, considerando que já era uma casa bem pobre mesmo, com as paredes ainda tijoladas, o teto mostrando o telhado, aberto em algumas partes. A profusão de poeira, sujeira e mofo acumulada torna o ar quase pesado e desconfortável misturado com o frio. Ao mesmo tempo, ironicamente sinto calafrios ardentes de adrenalina queimando em minhas veias.
Ofegando feito um cão, recupero a arma que escapou da minha roupa na queda, mas não ouso me aproximar da janela. Sei que algum inimigo ainda está lá fora, e ele sabe onde estou agora, deve estar vindo pra cá a qualquer momento.
— BALÍSTICO! — berro, apertando o dispositivo auditivo mais uma vez, mas não há nenhuma resposta. Respiro entre dentes, vendo meu corte, que felizmente atingiu só a pele, nenhum osso. No momento, a dor pareceu ser bem mais incômoda, mas agora estou ciente de que não é grave.
O medo me entorpece. Não sei foi a melhor decisão ir até a casa, mas parecia ser a única opção. Não sei quais tipos de armas meus inimigos podem ter. Caso tenham algum lança-mísseis, estou lascado. É melhor ir o mais rápido possível e torcer para que eu não esteja certo.
Quanto mais eu penso, mais percebo que loucura foi o episódio. Aquele inimigo lá fora devia estar no prédio contíguo e se aproveitou dos efeitos da explosão para se camuflar e vir em minha direção caso eu saísse do prédio pulando, como eu fiz. Eu não consigo entender direito, foi algo que eu jamais preveria.
Com um impulso desenfreado, sigo à cozinha, um cômodo com uma divisa de madeira compensada para separá-lo de um quartinho pacato ao lado. Procuro freneticamente algo nos compartimentos do armário, roço o guarda-roupa mofado do quarto e embaixo da cama a fim de encontrar algo. Quase tombo ao esbarrar em uma tijolo saliente durante a busca. Percebo que a entrada do banheiro está barrada por algum móvel e arrombo-a, descobrindo um lugar horrível e escuro. O filete de luz que sai da janela borrada ilumina insignificantemente o cômodo. Abro o comprimento de descarga da privada, vasculho a parte de trás da pia, porém não acho nada. Com o sangue fervendo, me lembro de que meu tempo está acabando.
Por um momento, vejo na janela o que me pareceu ser um tijolo vermelho e percebo que agora ele parece uma cenoura. Acho estranho e me aproximo. Então vejo que o objeto tem um formato cilíndrico e é vermelho. Primeiramente penso que essa dinamite é de mentira, mas com ânimo percebo que o peso dela indica que, pelo contrário, não é. Não é bem um utensílio extremamente útil, mas virá a calhar nessa hora.
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Máscara Negra - Impacto
Ciencia FicciónEm um 2028 catastrófico em que aconteceu uma guerra nuclear, a humanidade se dividiu entre aqueles que conseguiram se salvar isolados nas Células de Refúgio, protegidas pelas Muralhas, e os habitantes das zonas mortas, regiões afetadas pela batalha...