22 - invasão

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Acho que durante todo o teste, eu nem comecei a me infiltrar. Eu só fugi e fugi... Ataquei sim, mas para fugir.

Meus olhos se abrem vagarosamente, e só depois de um tempo tomo consciência de que eu estava desacordado. Meu corpo está travado, meus músculos dormentes e minha mente enevoada. Posso ver as marcas que a explosão fez e que ainda estou na mesma calçada onde caí.

Quanto tempo se passou? E... como estou vivo?

Incompetente, minha consciência me insulta. E eu de fato me sinto insultado por fazer tão pouco. Devo terminar o que comecei. Ignorando o cansaço aparente, me levanto, sacudindo a poeira do corpo. No mesmo instante, porém, minhas pernas vacilam e eu retorno ao chão. A cabeça começa a doer. Olho para frente, persistindo na tentativa de ler a ocasião. Os androides se foram com a explosão.

Me estico e resgato minha mochila com um puxão. Aí mais uma vez me ergo, apoiando-me ao muro.

Estou totalmente cambaleante e sem senso de equilíbrio. Minha capacidade intelectual parece duvidosa. O que está acontecendo? Arfo. Meus olhos estão marejados e permanecem ardendo, incomodados com pouca luz. Estou quente, minha garganta está seca e meu corpo todo arde com feridas rasgadas. Toco a parte de trás da minha cabeça e sinto uma meleca vermelha entre meus dedos. Olho para minha mão e vejo sangue fresco.

A imagem fica turva e depois nítida.

— Ah?

Preciso ordenar minha cognição. Estou muito comprometido.

— Então eles morreram? — sussurro meu primeiro raciocínio completo. A cabeça está começando a funcionar.

A explosão conseguiu abate-los. Vejo os corpos deles no piso, inertes. Não deve ter passado muito tempo, já que não surgiram mais deles para me eliminar. Ainda tenho uma chance.

Observo que a fumaça, embora já meio apagada, sobe até além dos dois prédios entre os quais se encontra o beco. Isso significa que pode ser que alguém possa a ter visto ou não.

Minha cabeça ainda dói, mas tento voltar a concatenar sobre o plano de infiltração, se é que parece que eu vou mesmo me infiltrar. Parece mais que vou invadir, já que o elemento discrição foi totalmente perdido.

Eu vou conseguir?

Estou a poucos metros do prédio de infiltração. O céu ainda é um fosco cinza, mas agora tem feixes de luz iluminando o espaço quase como se fosse uma coisa divina. A cidade catastrófica se estende, uma alvorada de prédios sufocantes. Eu acharia melhor se tivesse que me infiltrar em qualquer lugar que não fosse um prédio.

Me dirijo para fora do beco. Começo a tossir como se o efeito de inalar fumaça finalmente tivesse surgido. Minha visão parece muito estranha, até parece que tudo isso não é real. Caio ajoelhado no chão mais uma vez.

Não demora muito até que o silêncio vire algo medonho. Os fatores desencadeiam minha crise.

Meu Deus, eu tenho que sobreviver. Não quero morrer, não posso morrer.

Morrer.

Mesmo que eu tenha treinado para tal, eu realmente não estou preparado para morrer. Não agora. Por quê? Antes eu até ansiava por isso, um pensamento de escape definitivo rodeando minha consciência, algo atrativo em relação à minha vida sem sentido, deplorável. Eu tinha motivos para viver? Por que nunca dei fim à minha vida antes de tudo? Como suportei dez anos de sofrimento pungente apertando meu peito até chegar aqui?

Eu sabia... que encontraria um sentido... no futuro?

Não pode ser. Isso é impossível.

Morte. Eu sempre fui um potencial suicida. Eu não tinha nada que me protegia e principalmente que me faria ao menos hesitar. Isso é verdade?

Máscara Negra - ImpactoOnde histórias criam vida. Descubra agora