31 - interrogatório

18 1 0
                                    

- Quem...? - pergunto, incrédulo e estupefato. Matar?!

- Suas digitais foram encontradas em um beco na Avenida Sul 57, onde fora achado o cadáver de Benito, morto por uma chave de pescoço há uma semana atrás.

Uma sensação de esclarecimento me vem à tona, mas tento não demonstrar. Então é por isso que estou aqui. Bem, é um equívoco, mas ainda faz absoluto sentido. Se trata do dia em que encontrei Fogo pela primeira vez, naquele beco onde ela matara o advogado com broche de caveira. Nossa, e eu até me lembro de ter assistido que a perícia tinha sido, de certa forma, prejudicada por causa da chuva. Impressões digitais. Obviamente. Eu nem tinha pensado em apagar meus rastros! Tudo que eu planejara era fugir e me safar daquele problema. E por um momento estive certo.

Cara, mais que coisa ridícula! Foi há uma semana, e foi deletado completamente da minha memória. Mas agora estou ciente de que estou sendo culpado pelo crime de Fogo.

Eles não sabem, da mesma forma que não sabiam antes. Bem, não é estranho considerando que eles não devem ter acesso às impressões digitais de Fogo, mas até aquele momento, eu ainda poderia ser dado como suspeito, ou como cúmplice.
Ora, mas eu não tive nada a ver com esse assassinato, tirando o fato de que eu o presenciei. Sonegar informações é um crime?

Sim, claro que sim. Mesmo que eu os convença de que não matei o cara, ainda assim não sou descartável, pois ao menos devo ser uma pista para o verdadeiro assassino, que é Fogo.

- Não matei ninguém não, moço. - digo com veracidade. Meu tom varia de desespero para uma incredulidade no nível de brincadeira.

Os dois homens ficam impassíveis, possivelmente tentando me decifrar.

- Bem, se não foi você...

- Não me faça perder o meu tempo, moleque. Podemos arrancar tudo à força! - Laerte interpela, nervoso.

Não consigo controlar a emoção como deveria. Viro meu rosto para fuzilá-lo.

- Vocês podem tentar, mas não estou mentindo. - o afronto com um tom meio cínico. Bem, o máximo que eles podem fazer é me interrogar.

- ...se não foi você quem o matou, justifique a presença de suas digitais ali. - o agente Fatel prossegue como se nem eu nem Laerte tivéssemos o cortado.

Engulo em seco. De alguma forma, eu sei que ele é mais perspicaz e sabe como me desvendar, e isso me atemoriza.

- Posso ter passado ali mais cedo, mas não vi assassinato algum, sério.

O investigador me pesquisa meticulosamente. Não deixo o sentimento de triunfo subir à cabeça, mas é certo que eu tinha dito algo inteligente.

O olhar inquisitivo do agente me faz mais uma vez imaginar que estou conversando com Ceifeiro; tenho a mesma sensação de estar sendo vasculhado por dentro.

- Conhece o Clã Máscara Negra, senhor Erich?

Estranhamente a pergunta me faz hesitar.

- S-sim... Eles já fizeram muito estrago na Célula, não é?

- Considera o que eles fazem um estrago?

Pisco algumas vezes, intrigado. Tento pensar em uma resposta rápida. Acho que não deveria ter dito isso.

- Bem... É o que todo mundo diz...

- Sim, mas o que você acha disso?

Por que ele está me questionando a respeito do Máscara Negra? Por que quer saber minha opinião sobre eles? Não faz sentido algum.

Máscara Negra - ImpactoOnde histórias criam vida. Descubra agora