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Um mês depois...

Lari 💎

Meus pais estavam muito estranho um com outro, sério!

Eles não eram mais aquele nojo, desde o Natal que tá assim.

Fomos pra angra, curtimos o Ano Novo e o Natal, passamos mais alguns dias e voltamos pro morro.

Meu pai voltou ao tráfico e minha mãe tá procurando emprego pra se distrair.

Eu sinto algo diferente, isso me machuca.

Faltavam dois meses pro meu aniversário de quinze anos e eu estava muito ansiosa, porém eu não ficaria tão feliz assim se meus pais não estivessem de bem, um com outro.

Eles nunca brigaram na minha frente, mas que tem briga, eu já ouvi que tem.

Vtzinho: Ô cabeça de piroca.- Olhei pra trás vendo ele e parei de andar.

Lari: Onde cê tava? - Abracei ele.

Vtzinho: Tava te seguindo, uê. Só parei pra comprar coxinha.

Lari: Cadê? eu quero.

Ele me deu um selinho e segurou minha mão, me levando pra barraquinha de lanches.

Comprei minha coxinha e fiquei comendo, enquanto ele me olhava.

Vtzinho: Vamo sair hoje?

Lari: Pra onde?

Vtzinho: Sei lá, um motel? - Falou revirando os olhos.- Qualquer quanto pô.

Lari: Eu queria muito ir pro parque, você sabe.

Vtzinho: Então nós vai.- Assenti, terminando de comer.

Chamei ele pra ir na boca, dizendo que queria ver meu pai.

Que, sem brincadeira, não para em casa direito também.

Quando ele saí, eu ainda tô dormindo, poucas vezes ele volta pro almoço e quando ele chega, eu já tô dormindo novamente.

Estava muito brava com ele. Odeio lembrar disso, mas quando ele estava preso, me prometia mil coisas, inclusive atenção.

Hoje em dia, a gente nem conversa!

Passamos pela segurança e noiados da boca, alguns me chamaram de "diabinha." Por esse ser meu vulgo.

Amei.

Falei com todos e subi pra laje, deixando o Victor conversando com os outros e vendo meu pai fumando, enquanto escrevia alguma coisa.

Lari: Pai..- Chamei, chamando atenção de outros homens dali.

Coringa: Que que tu tá fazendo aqui?

Lari: Não posso? - Cruzei os braços.- Já que você não me procura, eu tenho que procurar né.

Ele se levantou e eu jurei, por um momento que ele iria bater em mim.

Mas ele só colocou a mão no meu braço e me puxou pra baixo.

Entramos na salinha e eu sentei na cadeira.

Coringa: O que tu quer?

Lari: Um pai presente? - Falei fechando a cara.

Coringa: Tô aqui, num tô não?

Lari: Você falou certo agora. Tá aqui, no morro, não em casa, pra mim, nem pra mãe.

Coringa: Não fala coisa que eu não sabe, Larissa! - Apontou na minha casa.- Se eu tô aqui nessa porra 24 horas, é pra dar o melhor pra vocês.

Lari: Você sabe o que é melhor? - Falei um pouco alto, no mesmo tom que ele.- Sabe que seu dinheiro não vale de nada se não tiver tua presença? A gente não tá aqui pelo dinheiro e sim por você em casa.

Coringa: Tu fala isso agora, mas se num tivesse dinheiro tava reclamando também.

Lari: É, realmente! - Me levantei.- Mas pode ter certeza que eu prefiro reclamar de não ter dinheiro do que está reclamando de não ter um pai.

Coringa: Tu vai pra casa agora..- Falou com as mãos na minhas bochechas, apertando.- E tu só vai sair de lá quando eu mandar. Reza pra eu não chegar no ódio e descontar em tu.

Lari: Você me machucou...- Falei assim que ele empurrou, meu rosto pra trás.

Cuspi o sangue no chão, de tanto que ele apertou, cortou minha boca.

Ele me encarou e depois olhou pro sangue.

Limpei meu rosto e saí batendo a porta.

Eu não queria passar mais um minuto ao lado desse homem.

Depois Da VisitaOnde histórias criam vida. Descubra agora