Capítulo 30

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ERIN

O ronco do motor soou alto quando entrei no estacionamento no edifício The Shelby, parando o Jaguar em sua respectiva vaga. Devido a algum problema não mencionado, a sala de reuniões da ArchPlan não parecia um bom local para seguirmos adiante com os negócios. Então, Mason havia sugerido que nos reuníssemos no próprio apartamento, assim ele e sua equipe chegariam mais cedo para vistoriar o local mais uma vez. O trânsito não havia facilitado a deslocamento até o local marcado, no entanto, eu era o tipo de mulher que levava os compromissos muito a sério, considerando o horário estipulado para a minha presença. Por isso, alguns minutos de relevância, eram sempre priorizados. 

Com a bolsa em mãos, caminhei até o elevador do térreo onde uma mãe e seus dois filhos me acompanharam. O garoto aparentava ter em média dez anos de idade, e seus olhos não desgrudavam do videogame barulhento que estava em suas mãos. A garota era mais nova, eu lhe daria cinco anos baseado não somente em seu tamanho, mas também na forma com que abraçava o ursinho de pelúcia contra o peito.

— Eu posso apertar o botão, mamãe? 

Eu me remexi desconfortável quando seus olhos grandes e escuros se cruzaram com os meus, logo após o seu pedido. Ela era exatamente como seria... Deus! Eu prometi a mim mesma não pensar sobre isso. 

 — Claro, querida. 

 A garotinha apertou o número seis, olhou para mim e lançou-me um sorriso com uma janela quase central, dessa vez estava convicta de que eu não seria a ameaça para os seus planos de auto dependência. Mesmo que eu quisesse, não poderia. 

— Você mora em que número? 

— No último andar, é o número dezesseis. 

— Nossa, você mora nas nuvens? Deve ser muito alto por lá. Você não tem medo? — Começou a tagarelar, como alguém que muito eu conhecia. 

Sorri, genuinamente. 

— Não, eu sou uma mulher muito corajosa. Não há muitas coisas pela qual eu tenho medo. Altura, certamente não é uma das minhas aversões. 

— Quando eu crescer eu vou ser uma mulher corajosa também. 

— Eu não tenho dúvidas. 

— Por que eu nunca te vi aqui antes? 

— Porque eu fico mais na minha outra casa.

— Por que você tem duas casas? 

— Ava, deixe a moça em paz, o que eu disse sobre incomodar as pessoas? 

— Ah, não — Eu sacudi a cabeça. — Ela não está incomodando. 

— Ava é a criança mais falante do universo inteiro — disse, como explicação para o motivo de sua criança se comportar exatamente como tal. Era engraçado como as reações das mães eram sempre as mesmas, a forma como seus olhos brilharam ao falar de uma de suas pessoas favoritas no mundo, isso sempre foi um carma difícil de carregar. — Ela vive puxando conversa com as pessoas em todos os lugares que vai, isso é um pouco preocupante. 

— Ela é uma garota comunicativa, será uma ótima profissional futuramente, independente de qual profissão ela escolher. Enquanto isso, mantenha os olhos atentos. Isso é algo que eu certamente faria. 

— Você também tem filhos? 

— Oh, não... eu não... saberia lidar com isso — A mulher riu do que provavelmente se tornou o nervosismo estampado em meu rosto, enquanto a garotinha apertou ainda mais o urso, constrangida em como ela se tornou a pauta da nossa conversa.A porta do elevador abriu no sexto andar. 

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