Benefício da Dúvida (+18)

Capítulo 10

MASON

Hoje na casa dos Hoth's terá um almoço com um único e importante objetivo: a visita da minha irmã Samantha. Devido ao trabalho do seu marido, Bryan Hamilton, Sam se mudou para uma grande e luxuosa fazenda em Richmond no estado norte-americano da Virgínia, onde a sede da empresa biológica dele está localizada. Bryan passava a maior parte do tempo lá, por isso, eles decidiram que deveriam se mudar. Agora, sou obrigado a comparecer nesses almoços familiares.

Dessa vez a sua visita tinha um propósito maior senão matar a saudade. Dentro de alguns dias, a minha talentosa irmã irá expor o seu trabalho pela primeira vez em uma das galerias de Chicago, cujo nome ainda não me foi revelado.

― Quem convidou a ralé? ― Ouvi a voz animada de Samantha antes que eu pudesse sair do carro e pisar em terra firme. O sorriso apareceu em meu rosto involuntariamente. Por mais que eu não a visse por três meses, sua ausência era notada e sentida por mim sempre que eu vinha aqui para visitar a minha mãe e os meus irmãos. Então mesmo se eu não tivesse sido intimado para comparecer, eu teria aparecido para vê-la por vontade própria.

Olhei para ela com o coração transbordando afeto. Seus cabelos fracamente ruivos e ondulados lhe caiam pelos ombros emoldurando seu rosto perfeito. Os olhos verdes me analisavam, enquanto seus lábios avermelhados se retorciam em um sorriso singelo.

Sam estava na varanda, sentada na cadeira de balanço que a minha mãe costumava se aconchegar para fumar. Em seu colo, estava Sophie, minha adorável sobrinha. Ela havia crescido bastante desde a última vez que a vi pessoalmente. Meu coração se apertou ainda mais. É nessas horas que eu percebo o quanto eu sou grato por ter a família maluca que eu tenho.

― Me disseram que havia uma vaca por aqui, pensei que rolaria um churrasco.

Seu sorriso se alargou ainda mais, comprimindo o meu peito. Ela se levantou e eu apressei os passos para abraça-la.

― Eu senti a sua falta ― murmurou.

Beijei a sua testa e balancei a cabeça afirmando silenciosamente que era o mesmo que eu sentia. Sam sabia disso. Ela sempre sabia de tudo.

Na infância nós éramos amigáveis. O máximo que fazíamos era esconder o brinquedo alheio, morder, puxar cabelo ou acusar um ao outro de algo que não tivesse feito. Na adolescência as coisas subiram de nível. Eu colava o cabelo dela com chiclete, ela colocava laxante no meu suco. Eu soltava ratos de laboratório em sua cama, ela entrava na minha rede social e postava fotos ridículas. Era sempre um bate e volta. Tudo o que eu fazia tinha um retorno ainda mais desagradável. Samantha sabia bem como se vingar. Na maioria do tempo ela estava planejando a minha morte. Na minoria, planejava a morte de quem me fizesse algum mal. O mesmo acontecia no reverso.

A primeira vez que um garoto quebrou o coração da Sam, eu quebrei dois dentes dele. Fiz a mesma coisa com todos os outros. Mas quando eu apanhei de um garoto maior da escola, Samantha chutou as bolas dele com bastante força. Acho que ele não conseguiu andar por uma semana e talvez nunca na vida tenha filhos. Amor de irmãos é basicamente isso. Uma hora você o ama. Outra você quer simplesmente afundar sua cabeça na privada.

A pequena criatura, que antes estava grudada em um dos seios da minha irmã, virou o seu rostinho para me encarar. Eu a peguei no colo do meu jeito desastrado, mantendo-a no ar enquanto eu a encarava de volta. Sophie tem cabelos loiros e olhos grandes esverdeados. Uma mistura dos traços de seus pais.

― Sua mãe está te dando fermento, garota?

Ela esticou o corpinho balançando a perninhas e me lançou um sorriso sem dentes. Acho que parei de respirar por um tempo. Segurei-a contra o meu peito como se eu fosse o seu escudo protetor.