ERIN
Aos poucos recobro a consciência, minha cabeça lateja como se fosse o concreto sendo demolido por uma perfuratriz barulhenta.
Lentamente, abro os olhos e encontro algumas bolas de pelo olhando para mim com curiosidade. Salto de onde quer que eu esteja, afastando-me da meia dúzia de gatos.
— Mas que merda... — Coloco a mão sobre o peito no intuito de acalmar os meus batimentos cardíacos. Os gatos permanecem imóveis como se questionassem o fato de haver um ser estranho no sofá da sala.
— Bom dia, chefe! — Rachel adentrou o cômodo com uma caneca de café fumegante em mãos, esticando-a em minha direção. — Você vai precisar disso, depois da noitada de ontem.
Empurrei a caneca para longe, olhando com mais minúcia ao nosso redor. Estávamos em um apartamento pequeno com móveis coloridos e vibrantes que criavam uma composição alegre ao ambiente. Haviam roupas e panelas espalhadas por todos os cantos, como se o morador daquele lugar fosse alguém bastante ocupado ou desordenado.
— O que diabos eu estou fazendo aqui? E, onde é exatamente aqui?
— Me diga você — ela arqueou os ombros e tomou um gole do café que eu havia recusado. Apertei os olhos com hostilidade em sua direção. — Apenas me ligaram da casa noturna para que eu fosse buscá-la, pois você havia se excedido com a bebida. Quem diria, hein chefe? Você realmente é uma fodona do tipo que mandaria todos se lascarem e arrancaria as roupas sobre um palco porque é isso o que você realmente quer fazer.
— Não banque a engraçadinha e responda a todas as minhas perguntas!
— Você estava bem louca, não é? — O sorriso impertinente se abriu em seu rosto, como de costume. — Eu também ficaria com aquela dúzia de homens gostosos tirando a roupa para mim. Uau! — Se abanou dispersa em seus próprios vislumbres, ignorando o meu sermão anterior. — Eu merecia um pouco mais daquilo.
— Rachel!
— Ah, que falta disciplina. — Colocou a caneca de café sobre a mesinha de canto e se levantou, recolhendo algumas das roupas espalhadas. — Seja bem-vinda ao meu lar — disse, se referindo ao ambiente radiante e tão condizente com a sua personalidade. — É pequeno e bagunçado, mas acho que é o suficiente para mim.
— O seu salário poderia pagar por algo melhor do que isso.
— Com certeza, mas eu tenho outros custeios como prioridade, algo de extrema importância para mim. Eu até poderia lhe contar sobre isso, mas acho que não entenderia.
— Provavelmente não. — Pela primeira vez, reparo a roupa que eu estou usando. Não é o mesmo vestido de ontem, é um pijama composto por uma calça e regata estampadas com bichinhos de pelúcia. Olhando para a aberração, rosno: — Rachel?
— Ah, sobre isso, eu posso explicar — ela falou, segurando o riso. — Eu realmente preciso comprar novos pijamas e o seu vestido precisava de uma lavanderia. — Ao perceber que eu ainda estava com a carranca fechada, continuou com a explicação desmedida: — É sério! Ele estava todo vomitado e tipo... urgh, não é algo que você usaria para dormir no meu sofá. E, antes que você pense que sou uma péssima anfitriã, o que eu acho que você já está pensando — apontou o dedo acusatório em minha direção —, eu tentei lhe oferecer a cama, mas você me mandou ir para a puta que pariu.
— Isso sim parece algo que eu faria!
— Definitivamente, você é a pior pessoa do mundo — ela gargalhou, assentindo.
— Eu não sou um meio de entretenimento para funcionários atípicos como você, Burkey, sabe que poderia ter ligado para o meu motorista ontem.
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Benefício da Dúvida (+18)
ChickLitSinopse Erin Alderton saiu de Amsterdã às pressas deixando para trás as sombras de um passado tenebroso e levando consigo um coração despedaçado. Sozinha, conquistou o seu grandioso império se tornando dona da galeria de arte mais influente de Chic...