Dica: Aperte PLAY na música quando for solicitado no meado do capítulo.
MASON
Caminhando apressado vi quando Stacey encontrou um lugar reservado para dispersar a sua mágoa e irritação relacionadas ao comportamento hostil de nosso pai. Notei as cortinas do que parecia ser uma varanda se mover com o soprar da suave brisa e freei os meus passos de repente ao notar que Erin estava logo adiante, submersa ao evento que ainda ocorria lá dentro. Suas costas desnudas eram tudo o que eu e qualquer outra pessoa poderíamos visualizar, além do fundo magnífico com uma visão iluminada do porto Navy Pier, bem como os parques da proximidade, àquela hora da noite. Essa simples combinação de imagens — luz e escuridão — onde Erin representa uma eminente escuridão, era capaz de impressionar.
Ela olhou para lado, mostrando o perfil de seu belo rosto, e eu me surpreendi ao notar que ela estava fumando. Hábito este que eu ainda desconhecia. Me aproximei devagar, tomando cuidado para que não me visse.
De onde eu estava, fui capaz de ouvir o choro dolorido de Stacey, pisei forte para ir até ela consolá-la, mas desisti da ideia quando vi que Erin havia a abordado. Não vou mentir, eu queria estar lá para a minha irmã, abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem, porém, ao mesmo tempo, queria observar qual seria a atitude senhorita Alderton em uma situação embaraçosa como aquela. Então, permaneci parado por trás cortinas, ouvindo o que elas diziam uma para outra, pronto para interceder caso alguma coisa desse errado. O pouco que eu conheci da mulher misteriosa que irrompeu o meu escritório dois meses antes, me revelavam que ela poderia ser uma pessoa tanto ou mais rude do que o meu próprio pai. E eu não desejava, de forma alguma, que as coisas piorassem para a minha doce irmã.
No entanto, a maior parte do tempo eu estava sorrindo feito um idiota, devido os conselhos diretos que Erin soltava ao vento, como se tudo fosse uma questão de lógica e praticidade. A confusão no rosto de Stacey era bastante evidente, qualquer adolescente teria problemas em enxergar soluções simples, lidando com o emaranhado de sentimentos que a situação envolvia.
― Mande-o se foder ― Erin aconselhou, e eu tive que segurar a risada que queria escapar da minha garganta. Tenho certeza de que o meu pai não ficaria muito satisfeito se alguém o mandasse se foder, principalmente um de seus filhos mais novos. Embora, talvez isso fosse tão surpreendente que o colocasse de volta com os pés no chão. A soberba poderia ser estourada como uma bexiga inflada de ar, ao menos fazia algum sentido. Além, é claro, de extravasar as emoções dos envolvidos.
Na discussão sobre o que deveria ou não ser feito, fiquei surpreso em como a senhorita Alderton fora capaz de levantar a auto estima da minha irmã e valorizá-la como eu o teria feito. Aquela mulher, feita de muralhas, era forte e não aceitaria menos do que isso de qualquer outra pessoa.
― Certo, agora saia daqui. Você já roubou muito do meu espaço particular, mais até do que eu deveria permitir ― ela disparou da sua maneira audaz, causando uma risada na jovem, antes instável, ao seu lado.
A maneira como agia, me dizia que Erin havia passado por algo em sua vida e por isso se manteve longe de qualquer laço afetivo. Não era muito difícil perceber isso entre as variações de humor, quando tentava manter as rédeas sobre as suas próprias sensações e se perdia por completo. Com isso, ela poderia ter evitado o desabafo de Stacey, ter ignorado, como eu imaginei que o faria, conquanto, ela estava ali se esforçando para ser tudo o que ela precisava naquele momento. Mesmo que da sua maneira única e incomparável. Isso era muito admirador, e a elevava a um patamar ainda mais alto sobre as minhas considerações ao seu respeito.
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Benefício da Dúvida (+18)
ChickLitSinopse Erin Alderton saiu de Amsterdã às pressas deixando para trás as sombras de um passado tenebroso e levando consigo um coração despedaçado. Sozinha, conquistou o seu grandioso império se tornando dona da galeria de arte mais influente de Chic...