Capítulo 38

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ERIN

Janssen parou a limusine em frente ao prédio e atravessou o automóvel de luxo para abrir a porta traseira para mim. Meus saltos se chocaram contra o concreto da calçada e eu caminhei até a entrada, inspirando o ar com força ao olhar o prédio de cima a baixo, sabendo o que poderia estar me esperando lá dentro.

Entrei no lobby do edifício e passei direto pela recepção dessa vez, caminhando em direção ao elevador. No meio do caminho, senti um peso se chocar contra as minhas pernas, assustando-me com o impacto.

— Você voltou! — A voz infantil soou estridente aos meus ouvidos e eu procurei por sua origem, percebendo a pequena massa corporal abraçando as minhas pernas. Era a garotinha do elevador, Ava. — Mamãe disse que voltaria, mas que não sabia dizer quando. — Ela ergueu as mãozinhas e ombrinhos para confirmar que ela realmente não tinha ideia de quando isso aconteceria.

Eu continuei imóvel por alguns instantes, sem saber o que eu deveria fazer com a sua demonstração de afeto. É surreal como as crianças são voláteis e solidificam amizades em questão de segundos. Tomando coragem e segurando o fôlego, agachei-me na medida que pudesse olhar diretamente para os seus olhos azuis, como o céu limpo em dia de verão.

— Como está a pequena Ava? — Perguntei, com um meio sorriso em meu rosto.

— Eu estou bem! Você viu como a minha barriguinha está maior? — Ela levantou o vestido florido para me mostrar. — Eu comi pizza ontem no jantar e fiquei mil vezes mais forte.

— Uau, será que isso se compara ao poder do Superman? — Apertei os olhos em sua direção, aguardando a resposta que não demorou muito a vir.

— Claro que não, bobinha, é muito mais do que isso, é como ser a Mulher-Maravilha.

Eu sorri, genuinamente. Sua apreciação à uma heroína cujo empoderamento feminino é bastante notável deixava claro que a pequena garotinha seria uma grande mulher um dia, dona de suas vontades, dona de si.

— Então, você é uma garota muito, muito, muito forte! — Falei e ela assentiu diversas vezes em concordância.

— Um dia vou te visitar lá no número dezesseis, só para eu ver como são as nuvens de pertinho.

— Elas são as coisinhas mais lindas e fofas, mas não mais do que você! — Fiz cócegas pela extensão da sua barriga e ela riu alto, gargalhando em euforia. Aquele som era tão meigo e inocente que foi capaz de secar a minha garganta, apertar o meu peito e umedecer os meus olhos.

Ao perceber que eu estava emocionada, os olhos da garota se arregalaram. Mas, ela não disse nada, apenas se jogou em meus braços. Com o impacto, eu caí sentada, sendo apertada pelos braços pequenos e magros, mas que realmente tinham uma força de ferro.

— Acho que você está com problemas! — Uma voz rouca soou das proximidades, dessa vez estava atrás de mim. Era masculina, sensual e eu conhecia bem o dono dela. Mason!

Ava desfez o abraço para observar quem estava falando e os seus olhos se voltaram para os meus com cautela. Nesse mesmo momento a mão estendida de Mason apareceu em meu campo de visão e eu ergui a minha para que ele pudesse me ajudar. Na posição em que eu me encontrava, usando saltos agulha e um vestido justo, um acidente seria a coisa mais fácil de acontecer.

Com o impulso de seu braço o meu corpo saltou até o seu peitoral rígido e eu olhei para o seu rosto pela primeira vez depois de dias. Caralho!

Mason havia cortado o cabelo, estava mais rente e levemente espetado. Os seus lindos olhos pareciam ter ganhado mais destaque em seu rosto e a barba grossa e perfeitamente simétrica deixavam-no com um aspecto mais austero e imponente. Não imaginei que isso fosse possível, mas ele parecia ainda mais intenso e feroz, deixando o meu ventre em ebulição.

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