Capítulo 31

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MASON

Bip, bip.

O carro de trás buzinou quando eu não segui em frente assim que o semáforo trocou a sua indicação. Nos últimos instantes os meus pensamentos pairaram sob a mulher que estava prestes a corromper a minha sanidade com suas atitudes imprevisíveis.

Durante toda a apresentação do projeto seus olhos estavam fixos em meu corpo ou qualquer movimento que eu fizesse, como se ela estivesse pronta para me devorar. No segundo seguinte, ela estava fugindo, uma vez que ditar as regras era algo mais importante do que sanar os seus próprios desejos. Erin era um quebra cabeça que quando pensávamos estar completo, surgiam outras peças para encaixe. Isso estava me enlouquecendo...

— Você está bem, garoto? — Tristan indagou, sentado ao meu lado no banco do passageiro. Eu estava levando-os de volta para o trabalho na esperança de que fôssemos capazes de cumprir o prazo, antes mesmo do que estava previsto.

Apenas assenti e voltei a acelerar, seguindo rumo à Construtora ArchPlan.

— Só eu que não entendi nada do comportamento dela? — Chad perguntou, livrando-nos do silêncio que se perdurou desde a descida do prédio até a nossa atual localização. — Quero dizer, ela é uma mulher que está no topo do meio artístico e, naquele momento, parecia absorta sobre quaisquer que fossem as nossas ideias.

— Talvez fosse apenas um dia ruim para a nossa cliente — Tristan respondeu, agindo de forma sábia e conciliadora. — Alguns dias podem ser melhores do que outros.

— Ah, nos poupe... você é um bom samaritano, Tristan, mas eu me senti apresentando o projeto para um fantasma, não havia interesse em seus olhos vazios. Para mim, a senhorita Alderton parecia estar presa em outra dimensão e algo me diz que há outro motivo por trás do seu comportamento.

Olhei pelo retrovisor panorâmico e encontrei olhos cheios de acusação.

— Isso são ciúmes? — Indaguei, com um sorriso em meus lábios.

— É claro que não!

— Então, o que você está querendo dizer com isso, Naomi?

— Estou apenas admitindo que a minha primeira formação é arquitetura, mas a segunda se chama curiosidade. Não foi eu que corri atrás dela como um cachorrinho, então tenho certeza de que você possui mais informações do que eu — ela quebrou a seriedade com uma risada, sendo acompanhada pelos outros.

— Essa doeu, garoto. — Tristan apertou o meu ombro, em consolo. — Mas acredito que tenha motivos para a suas objeções.

— Obrigado, Tristan, você me parece o único ser sensato dentro do carro. E isso é uma lástima. Afinal, senhorita Griffin, você nunca soube que a curiosidade matou o gato? — perguntei, advertindo-a por sua inconveniência.

— Ameaças veladas vindas de você não possuem crédito algum, chefe, você acaba de assumir ser uma pessoa insensata, caso não tenha notado. E, se algo tão normal como ser curioso matou o gato foi porque ele era um estúpido, característica que não me define.

— Indiscreta, talvez? — Arqueei a sobrancelha e ela abriu um sorriso, assentindo. Esse era certamente o lado negativo de se dar asas aos seus funcionários. — A realidade é que eu estou me mantendo na linha e tentando ser um bom profissional. Há algo a acrescentar para que isso se torne um fator sem precedentes?

— Se eu lhe dissesse, você iria rir da minha cara e negaria até o último suspiro — ela respondeu, o bom humor havia aberto espaço para um olhar mais ponderado. — Brincadeiras à parte, mas estou me referindo a sua própria integridade, física e emocional.

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