Capítulo 07

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ERIN

No momento em que eu pisei na casa noturna mais divulgada dos últimos dias, me perguntei se era certo permanecer. Eu não estava acostumada a frequentar ambientes como aquele e tal fato instigava ainda mais a minha curiosidade sobre o que poderia surtir a partir do emaranhado de pessoas que se encontravam ali. Sou péssima em interagir com naturalidade, essa função com certeza não está na minha lista de habilidades, uma vez que cresci na redoma sem envolvimentos pessoais a curto ou longo prazo. Por isso, prefiro atuar, pois o princípio básico para a atuação parte do superficial condecorado. Bastava eu fingir ser outra pessoa, mentir ou omitir sobre tudo que perguntassem e pronto, eu continuaria ilesa e não teria chances de futuros contatos.

Passei próxima a pista de dança, era grande o número de corpos que se moviam dançando e pulando ao som da batida frenética comandada por uma DJ cheia de estilo. Ela estava em um alpendre, logo à frente da multidão ensandecida. Tinha um piercing no nariz e seus cabelos eram exageradamente azuis. Devo admitir, a smurf sabia mesmo como animar a galera.

Caminhei em meio à multidão procurando o que seria o meu alvo: o dono daquela boate. Eu sabia que era muito improvável que ele estivesse disponível pelo sucesso que o seu negócio transcendia. Porém, nada me impediria de ao menos aprecia-lo por alguns instantes. Fora da pista, outras mulheres com roupas muito provocantes serviam as mesas espalhadas pelo ambiente. Freei os passos quando vi as apresentações em palcos sobrepostos nas várias áreas espalhadas do estabelecimento. Homens e mulheres dançavam separados, às vezes em conjunto, dando ao público uma margem significativa de escolha. Eu estava fascinada com tudo o que envolvia aquele lugar, levando em conta a decoração elegante e a sensualidade que exalava dele.

Decidi que seria mais vantajoso ir ao bar do que me sentar em uma das mesas Vips que se encontravam aos arredores, a maioria estava ocupada e se eu quisesse encontra-lo teria que me esforçar um pouco mais. Por isso, me infiltrei em meio à multidão de pessoas para pedir uma bebida. Havia apenas uma banqueta desocupada e eu aproveitei a oportunidade para me sentar.

Chamei pelo barman diversas vezes, todas sem retorno. Estava começando a ficar irritada com a demora e voltei a me questionar se eu não tinha passado dos limites quando decidi vir a um ambiente tão movimentado como aquele. De repente, senti um braço másculo roçar a minha pele, causando-me arrepios. A voz grave e rouca que veio em seguida despertou-me sensações ainda mais libidinosas.

― Scott, sirva a dama, é por minha conta.

Virei-me de súbito para me deparar com o homem que estava falando. E, para a minha surpresa, era justamente quem eu estava procurando. Medimos um ao outro durante um longo minuto. A primeira coisa que me chamou a atenção foi o seu braço completamente tatuado que demonstrava de imediato sua personalidade forte. Seus cabelos escuros produziam um contraste perfeito com os olhos azuis-claros. O corpo visivelmente trabalhado em músculos criava margem para todo e qualquer pensamento impróprio. Um homem cuja aparência física beirava a perfeição, se assemelhando até mesmo ao nível do último a quem tive o prazer de surpreender.

O barman passou a mão por seu torso descoberto dançando para mim enquanto preenchia um copo com o uísque que eu havia pedido minutos antes. Seu showzinho particular parecia mais um pedido desculpas. Mas, eu não podia julgá-lo, era um dia de muita correria para os funcionários. Com a bebida em mãos, voltei à atenção para o cavalheiro da noite.

― A quem devo a honra? ― perguntei, pisando no tabuleiro de mais um jogo premeditado. O sorriso sorrateiro que ele me ofereceu deixou claro que também não era fácil.

― Ty Coulter ― estendeu a mão em cumprimento e eu aceitei de bom grado. O aperto que ele deu em minha mão evidenciava que o desejo era mútuo. Satisfeita com suas intenções, bebi um gole do líquido âmbar, recusando-me a me apresentar. Nomes não eram um uma prioridade quando não existia interesses próprios de manter conexões. Notando o silêncio que se procedeu, ele decidiu continuar falando: ― Uísque? É uma escolha um tanto surpreendente para uma mulher.

Benefício da Dúvida (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora