Capítulo 33

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MASON

Passei a noite inteira acordado com receio de que Erin fugisse durante a madrugada sem a minha percepção. Ela poderia fazê-lo, certamente, da mesma forma inexplicável que havia entrado no meu apartamento sem que eu lhe oferecesse as chaves ou abrisse a porta para que ela pudesse entrar.

Os meios de ingresso ainda eram um mistério para mim, visto que perguntas sobre a sua invasão teria nos distanciado do clima palpável que vivenciamos entre essas quatro paredes de cores sutis. Não desejava perder a oportunidade de tê-la em meus braços mais uma vez. Durante as horas vagas desfrutando-me de sua presença adormecida, várias hipóteses se passaram pela minha cabeça e todas se findavam em sua preciosa habilidade de manipulação. Alguém havia sido dissuadido, mas eu não fazia ideia de quem poderia ter sido. Embora, de qualquer forma, eu sou grato a essa pessoa por colocar em minha cama a mulher cujo o meu desejo não se limita.

Deitada de lado com a silhueta marcada pelos contornos femininos posso ver a sua pele nua, coberta apenas por um fino lençol que transpassa um pouco abaixo de seu traseiro. A respiração calma balança os seus seios com suavidade e o universo é tudo o que existe fisicamente.

Enquanto os meus olhos percorriam o seu rosto ao longo das últimas sete horas, pude enxergar vulnerabilidade em cada lufada de ar que entrava e saia por sua boca entreaberta, as pálpebras estavam suaves, assim como a sua expressão impassível. Apesar de estar o tempo todo vestindo máscaras que simbolizam força e egocentrismo implacável e ainda que considere o inferno a melhor opção para os seus pecados, Erin é humana, uma criatura que se fechou para quaisquer sentimentos que pudessem a ferir ou machucar os outros a sua volta.

Por alguns instantes ontem, dentro do banheiro, pude ver o quanto ela estava preocupada para onde estávamos caminhando... não tínhamos um rumo para seguir e as incertezas a desestabilizavam. Não poderia julgá-la por isso, uma vez que estávamos passando por cima de limites rígidos impostos em nosso acordo consensual. Não deveríamos dormir juntos, não deveríamos criar laços de intimidade, não deveríamos manter encontros casuais, era apenas sexo e nada além. Porém, ali estava eu, garantindo que ela se mantivesse ao meu, logo após termos tomado banho juntos, pensando seriamente em como diabos seria tê-la um dia atrás do outro nas mesmas circunstâncias. Decerto, não há palavras para explicar a minha insanidade e tão pouco isso seria a chave para os nossos problemas. Afinal, o que eu estou pensando? Maldição!

Subitamente, os seus olhos azuis se abrem tendo como primeiro ponto de vista o meu rosto encarando-a como um maldito viciado. A serenidade de antes evapora como se nunca tivesse estado ali.

— Eu não deveria ter dormido aqui! — Erin salta da cama, desesperada para encontrar as peças de roupa ou a bolsa que havia trazido na noite anterior, ambas quais eu fiz questão de esconder.

— Mas você dormiu... e eu adorei te ver roncar a noite inteira.

— Eu não ronco! — Ela me fuzilou com o olhar. — Onde estão as minhas roupas?

— Hei, mantenha a calma — levantei-me da cama e segurei em seus ombros, fazendo-a me encarar. — Você vai acabar tendo um ataque fulminante ou algo do tipo.

— Inferno, Mason! — Ela passou a mão por entre os seus cabelos. — Eu disse que esse acordo era uma péssima ideia.

— Eu disse que era a pior de todas.

— O que estamos fazendo? — Ela perguntou, seus ombros caindo em derrota.

— Honestamente? — Ergui o seu queixo, mantendo contato visual. — Eu não sei, mas quero continuar com o que estamos fazendo.

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