ERIN
Eu acordei aquela manhã com barulhos repetitivos vindos do galpão. Eu reconhecia muito bem aquele som, ele marcava a hora de acordar como um despertador programado. Apressada, chutei as cobertas e saltei da cama disposta a vestir a primeira roupa de treino que eu encontrasse. Assim eu o fiz, e como de costume desci as escadas de metal com os pés descalços.
O cheiro de óleo e tinta inundaram as minhas narinas quase de imediato, me levando até a maior intensidade do ruído. Um pouco além, vislumbrei o meu pai e três de seus funcionários que eu já conhecia, Harrie e Coen estavam lutando na pequena arena. Ambrosius usava o saco de pancadas para sustentar ainda mais os músculos exagerados de seus bíceps. Mas, o que me chamou a atenção foi o quarto homem sentado ao lado de meu pai. Este, eu não conhecia.
— Olha aí, minha tulipa despertou como a manhã de verão, formosa e cheia de espírito — ele se levantou e abriu os braços esperando-me com seu gesto acolhedor.
— Bom dia papai — respondi com um sorriso e o abracei. Seus braços me envolveram ao mesmo tempo em que eu olhei para o desconhecido. Para a minha surpresa, ele estava me encarando. Talvez mais do que deveria.
— Filha... — desfez o abraço, apontando para o sujeito — deixa-me lhe apresentar o mais novo integrante de nossa empresa, Rudie Utrecht.
— É um prazer conhecê-la... garota — ele disse de maneira aveludada. Sua mão direita se estendeu em minha frente, e eu a apertei. Sua pele era ríspida, mas ainda assim convidativa. Um sorriso sorrateiro desenhou os seus lábios. Ele era bonito, muito bonito.
— Igualmente, senhor Utrecht.
— Por favor, retire o senhor, assim eu me sentiria muito velho — seu sorriso se engrandeceu.
— Minha filha é um talento nato. Esses marmanjos pedem socorro quando ela sobe ao ringue. É uma diversão e tanto.
— Não me diga? — Rudie respondeu, sem desviar os olhos de mim. — Isso é muito interessante! Eu adoraria testar sua afirmação. Claro, se me der a honra.
— Eu não poderia ficar mais satisfeita em acabar com você — respondi, convicta com o resultado de seu desafio. Ele gargalhou, segurando sua barriga supostamente definida.
— Eu disse. — Meu pai arqueou a sobrancelha, divertindo-se com a situação. — Ela é uma garota feroz.
— Tenho percebido isso.
— Vocês — apontou para os homens na arena. — Saiam daí, estou disposto a assistir um show de verdade.
Coen e Harrie obedeceram de imediato, prontificando-se para assistir ao que chamariam de espetáculo. Até Ambrosius, com todo sua enormidade e olhar turrão abriu um sorriso imperceptível e parou o que estava fazendo para assistir.
Subi ao ringue, enrolando faixas em minhas mãos, enquanto esperava que o meu adversário estivesse pronto. Rudie retirou os tênis e a camisa, ficando apenas com um calça jeans surrada. E... Uau, o seu torso desnudo seria uma distração e tanto. Algo a se lidar com cautela.
— Espero que o seu pai esteja certo sobre sua aptidão, garota, pois eu não pretendo pegar leve — entrou no ringue, também enrolando faixas em suas mãos.
— Se fizesse isso, certamente sairia daqui morto.
— Veremos! — ele entortou o pescoço, com o sorriso libidinoso ainda fixado em seu rosto. — Pode vir — chamou-me com o dedo indicador.
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Benefício da Dúvida (+18)
Chick-LitSinopse Erin Alderton saiu de Amsterdã às pressas deixando para trás as sombras de um passado tenebroso e levando consigo um coração despedaçado. Sozinha, conquistou o seu grandioso império se tornando dona da galeria de arte mais influente de Chic...