Capítulo 23

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MASON

Naquela noite, em especial, o desejo iminente de chamar a atenção se sobressaia enquanto eu ajeitava a gravata em frente ao espelho, tendo em vista a realização das minhas intenções: eu estava mais gostoso do que o habitual. Havia escolhido um terno azul marinho para usar sobre a camisa branca e uma gravata com o mesmo tom do terno. O meu cabelo estava preso em um coque samurai, e a minha barba estava espessa, mas totalmente simétrica. A combinação dos elementos parecia perfeita para a ocasião de grande importância: a exposição da minha querida irmã.

Pronto para surpreender novamente a senhorita Alderton, peguei a chave do carro sob a mesinha de centro da sala e segui em direção à saída. Em poucos minutos estava dentro de Miranda — a única dos últimos dias —, dando partida rumo à Hiarts Galery, perdido em meus próprios pensamentos.

Existem mulheres que fazem de tudo para conquistar atenção, e existe Erin, que o faz sem qualquer esforço e vontade própria. Nunca estive em batalha com uma mulher como eu estava com aquela. O nosso orgulho aferia um tipo de competição onde ganhava quem tivesse o pau maior. Ela nem tinha um para competir. Mas, jogar sujo era a sua especialidade.

A enormidade da soberba por me destacar nesse embate libidinoso me faz parecer um maldito manipulador. No entanto, ela havia começado, eu apenas estava dando corda ao seu entretenimento, que muito embora, acabou se tornando o meu também. Encontrar a senhorita Alderton era sempre uma novidade, uma excitação colossal que corria da unha do dedão aos meus fios loiros saindo do couro cabeludo, pulsando sempre em um ponto central — se é que me entendem. Todavia, o destino também pode ser traiçoeiro ao nos pregar peças como a coincidência no Grant Park. Erin não havia se preparado para aquilo, e ali, naquele momento, pude finalmente enxergar um pouco além do que ela se permitiria desvendar. Não havia um jogo premeditado, não havia uma encenação pronta. E ela simplesmente se mostrou mais encantadora do que eu poderia ter imaginado.

Meu consciente diz-me que há uma batalha árdua em campo onde a razão perde para o tesão em milhas de desvantagem. Afinal, o meu pau pode se tornar uma espada grande e dura como uma rocha, um vencedor nato. Enquanto o meu cérebro é apenas um conjunto de minhocas, que nada pode fazer em contrapartida, uma vez que a minha cabeça de baixo soa sempre mais convincente.

Cheguei ao meu destino final, entrando ao estacionamento privativo da galeria. Dessa vez, reconheci que eu não havia sido o primeiro a chegar. O carro dela estava lá, na vaga que eu suponho ser reservada especialmente para si. Não havia espaço para estacionar ao lado, mas o fiz o mais próximo que pude, caso a sacanagem no estacionamento pudesse se repetir a dose. Oh, merda, isso seria realmente delicioso. Uma vibração sentida em um ponto mais baixo, me confirma a veracidade do meu raciocínio.

Desço do carro e caminho com confiança em direção ao elevador principal, poucos minutos mais tarde saio no solo do evento, já bastante movimentado. Meu coração se comprimi de orgulho ao notar o sucesso imediato de Samantha. Não poderia ser diferente. Suas fotografias retratais eram lindas, e expressavam sentimentos conflitantes entre ser, existir e coexistir. Uma bela composição da vida em seus momentos oscilantes, ora melancólicos.

Em meio ao grande número de clientes afoitos pela exposição, vislumbro Deus e o Diabo trocando condolências. Nesse contexto, Deus era a minha irmã, vestindo um belo vestido azul celeste com um sorriso estridente em seu rosto. Enquanto o Diabo veste um elegante vestido preto, com uma seriedade e uma frieza calculável. Maldita seja essa mulher e o seu gosto sombrio, que é capaz de torná-la ainda mais desejável.

Sigo em sua direção, portando as mãos em meus bolsos. Embora tentasse ser casual, era nítido o falsário. Acho que estou ficando realmente expert nesse jogo.

Benefício da Dúvida (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora