Capítulo 43

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MASON

Quando acordo na manhã seguinte, percebo que Erin ainda está dormindo ao meu lado; o lençol cobre apenas as suas nádegas, deixando as suas costas e pernas desnudas. A expressão serena atenua ainda mais os traços do seu rosto, possibilitando que eu veja a melhor versão de Erin, já que ela ainda se parece com a mulher otimista e receptiva de ontem à noite, mesmo que isso não seja do seu domínio nesse exato instante.

Não seria a primeira vez se ela se entregasse de corpo e alma, para depois simplesmente vestir alguma das máscaras que estava acostumada a usar.

Isso soa ridículo, mas não consigo parar de pensar na possibilidade de algum dia sentir menos medo dela se cansar do que estamos fazendo e decidir ir embora, ainda que eu tenha percebido que esse receio venha se tornando ainda mais impetuoso com o tempo que estamos passando juntos.

Talvez ela nunca admita isso, mas existe algum temperamento doce escondido dentro de si, uma vez que ela irá sorrir para as minhas piadas mais idiotas. Ela quase sempre saberá o que lhe responder, ou quando não souber, lhe dirá em silêncio aquilo que se passa por sua cabeça. São poucos momentos em que eu posso decifrá-la, mas este com certeza é um deles. Ela até pode demonstrar afeto nas medidas que considerar aceitável para si mesma, oferecendo-lhe um passo de cada vez. Era isso que estávamos fazendo, aprendendo a andar e seguir em frente. Por isso, eu torcia demasiadamente para que fôssemos espertos o bastante para nos mantermos de pé porque, puta merda, a minha vida pareceria monótona sem ela, como já foi algum dia, mas ainda pior.

Como ainda era cedo e eu não queria perturbar o seu sono, eu procurei por minhas roupas pelo quarto, disposto a descer até a cozinha para lhe preparar o café da manhã. Porém, eu não estava encontrando minhas vestimentas em lugar algum, nem mesmo sobre a poltrona de canto.

Fui ao banheiro, onde fiz minha higiene matinal e tomei um banho, antes de dar continuidade à minha busca, mas não havia nada por ali. Abri todas as gavetas do seu closet, até as que haviam as roupas íntimas, torcendo mentalmente para que ela usasse todas comigo, pois eram peças tão sensuais e requintadas quanto as que ela já havia usado.

Decidi procurar nas gavetas da cabeceira da cama, o único lugar que eu não havia procurado antes, mas o que eu encontrei não estava nos meus planos: uma foto de Erin ao lado de outro homem. 

Na imagem, eles estavam olhando em direção para a câmera fotográfica com um sorriso largo e feliz. Erin estava diferente, tinha os cabelos loiros tingidos e levando isso em conta, já deviam ter se passado anos desde que aquela foto havia sido tirada.

Atrás do papel fotográfico, um tanto amassado, havia algo escrito com uma letra cursiva rústica, desajeitada, geralmente típico de descuido masculino:

"O meu coração pertence a uma única garota." OR

Mesmo que aquilo representasse apenas uma lembrança do seu passado, senti o meu coração se comprimir por saber que eu não era o único a ter levado as coisas adiante com ela. Erin havia amado aquele homem com todo o seu coração e algo saiu tão errado quanto para mim e Jordan, eu só não sabia dizer o quê, pois, tantas coisas se passavam por minha cabeça, deixando-me confuso. 

Talvez ele não tivesse a amado o suficiente, talvez tivesse sido hostil com ela ou talvez tenha sido capaz de agredi-la fisicamente. Só de pensar sobre isso, o meu sangue ferve e eu jogo a foto de volta na gaveta. O que quer que tivesse acontecido entre eles, era nítido que isso a machucou profundamente. Erin tinha medo de manter relacionamentos por algum motivo que aquele cara havia lhe dado. E apesar de esperar o seu tempo, ter dito que tudo bem eu não saber sobre o seu passado, eu me pegava perguntando sobre isso algumas vezes. No entanto, isso era algo que não poderia entrar na minha lista de prioridades, agora, se eu não quisesse perder Erin de vez.

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