ERIN
A corda bate no chão cada vez mais rápido e causa estalos no piso sempre que isso acontece, estou suada e o meu coração pulsa acelerado conforme o ritmo extenuante.
Exercícios físicos como esses funcionam para mim como uma válvula de escape, pois enquanto perco calorias pulando, condiciono e tonifico o meu corpo, assim como desembaralho os meus pensamentos.
Os olhos decepcionados de Mason não saem da minha mente. Ele podia ter dito que compreendia, mas seu rosto me dizia o contrário de suas palavras vagas. Mason desejava continuar com aquilo que tínhamos e eu também ansiava por isso, porém, igualmente, ele aspirava ir além de onde havíamos chegado e ultrapassar os limites não era algo que devíamos fazer, para o bem-estar de ambos.
Desde que cheguei a Chicago nunca tive envolvimentos que fosse além do sexual. Eu sabia que para isso haveriam perguntas sobre o meu passado, sabia que eu deveria trocar confidências, gerar confiança, ser honesta sobre o que eu sou e as decisões que tomei nessa vida. Entretanto, pensar sobre isso me gera pânico, covardia.
Afoita com os meus próprios pensamentos, tropeço na corda, encerrando a série antes que concluísse a meta designada pelo meu treinador pessoal. O mesmo está me examinando com os seus olhos atentos e sua postura tensa. Seus braços se cruzam à medida que eu jogo a corda para o lado e me sento no chão.
— Esse é o melhor que você pode fazer? — Adam pergunta, indiferente ao meu esforço. Não importa o quão eu esteja indo bem, ele nunca irá admitir. — Algo está martelando a sua cabeça hoje...
— Ah, é? — Ergui uma sobrancelha para ele, antes de enrolar a palma da mão com uma faixa preta. — O que fez você alcançar a mísera conclusão?
— Você está distraída e não sendo a mulher pretenciosa de sempre. Não tentou me seduzir hoje, não me demitiu e não está sendo ranzinza. Eu deveria estar preocupado com isso? — Indagou, enquanto me observava com o cenho franzido.
— Céus, você quer opções? — Deito sobre o piso emborrachado, olhando para o teto. — Não seja por isso, me fode agora ou está demitido!
— Você é uma péssima mentirosa.
— Não, eu não sou.
— A Erin Alderton que eu conheço não agiria dessa forma.
— Você não conhece nenhuma Erin — respondi, frustrada. — Pare de se convencer do contrário ou terá que lidar com o desgosto da realidade.
— Eu a conheço mais do que você imagina
— Então, isso é sobre a forma como eu poderia lhe seduzir?
— O começo, talvez.
— Como eu o faria?
— Você me lançaria um olhar semicerrado, sedutor, me diria coisas sórdidas com a sua entonação autoritária e arrogante, não estaria olhando para o teto e tampouco me diria algo que não deseja. O que está acontecendo?
— Uau, você é um puta vidente, Rainsford...
— Digamos que eu possa ser algo semelhante a isso.
— Então, você irá adivinhar sozinho, de qualquer forma.
Adam retirou um sanduíche dividido em duas partes de sua mochila; ofereceu-me a metade enquanto sentava ao meu lado. Pelas condições de exaustão e pelo protesto desvairado do meu estômago, acabei aceitando a sua oferta. O cheiro estava ótimo, assim como a sua aparência.
— Certamente, mas eu gostaria que você me contasse — mordeu um pedaço do seu sanduíche, olhando para um ponto além do visual. — Acredite ou não, posso ser o seu alicerce quando as coisas piorarem.
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Benefício da Dúvida (+18)
Literatura FemininaSinopse Erin Alderton saiu de Amsterdã às pressas deixando para trás as sombras de um passado tenebroso e levando consigo um coração despedaçado. Sozinha, conquistou o seu grandioso império se tornando dona da galeria de arte mais influente de Chic...