CAPÍTULO 5

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Os raios solares se espremiam entre a persiana para adentrar o apartamento do Detetive.

RODRIGO

Eu peguei no sono ainda no sofá.

Uma música, um ritmo, um toque... algo longe ressonava um barulho irritante. Apertei os ouvidos com as almofadas sem me dar o trabalho de abrir os olhos. Pretendia ignorar o alarme do celular. Mas este estava muito insistente.

Quando forcei abrir os olhos, a claridade invadiu minhas íris. Me sentei com muita dificuldade, já me arrependia de ter bebido uma garrafa e meia de vodka com suco de limão de saquinho.

Apalpei os bolsos em busca do celular, mas foi uma tentativa frustrada. Praguejei alto quando percebi que este estava no banheiro. Embora não soubesse como foi para lá.

Levantei e tonteei, me segurei na parede e andei. Estava disposto a jogar o meu celular na privada e urinar em cima do aparelho apenas para uma satisfação pessoal, afinal... este celular me fez levantar com o nascer do sol.

Mas o meu plano maligno foi por água a baixo quando eu li no visor que não era o despertador mas sim uma chamada.

Uma chamada que eu não podia negar.

CHAMADA

CAPITÃO SOARES FEIJOR, PAULO

Procurando ajeitar a minha voz para soar o mais saudável possível, atendi com um sorriso na boca.

- Bom dia Capitão. A que devo a honra de ouvir a sua voz tão cedo?

Ouvi uma risada debochada do outro lado da linha

- Bom dia Gonçalves. Para o seu governo e melhor entendimento, são 9 horas. Não é tão cedo ?

Revirei os olhos. Abri a torneira e joguei água no rosto, colocando o celular no viva-voz.

- Pode ser! Bem, o que deseja? Estou muito ocupado e tenho vários compromissos para hoje.

Na verdade eu não tinha nenhum compromisso, o único cliente do dia havia desmarcado pois decidiu que não quer saber se a mulher o trai ou não. Dei muita risada internamente.

_ Vou ser direto Gonçalves, preciso que você venha agora no escritório da minha esposa, POTTIER ADVOCACIA CRIMINAL. Tenho um trabalho especial para você.

Eu já estava urinando e pensando no assunto. Não estava a fim de sair de casa tão cedo, mas também precisava de uma grana. O aluguel já tinha vencido e pelo visto contratar uma diarista para faxinar o meu apartamento, seria o caminho ideal. Além do mais, não podia recusar nada que o homem que salvou a minha vida pedisse.

- Rodrigo, está ?
- Sim.

Respondi prontamente.

- Estamos te esperando.

Antes de qualquer despedida ou resposta, Paulo desligou o telefone.

Eu tomei uma ducha rápida, conhecia de vista e sabia que era um dos maiores escritórios do Rio de Janeiro bem como tinha conhecimento que ali eu precisava ir bem apresentável.

Em pouco tempo estava vestido com meu terno preto com uma gravata azul. Esqueci de fazer a barba, mas como ainda estava rala não achei que seria problema. Escovei os dentes, caprichei no perfume e desci pela escada.

- Rodrigo, precisamos conversar. O aluguel está...

Seu Antônio, um velhinho de setenta anos, gritava da sua porta quando me viu passar. Como não tinha o dinheiro, resolvi ignora-lo, continuei descendo a escada, já que novamente o elevador estava em manutenção. Ele sabia que eu estava fazendo de propósito, então continuou gritando o meu nome e jurando que eu o pagaria.

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