CAPÍTULO 62

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CAPÍTULO PERTURBADOR PARA PESSOAS SENSÍVEIS

CUIDADO

obs: Leiam antes o capítulo 60 e 61.

RODRIGO

Figueiredo apertou o meu ombro em sinal de firmeza. Não sei dizer quanto tempo ficamos ali parados, olhando para aquele campo cheio de corpos infantis. Mas logo que despertamos, decidimos continuar a caminhada. Contornamos aquele local, em respeito, e adentramos novamente na mata densa. O mapa indicava que a poucos metros havia um local que ele chamava de "local seguro".

Afastado da cidade, realmente era um território que o que acontecesse ninguém saberia. Não havia vizinhos ao redor, onde a civilização ficava a alguns poucos, mas notáveis, quilômetros de distância.

_ Matias me ligou, eu disse que você descobriu quem é A Nota. Passei o endereço e ele está a caminho. Eu nem tive tempo de reunir os meus investigadores, apenas entrei no carro e dirigi como um louco. Hoje esse pesadelo termina. – Disse Figueiredo em um só fôlego. E após o seu comentário, começou a ligar para os policiais dirigirem até onde estávamos.

Seu olhar temeroso e ao mesmo tempo extasiado em finalizar o caso que mais marcou a sua vida, era transparente.

Pouco tempo andando, chegamos a uma pequena cabana. Iluminamos ao redor, explorando o território antes de adentrar. Parecendo estar mesmo abandonado, entramos na varanda e arrombamos a porta com pouca dificuldade, já que a madeira parecia apodrecida. O mapa do caderninho terminava ali, no final A Nota escreveu: "Espalhe a minha obra para todos os cantos do mundo, diga que fui eu que criei a Nona Sinfonia Moderna, minha missão está concluída".

Li alto para Figueiredo ouvir. Ele abaixou a cabeça e apertou os olhos. Aquela noite era a pior das nossas vidas, mas infelizmente estava muito longe de terminar.

Iluminamos a pequena cabana, acendendo velas que foram deixadas ali, talvez de propósito. Não havia muita informação, apenas um pequeno espaço com um colchão mofado no chão. Um armário de arquivos com uma única e profunda gaveta e uma mesa com cadeira. Bati a mão no acento da cadeira e uma nuvem de poeira saiu. Arrumado em uma prateleira na parede, um palmo acima da mesa, havia vários diários. Peguei um ao acaso, um que estava no meio da prateleira. Era pequeno e de capa negra como os demais pareciam ser. Havia uma nota musical pintada de branco na capa e o ano 1996. Ao abrir, me deparei escrito na contracapa: Fernanda Maria Souza.

Folheei o caderno e vi que se tratava de todas as vítimas feitas naquele ano. Mostrei o caderno para o Figueiredo.

_ Olha, eu não tenho estrutura psicológica para ler! – Confessou ele.

Eu o entendia perfeitamente, lendo apenas o plano de como mataria as crianças, o "motivo" e o "local seguro", já estava completamente perturbado.

Ouvi Figueiredo puxar a gaveta do armário de alumínio. Ela rangeu em resposta. Ele direcionou a lanterna para dentro e disse: _ Parecem gravadores.

Ele pegou um e apertou o play.

_ A pilha descarregou. Vou testar outro.

Enquanto ele apertava cada gravador que fisgava, eu peguei mais diários e vi os anos gravados na capa.

Em dado momento, Figueiredo bufou: _ Obviamente todos estão com a pilha descarregada. Faz anos que os coitados vivem nessa gaveta escura no meio do nada. Sabe Gonçalves, acho que devemos...

Sua voz morreu ali. Olhei para trás e o encarei, tentando achar alguma pista do que havia o paralisado. Sua mão rechonchuda, segurava um gravador preto com o número 80 escrito de branco.

Eu puxei o último diário, aquele que estava escrito o ano de 2000. Li o nome em alto som, quase como um grito de desespero: Luna Marques Pottier.

Naquele momento, sendo o único com o que restava de pilha, ganhando vida, Figueiredo apertou o botão play. Durante um minuto ouvimos ela, a pequena filha dos Pottier.

Eu li o último parágrafo daquele diário: "... Luna, um incrível anjo que finalizou a minha mais perfeita obra. Coloquei o minuto final da minha sinfonia, a sua doce voz a cantar. Saiba que de todas eu nunca esquecerei, mas algumas foram mais marcantes. Destaco você, minha criança. Obrigado...

Não consegui mais ler, enquanto ele achava que Luna cantava, o que ouvíamos do gravador eram gritos histéricos de um bebê que chamava pela mãe.

Figueiredo caiu no chão e se encolheu. Aquele forte homem abraçou a pernas enquanto chorava.

_ Eu não consegui! Eu falhei com todas elas. Oitenta meninas indefesas, todas morreram. – Figueiredo dizia entre soluços altos.

Um tempo passou, em profundo silencio ficamos enquanto nossas emoções eram transparecidas. Mas algo me alertou, olhando para o diário de Luna, vi que havia uma última folha quase que pregada na capa final. Abri e li seu conteúdo, sem acreditar no que mais aguardava.

**

Olá meus queridos, como tivemos três capítulos fortes de uma só vez, decidi guardar o capítulo 63 para depois que digerirmos tantas informações.

Gostaria de saber a opinião de vocês sobre a história, se puderem comentar ou mandar no meu privado, como uma forma de medir o que estou escrevendo, eu agradeço muito.

Obrigada por todo apoio.

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