CAPÍTULO 71 - FIM

247 55 26
                                    

Por favor, antes de iniciar esse capítulo, leia o prólogo novamente. Garanto que a experiência desse final será marcante!

HENRIQUE

Caminhei até o espelho e me dei por satisfeito, talvez uma última ajeitada no cabelo ou alinhada na gravata. Olhei as marcas evidenciadas no meu rosto, maltratado pela dor e pelo tempo. Contornando olhos que por anos não tinha vida, mas que agora eram agraciados com o brilho de uma genuína felicidade. Sorri em resposta ao meu próprio reflexo, dando por encerrada toda a produção da noite.

Olhei no relógio de pulso e vi que já passava das nove da noite, precisava apressar Amanda. Sai do meu quarto e entrei no estreito corredor, olhei na porta ao lado do meu e vi Raquel tentar colocar um colar. Entrei no quarto e coloquei seu pesado cabelo negro no canto do ombro.

_ Eu te ajudo. - Ela sorriu em resposta e me entregou o colar que Amanda lhe presenteou. Eu coloquei no seu pescoço com suavidade, enquanto ela encarava o seu rosto marcado pela violência, diante do seu reflexo.

_ Não sou mais como antes. - Afirmou, talvez mais para si do que para mim.

_ Você é mais bela do que antes Raquel. - Eu beijei o topo do seu cabelo.

Sua face era marcada, mas a maior marca foi em sua própria personalidade. A mulher gananciosa e que possuía uma série de defeitos, foi colocada de lado. No seu lugar, minha filha havia se transformado em alguém que guerreava constantemente contra seus próprios fantasmas. Alguém que se arrependia do seu passado e que lutava a todo custo para ter o futuro que sempre sonhou. Eu estava disposto a dar esse futuro para ela. Antes não passava de uma desconhecida. Uma moça que eu contratei para mentir por mim. Porém, ela ganhou espaço no meu coração, por amar as pessoas que eu amo. Por respeitá-las e estar disposta a entregar a sua vida para o bem da nossa família. Ela tornou-se a minha verdadeira filha.

_ Vou ver se Amanda já está pronta. - Disse me despedindo: - Te encontro no salão.

_ Ela está no quarto da Luna. - Raquel me informou.

Eu saí do seu quarto, fechando a porta atrás de mim. Um nó formando na minha garganta à medida que a porta do quarto da Luna se aproximava. Era como voltar no passado, algo que eu sempre sonhei. Era como ser transportado para os melhores dias da minha vida, quando Luna ainda estava viva.

Senti as minhas mãos tremerem e me forcei a girar a maçaneta, ouvindo graciosamente a canção que Luna tanto amava e que agora era a preferida da minha neta.

Amanda dançava com a criança em seus braços, bailando a menina como se fosse um bebê. Agarrada a ela... os cabelos amarelos da Natália balançavam suavemente com o ritmo. Respirei fundo, era muito fácil confundir o tempo que eu vivia. Era muito simples, cômodo e até mesmo feliz, olhar aquela cena e fantasiar que a Luna estava ali, nos braços da mãe. Mas a realidade é que ela nunca mais esteve... que ela nunca mais estará.

_ Ela pediu para dançar comigo. - Disse Amanda, colocando Natália na cama. A pequena sorria em resposta.

_ Eu amo "dança". - Natália bocejou e começou a coçar os olhinhos.

_ Hoje foi um dia agitado, pode dormir princesinha. Amanhã cedo a sua mãe e o Rodrigo te levarão para casa. Seu quarto já está pronto no novo apartamento. - Amanda cobriu Natália que estava alegre com as novidades.

_ Canta aquela "muquiquinha" pra dormir? - Pediu a pequena.

Amanda se sentou na beirada da sua caminha. E começou a canção, enquanto Natália dormia.

Eu fui até a porta do quarto e esperei Amanda ali, parado. Apenas ouvindo a canção e sentindo o meu coração bater cada vez mais rápido, desconcertado pelas recordações.

A Canção Perdida ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora