CAPÍTULO 43

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RAQUEL

- Raquel, levante-se, já passaram das 10 da manhã, assim você irá perder o almoço.

Afundei meu rosto no travesseiro depois que a janela foi aberta e o sol começou a queimar a minha retina.

- Desde quando a senhora acorda cedo? - Protestei com a voz abafada pelo travesseiro.

- Não acordo. - Amanda me respondeu enquanto tirava o cobertor de cima de mim. - Mas seu pai tem agido muito estranho, por isso preciso falar com você.

A última frase, fez minha mente ficar alerta imediatamente. Alguma coisa estava errada, mas não conseguia me lembrar agora. Ainda estava confusa e com muita ressaca.

- Como assim, mãe? - Levantei tampando os olhos. Já havia um copo com água e um remédio no criado-mudo me esperando. ­- O que ele fez?

- Meu Deus, você está acabada... - Ela falava por de trás de mim enquanto eu tomava o remédio, minha cabeça parecia um tambor cheio de água. - Eu falei para você não exagerar na bebida ontem.

- Tá bom, Amanda - Falei zangada. - O que o Henrique fez pra você me perturbar logo cedo?

- Ei, tenha respeito mocinha. - Ela disse, tentando impor respeito, mas ao invés de fazer uma cara brava, como pais normais faziam, ela fazia cara de sofrimento. Droga! Não posso me estressar com essa mulher. Se ela ficar depressiva de novo...

- Me desculpa, mãezinha - Eu disse forçando um sorriso. - Eu só estou com uma ressaca forte. Por favor, me diga o que aconteceu como o papai?

Ela fez uma expressão de nojo e se levantou rapidamente. Na mesma dei uma baforada para sentir meu hálito, precisava escovar os dentes urgentemente.

­- Oh céus, Raquel. Você tem que maneirar, houve uma situação muito constrangedora ontem com a Danielle o Pa.... Ei... Fica aí mesmo, depois você escova essa boca de lobo, já enrolei demais, preciso desabafar.

Parei e fiquei observando a mulher perambulando de um lado para o outro. Estava com o coração gelado, não me lembrava que situação constrangedora havia acontecido, estava com medo de ter estragado tudo.

- Você até podia ter bebido, mas levar o Paulo junto... Céus, ainda bem que a Danielle estava de muito bom humor, mas ainda assim ela não gostou nadinha do Paulo perto de você. Eu falei para ela que você é direita e que foi criada em um lar católico, mas com aquele vestidinho que você foi e o tanto que você bebeu fica difícil. - Ela tagarelava ainda andando de um lado para o outro. Parecia que aquelas olheiras feias que ela tinha, estavam acabando, até que ela não era tão bruxa como eu havia imaginado.

- Acredita que a Danielle ficou surpresa com sua história? Ela disse que você teve muito sorte de ter tido a criação que teve, que era quase como um conto de fadas. Eu falei para ela que a única sorte que importava era você estar viva. Quando a Helena foi embora...

Gemi só de ouvir aquele nome. Helena. A queridinha da Amanda, desde o dia que eu botei os olhos naquela piriguete eu saquei qual é a dela. Levou um pé na bunda do dono morro, deve ter colocado um chifre nele, com certeza. E saiu por aí tentando crescer a custas dos outros.

Se tinha algo que eu podia admirar nela, era a sorte. Eu fui escolhida para ser a Luna. Dei o meu melhor e cheguei ali, merecidamente. Ela foi escolhida ao acaso, simplesmente porque a Amanda era emotiva demais e não sabia separar as coisas.

Quando o Henrique fez o laudo falso eu estava pronta para arquitetar meu plano mestre, dar um pé na bunda dessa bruxa e me tornar a verdadeira Pottier.

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