CAPÍTULO 6

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RODRIGO

Cerca de 20 minutos depois, cheguei no prédio de advocacia POTTIER ADVOCACIA CRIMINAL.

Era um prédio extremamente alto e espelhado. Nunca havia entrado, mas sabia que os advogados eram: a esposa do meu amigo Paulo e o ex marido dela. Sócios igualitários.

Caminhei até a recepção, muito moderna e com um enorme espelho cobrindo a parede por completo.

- Rodrigo Gonçalves, vim falar com o Capitão Paulo Feijor Soares.

Uma secretária muito loira e com olhos negros, de uma estatura alta e corpo de modelo, abriu um largo sorriso ao me responder:

- Sim, senhor Rodrigo. Pegue o elevador a sua direita e vá até o vigésimo primeiro andar.

Devolvi o sorriso com simpatia. Percebi que o olhar da loira me perseguiu até o elevador. Apertei o botão de subir e encarei a linda loira novamente:

- Como eu sou sem educação. Nem perguntei o seu nome.

A loira alargou ainda mais sorriso com os dentes perfeitos.

-Fernanda, prazer em conhecê-lo.

Ela deu uma brecha e eu sabia disso.

Poucos minutos depois estava saindo do elevador, já no 21º andar e com o número da garota anotado em meu celular. Bem como o horário que ela sairia do trabalho e a promessa de tomar uma cerveja no bar ao lado.

Ela disse ter namorado, mas eu garanti que seria apenas algumas cervejas e um papo amigável.

Saindo do elevador, vi um largo corredor com um vaso de planta central extremamente alta. A minha imaginação não me traiu, pois era exatamente como eu havia pensado.

Móveis em couro negro, salas com as paredes de vidro. Vários homens e mulheres vestidos formalmente andando para um lado e para o outro. Telefone tocando e sendo atendido com vozes doces. Cada canto limpo e com muito perfume, chega a ser o oposto do meu apartamento.

A única coisa que parecia não combinar com o ambiente formal eram quadros alinhados com pinturas estranhas mas muito chamativa e colorida.

Aquilo me indagou, aproximei para ler o nome do pintor, reconheci sendo o enteado de Paulo, Guilherme Pottier.

- Maia?

Girei o corpo para encarar a figura ao meu lado, um homem alto e negro, com um olhar doce e uma voz calma.

- Paulo.

Estendi a mão para o amigo. Paulo sem formalidade, me puxou para um abraço.

Eu tinha muitos amigos, mas depois que minha vida começou a desandar, apenas dois restaram, e Paulo era um deles.

- Vamos Rodrigo, eles estão esperando.

Antes de conseguir indagar quem são "eles" fui levado até a maior sala do escritório de advocacia. A decoração permanecia igual o restante das salas, mas duas pessoas chamaram a minha atenção.

Uma mulher alta, de cabelos loiros com o corte curto e muito sensual, estava sentada em uma poltrona. Abriu o sorriso quando me viu, a reconheci ser a esposa de Paulo, Danielle.

No canto havia um homem de meia idade, com o semblante cansado e muito triste.

- Senta Rodrigo, vou servir um café e água e vamos começar a nossa reunião - Disse Paulo mais sério.

Os próximos 20 minutos foram ouvindo a proposta das três pessoas que queriam me contratar. Ouvi cada palavra, já mentalizando como seria a minha ação com aquele caso.

- Ok, eu pego o caso. Mas é muito difícil não vou negar. Deixa eu repassar... - Me ajeitei na poltrona e fixei o olhar nas minhas anotações em um pequeno bloco. - Vocês querem que eu ache uma garota de 21 anos, com cabelos negros, pele branca e olhos castanhos. Para se passar por sua filha que foi sequestrada a 19 anos atrás. OK, até aqui eu entendi. Mas e o teste de DNA?

Henrique respondeu de prontidão, com a voz muito cansada.

- Estou disposto a forjar um exame para ter a minha esposa feliz e saudável de volta. Não vou medir esforços. Ache a garota. Cobre o preço que desejar.

Concordei com todos os termos. Se eu pudesse fazer algo para ter Bianca de volta, eu faria, até mesmo uma mentira como essa. Sabia exatamente onde encontrar a tal garota. Falei o meu preço e pedi um adiantamento. Conversamos sobre um apartamento que Henrique emprestaria para as candidatas morarem provisoriamente.

Na saída, fui acompanhado por Paulo, que em sussurro disse toda a dor que o amigo estava passando.

- Henrique estava cansado, pois virou a noite no hospital ao lado da maca de sua esposa. Ela tentou suicídio pela quinta vez. Conversou com o médico que a atendeu de emergência. Precisou de um longo período para estabilizá-la. Mas graças a rapidez do atendimento médico, ela ainda está viva. Eles só querem ter respostas sobre o que aconteceu com a filha, mas infelizmente nós nunca tivemos nenhuma pista. Não consigo imaginar como é viver diariamente com essa dor.

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