CAPÍTULO 34

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HELENA

Acordei cedo e como de costume fiz toda a minha rotina. Coloquei o pão para assar, tortas no forno, confeitei os bolos, fiz doces, preparei os lanches frios... era um trabalho que eu fazia com prazer, já tinha me acostumado. Maristela se sentia mais forte a cada dia e isso me tranquilizou.

- Têm um brilho diferente no olhar minha doce Helena, é o Rodrigo que lhe causou isso?

Dona Maristela me perguntou enquanto eu limpava o balcão. Sorri constrangida e logo lhe respondi: - Existe tanta coisa maravilhosa ocorrendo na minha vida ao mesmo tempo que eu não saberia lhe dizer exatamente o que está me provocando tanta emoção. Ter uma família ao seu lado, fazendo parte a Karol e o seu Antônio, amando a minha filha como neta de vocês, me faz ser grata a Deus todos os dias. Mas sim, Rodrigo também é motivo dessa minha total felicidade. Eu me apaixonei a primeira vista por ele, acho que ele não sentiu o mesmo de início. Mas agora tudo está diferente, e eu sinto que podemos ficar juntos. É uma alegria que não cabe em mim, pois sei que ele gosta de mim e não sente mais pela Bianca o que sentia antigamente. Minha alegria se completa com o dia de hoje...

Maristela sentou em uma cadeira alta do balcão e me encarou com aqueles olhos tranquilizadores: - O dia de hoje? - Repetiu ela em pergunta.

_ Amanda está vindo me buscar. Decidimos ter uma prova real de que eu sou a Luna e vamos até o laboratório fazer o teste.

Maristela apenas sorriu gentilmente: - Você acha que de fato é a filha perdida?

Pensei por um momento e respondi com toda a sinceridade do mundo:

- Eu acho que não sou, mas eu queria com todas as minhas forças e toda a minha fé em Deus ser!

A doce senhora entendia toda a minha vida e eu não precisei falar mais naquele assunto. Tudo estava em seu devido lugar, mas o tempo corria rapidamente e cada minuto de atraso da Amanda, era como se ela tivesse desistido de mim. Procurei focar no trabalho e atender os clientes, mas cada vez que alguém entrava na padaria, os meus olhos rapidamente tentavam achar Amanda. Por fim, já muito tarde para começar o almoço e já começando a perder os clientes do horário, me dei conta de que ela realmente não viria.

Subi para o apartamento e me deixei cair no sofá. Tive um sentimento ruim quando acordei, de que tudo aquilo fosse uma fantasia da minha cabeça. Mas só me dei conta de que eu poderia estar pensando o certo, quando Amanda não apareceu. Eu não sabia o motivo e nem se ela se justificaria. Mesmo assim eu agradeci a Deus por ter tido dois dias ao lado dela e ter sentido o amor de mãe que nunca antes pude sentir.

Inerte em meus pensamentos eu só me dei conta de que não estava mais sozinha quando o homem começou a falar: - Desculpa te procurar nesse momento...

Eu me levantei do sofá com o susto e encarei o senhor de olhos azuis marcantes. Ajeitei a minha roupa e tentei parecer o mais disposta possível, já começando a me desculpar:

- Dr Henrique, não fui trabalhar ontem, pois não me senti à vontade. Creio que já estou despedida e te agradeço por ter confiado a mim este emprego. Obrigada por tudo.

Henrique permaneceu parado na minha frente.

- Eu quero que continue trabalhando para mim. O que aconteceu não justifica a sua demissão. Pelo contrário, o amor que minha mulher sente por você é mais um motivo para te ter tão perto.

Nesse momento a tristeza me consumiu e eu não consegui disfarçar. Sentei no sofá e segurei o meu rosto com as minhas mãos e deixei as lágrimas rolarem.

- Eu sei que Amanda viria aqui agora pela manhã e te levarei até o laboratório. Mas eu vim te procurar para falar sobre isso.

Eu o olhei novamente e ele sentou na poltrona da frente.

- O teste da Raquel deu positivo. Ela é a Luna.

Eu já sabia que ele me daria tal informação, era a única coisa que encaixava no fato da Amanda não querer saber se eu era a filha. Agora ela tinha certeza que a víbora da Raquel era a sua Luna e eu a tinha perdido para sempre.

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