CAPÍTULO 46

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HELENA

Durante os últimos dias, Karol não parou de me perseguir. Sabíamos que Iara se aproximou do Guilherme com a intenção de investigar sobre os quadros dele, mas para nós duas isso não pareceu certo. Karol estava nervosa, não queria Iara machucando os sentimentos do garoto, mas eu não podia ajudá-la, por mais que ela tivesse insistido durante tantos dias:

- Fala sério, Helena. Você é a namorada dele. É só pedir para ele afastar aquela colorida de perto do Gui.

A minha resposta continuava firme: - Não posso fazer isso, o Rodrigo está muito envolvido nas investigações da Nota e até foi contratado por outros pais da Canção Perdida, para procurar mais pistas daquele louco. É o trabalho dele e se o Guilherme foi a única pessoa viva que viu esse assassino, eles precisam tentar descobrir.

Karol não pareceu nada satisfeita com o rumo daquela situação, mas essa história estava longe de acabar, e ficou ainda mais estranha quando durante a semana. Após o almoço, Guilherme veio até a padaria acompanhado da Raquel. Geralmente as únicas pessoas que vinham eram a Amanda e a Danielle. Mas no momento, Amanda estava voltando a dançar e reformando o seu antigo salão de dança para dar aulas, por esse motivo não vinha todos os dias, como antes fazia.

Raquel me olhou com um sorriso de canto, parecendo muito satisfeita de me ver aos seus pés limpando o chão, pois naquele momento eu estava fazendo faxina. Eu não me deixei intimidar. Fiquei em pé e ajeitei o meu avental, comecei a encará-la. "Droga, como ela estava elegante e perfumada". Nos parecíamos, mas sempre ela estava mais bem vestida e arrumada do que eu. Parece que essa ideia passou por sua cabeça, pois o seu sorriso falso se alargou e ela me abraçou de um jeito muito mecânico.

- Querida Helena, como está? Acho que posso te chamar de irmãzinha, não é mesmo?

Não sabia o que dizer, mas notei o tom irônico em suas palavras. Ela deu uma risada e continuou: - Mamãe disse para eu lhe tratar como uma irmã, então é isso que vou fazer. Trouxe o nosso querido irmão para te ver.

Guilherme estava distante e olhando por toda a padaria em busca de algo ou alguém, ele me encarou por um breve momento e acenou a cabeça, acho que foi uma espécie de cumprimento, e logo ele voltou a olhar em volta.

- Ela não está, vamos. - Guilherme deu meia volta para sair pela porta, mas Raquel o segurou a tempo empurrando de volta onde estava.

- Espera guri, vamos perguntar para a son... para a Helena. - Raquel olhou na minha direção e eu fechei a cara, se ela achava que podia sair falando mal de mim por aí está muito enganada. Ela deu um sorriso tímido e continuou: - Nosso querido irmãozinho, quer ver aquela tampinha da sua amiga.

- O nome dela é Karol e não tampinha. - Guilherme se soltou das mãos da Raquel e parecia muito bravo. Comecei a imaginar a nossa união para bater na Raquel, quando ouvi uma voz me chamando.

- Helena, o pedido da mesa 3 está aqui esperando. - Karol saiu da cozinha e deixando o pedido no balcão e vindo em nossa direção, mas paralisou no caminho. Seu rosto vermelho e úmido de suor com a limpeza da cozinha, transparecia a sua vergonha ao ver Guilherme. Ela tentou ajeitar os cabelos, jogando a touca de cabelo longe e desamassando o avental. Mas Guilherme parecia muito alheio aquela situação, se aproximou dela e ambos ficaram muito perto.

Era muito notável a diferença de altura, Guilherme conseguia ser quase duas cabeças mais alto que ela. Ele parecia extremamente feliz, abriu um sorriso muito meigo e disse:

- Que bom te ver Karol.

Acho que foi o bastante para a minha amiga derreter inteira, ela se apoiou no balcão e sorria como uma criança que acabou de ganhar um presente.

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