Ser

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Não pedi para carregar o mundo nas costas,
ele apenas foi me posto ali desde pequena.
é gritante essa minha urgência por viver queimando tudo aqui dentro como se o mundo pudesse acabar amanhã.
Porque na verdade ,
Ele pode acabar para mim a qualquer momento .

- Dayane? - Caroline gritou para que eu pudesse a ouvir bem, já que estava totalmente distraída.

- Oi. - Eu disse meio perdida, por estar calculando algumas contas. - O que quer?

- Você poderia me ajudar com a mudança? Já que ainda não comprei um carro. - Caroline
Afirmou sem graça alguma.

- Claro! Me deixe só pegar as chave do carro e podemos ir. - Disse partindo em direção ao objeto. Por que ela pedia a minha ajuda? Ela não podia pedir ao Dylan? Questionei em meus pensamentos.

Em questão de minutos nós já estávamos a caminho de seu antigo apartamento para buscar o resto de seus pertences que ainda haviam ficado. Precisaríamos levar para o seu novo apartamento, que não era tão longe assim de minha casa.

Ela estava lá, parada me olhando como sempre, ela me olhava e eu sentia que ela falava algo com os olhos. A evitei ao máximo, pois eu não gostei nem um pouco, me senti triste porque eu sabia que pelo olhar dela, ela mantinha a esperança de uma provável conversa sociável. Eu consegui ver um pouco de desespero em seus olhos quando eu travei meu maxilar ao pairar meu olhar sobre ela.

Minhas mãos suavam como se eu estivesse no calor de Dubai, senti um arrepio percorrer em minha espinha ao desviar meu olhar para ela, sentindo os nossos olhares se encontrarem. - Merda! - Fugi de seus lindos olhos de novo.

Como seria? Eu não conseguiria ficar mais um minuto ali dentro e ao lado dela, eu não conseguia ficar um segundo ao lado dela sem querer beijar-la ou até mesmo fazer coisas que nos levariam a loucura.

Logo após esse pequeno trama, chegamos finalmente em seu novo apartamento, logo tratamos de descarregar o carro e organizar as coisas certas nos lugares certos.

- Você não quer mesmo conversar comigo? - Carol havia perguntado triste.

- Nesse exato momento é o que eu estou fazendo, Caroline. - Afirmei ríspida

- Poxa vida, Dayane! Eu já te expliquei tantas vezes, já te pedi perdão, e praticamente me ajoelhei sobre seus pés. - Ela dizia com a voz carregada.

- Caroline, entenda uma coisa, o perdão não sou eu que preciso dar a você, você que precisa aprender com o seu erro. - Afirmei baixinho.

- Eu sei, eu sei, mas eu não consigo conviver com você desta forma. Por mais que tenha se passado pouco tempo desde que nos conhecemos, eu não escolhi criar sentimentos por você! - Ela disse já aumentando o tom de voz.

- Eu também não escolhi gostar da sua pessoa, até que você é uma pessoa legal, de verdade. Eu até pensei em levar isso a frente! - Eu falei sem entender o que acabava de dizer.

- Isso o que? - Ela perguntou confusa.

- Isso que a gente tem entre nós. Eu não sei ao certo dizer, ok? - Corei ao falar.

Após minha última frase o elevador chegou ao último andar, que era o andar onde se localizava o apartamento dela, e logo ela se prontificou a destrancar a porta.

- Para uma agente do Governo você está muito bem! - Afirmei irônica vendo o tamanho de seu apartamento.

- Para uma das pessoas mais ricas do país você está muito bem - Ela ironizou ao falar para mim.

- Vai mesmo morar aqui? Esse lugar é enorme pra você morar sozinha. - Falei bebendo um gole da garrafa de água que estava minhas mãos.

- Você mora sozinha em uma casa gigantesca, garota! Qual seria o problema de eu morar sozinha?  Ela novamente ironizou a frase.- Quer vir morar comigo? - Carol perguntou com uma cara de malícia.

- Problema nenhum! Eu não tenho nada a participar de sua vida, apenas estou aqui por trabalho.- Sorri dura. - Eu não moro com você nem que me paguem.

- Mas é claro! Eu que implorei a sua ajuda. - Ela se virou para organizar os objetos. - Me arrependendo bruscamente. - Pude escutar ela falando bem baixinho.

- Por que se arrepende tanto assim, Caroline? - Perguntei sarcástica e brava.

- Por que? - ela disse abrindo os braços. - Olha para você, Dayane! Você se nega a me perdoar só para não ferir esse seu ego gigante! Porque ele sim, é mas importante do que essa droga de sentimento. - Carol aumentou o tom de sua voz, discutindo comigo.

- Já que acha isso, por que continua implorando o meu perdão? - Eu retruquei a pergunta.

- Porque eu gosto de você, droga! Não foi fácil enganar alguém como você! - Ela disse passando a mão pelos cabelos.

- A gente se conhece há um mês? Dois? Seu coraçãozinho está muito frágil, garota! - Afirmei  raivosa.

- Vá a merda! Não me importa o tempo, Dayane, o que me importa são as circunstâncias. - Sua voz já estava carregada.

- Quais circunstâncias?

- Depois do nosso esbarrão! O luau na praia, ainda pode se lembrar? A gente até cantou juntas. - Caroline dizia quebrando a distância entre nós. - Você nunca havia conversado comigo! E justo naquela noite você me contou sobre seus antigos amores. - Ela afirmou chegando mais perto. - Mas agora, me responda, para quantas pessoas você contou? - Caroline dizia sem ressentimento. - Você até confundiu italiano com francês. - Ela sorriu ao falar. - Mas no final só fez para me encantar.

- Caroline, não tente me reconquistar de volta com os acontecimentos passados, pois você ainda continuou mentindo. - logo falei,  jogando  na cara dela. - O  erro foi seu! - Começamos então a discutir de novo.

- Quer saber! Já chega, eu cansei. Não preciso mais da sua ajuda, posso muito bem fazer tudo sozinha. - Carol falava brava.

- Você precisa da minha ajuda sim! Aliás, todo esse contexto envolve a minha pessoa, você querendo ou não eu irei me intrometer.

-Pode ate ser assim, você permanece me ajudando.- Caroline discutia a todo vapor -
Mas você acha o quê? Que eu também vou ficar alimentando seu ego com o meu interesse, que os meu pedido não tem um preço? Se toca, Dayane, você é uma ótima pessoa, seu discurso é ótimo mas a coisa tem que funcionar. - ela disse me empurrando pelos ombros. - A Minha vida precisa andar, meu plano precisa dar certo, seguindo o rumo, vem e vai. - Caroline falava em tom de acusação. - Olha bem pra mim, posso até correr atrás enquanto quero, mas quando eu cansar, já era. - Ela disse pegando o meu rosto e virando para ela. - Olha para mim e vê se tenho cara de mãe para ficar correndo atrás de menina grande. - Ela cuspiu as palavras em minha cara, enquanto eu só conseguia sentir raiva e tristeza.

- Merda! Por que você tem que ser assim, garota?  - Cuspi as palavras em sua cara e sai o mais rápido possível de seu apartamento, eu precisava esfriar a cabeça, entrei em meu carro o arrancando bruscamente daquele local.

A chegada do OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora