A chegada do Outono

Recomeço

Ela, ela fez uma bagunça boa em minha vida. Foi intenso, não foi? Complicado, difícil, doloroso. Intenso como nunca antes. Caroline dos Reis Biazin foi o meu fim, mas também foi o meu recomeço. E eu simplesmente não sei como explicar isso. Mas ela foi a paz e a guerra dos meus dias. Foi a luz e a escuridão que eu aprendi a amar. E ah... como eu amei, amei com lágrimas, sorrisos, com tantas idas e vindas. Eu a amei e à amo de corpo e alma. Uma glória que isso bastou, sempre foi suficiente,... tudo bem, com ela, eu aprendi a lidar com o lado claro do amor.

- Amor? - Suspirei ao ver Carol e Haylley deitadas e esparramadas no sofá. - Eu vou fazer algumas compras e logo estou de volta ok? - Disse chegando mais perto dela para deixar um beijo em seus lábios. - Haylley, cuide de minha mulher.
- Pode deixar comigo amiga! - Haylley diz jogando a almofada em mim.

Sai de casa e então logo fui em direção ao meu estabelecimentos de compras. E, Por mais que não parecia, eu evitava ao máximo sair de casa, evitava ao máximo não demorar, evitava ao máximo ficar longe de minha mulher, e, por mais que não parecesse, eu tinha um enorme pavor de algo acontecer com ela e eu estar longe, porque cá entre nós, se esse bebê resolve nascer enquanto eu estou fora, a Caroline corta minha cabeça fora!

Desde que Haylley chegou, há mais ou menos seis dias atrás, eu tenho andando um pouco mais relaxada com toda essa gravidez. Não sei dizer ao certo, mas sinto que Carol tem mais alguém a mais para dar a atenção que ela precisa, que essa gravidez toda necessita sabe? Bom, não sei se vocês irão entender, até porque essa minha relação sempre foi uma loucura mesmo.

Mas vamos lá, vamos falar da parte em que eu estou realmente feliz com tudo isso, e puta merda, eu estou vivendo no paraíso!
Porra, eu espero muito que um dia vocês possam experimentar sobre o que é o verdadeiro significado dessa tal felicidade, porque eu experimentei e me viciei, nunca, jamais, eternamente, me desprenderei desse tal significado.

Tá bom, eu também quero que um dia vocês entendam que uma das maiores leis da vida é que ninguém foi feito para superar as expectativas nem mesmo agradar ninguém. Espero também que vocês se tornem mais espertos a ponto de quando terem dúvidas, seja sobre a cor da camiseta que usou na segunda, talvez sobre o dia em que ficou de fazer uma visita ou sobre qualquer coisa que diz respeito a sua vida, que caminhem até aqui e perguntem sem medo de receberem algo ruim em troca, pois, não sei pros outros, mas para mim é muito mais bonito superar esse medo todo ou essa vergonha de chegar em alguém e perguntar sobre milhões de besteiras, ou coisas que talvez acrescentem algo pra vida e outras que não tenham nem um por cento de utilidade . Porque pra mim, é bem mais bonito isso, do que ficar perguntando para alguém que talvez não saiba cuidar da própria vida e ainda martela na ideia de querer especular a vida das outras pessoas.

Eu sei, sei que talvez seja pedir demais, mas quero de coração e espero muito pelo dia em que as vocês compreendam que independente das escolhas de cada um, o que tem dentro, lá no fundo, aquilo que chamamos de essência, não muda. E, desculpa se soar como grosseria, mas se você é do tipo de pessoa que acredita que a essência muda com escolhas, acredito que a vida ainda pegará muito no seu pé.

E para as pessoas que evitam ficar ao seu lado por conta das suas escolhas peço paciência e digo algo que eu sempre quis dizer em voz alta para todo mundo: entre ver a minha felicidade ou as pessoas se distanciando por conta das minhas escolhas, opto por ficar com a felicidade. Quanto as pessoas, arranjo outras. E o maior critério é: acreditarem que a essência de alguém não muda independe das suas escolhas, e que é de verdade, vai querer ver a sua felicidade e vai estar ao seu lado aplaudindo quando você ter força o suficiente para viver sem ter medo de quem realmente é.

- Hum, alô, Haylley? - Atendi ao telefone me desvencilhando de meus pensamentos. - Qual é vai? Eu acabei de sair de casa. - Falei sem paciência.

- Não sou eu, é a Carol! - Ela disse já me fazendo ativar o meu modo agente. - Ela está entrando em trabalho de parto, me encontra no hospital.

- Vocês estão indo pra lá? - Perguntei acelerando o carro. - E a Carol? Como ela está? - Questionei totalmente preocupada com ela.

- Ela está gritando seu nome! - Haylley disse, me assustando assim que escuto a Carol falando no fundo da ligação.

- Dayane, eu acho melhor você estar no hospital quando eu chegar lá! - Carol diz com voz de sofrencia e dor na ligação. - Ou se não eu te mato! - Ela diz me fazendo engolir seco.

Acho melhor eu colocar esse carro para voar, ou eu ficarei sem meus dedos! - Fudeu! - Falei acelerando o Porsche e escutando o ronco do trabalho do motor. - É filho, Você nem nasceu e o universo já está me bagunçando. - Afirmei rindo seguindo e prestando atenção em meu caminho.