Ligação secreta

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Há certas dores que nunca se calam.

Eu me encontrava em uma madrugada de segunda, em casa, tentando encontrar o meu sono que estava desaparecido. Às duas da manhã eu já me encontrava na página de número trezentos de um livro de ficção científica, o meu copo de café estava na metade, e o ar condicionado funcionava em um quarto com sensação térmica de 16°. Eu, pela janela aberta da minha biblioteca, podia observar as nuvens cinzas caminharem lentamente pela lua, ela estava explodindo brilho. - Oh céus!- Bem que dizem que as madrugadas são das pessoas solitárias, mas por que eu sorrio tanto então? Talvez eu seja do tipo que vê a beleza onde ninguém mais vê, talvez seja porque eu sou inteira, ou eu seja louca afinal das contas.

Mas nessa madrugada, até o barulho do vento se tornou música para os meus ouvidos e uma autoria para o meu acervo. - Ah, viva as belas metáforas- porque tudo se torna a analogia perfeita para mais uma escrita. Porque sim, eu estava muito bem acompanhada, eu sempre estaria bem acompanhada com minha leitura.

Nesse momento me perguntava por onde andava Caroline, porque depois de nossa noite de quarta, ela não me telefonou, não deu notícias, simplesmente sumiu no mapa.

- Por onde você anda garota? - falei e ri com tal ironia, ao relembrar que eu sumia exatamente igual a Caroline, porque na realidade, éramos iguais.

Mas, indiferentemente, de alguns anos para cá, eu fugia de pessoas que queriam mais do que sexo, porque eu tinha medo que elas se tornassem um alguém importante em minha vida, e depois me abandonassem, como sempre acontece.
Então, era só uma garota se interessar amorosamente que eu desaparecia, sumia do mapa, nunca mais era vista fisicamente.

Logo sorri novamente com meus pensamentos, me lembrei de como eu estava alegre ao lado dela na quarta feira, de como o clima estava descontraído e legal, de como ela me deixava totalmente admirada e excitada ao mesmo tempo.

- Por que as coisas precisam ser tão difíceis assim? - Questionei alto, logo desvencilhando minha atenção ao celular que tocava em cima da bancada central da biblioteca, eu logo corri ao celular e me assustei com o número, era Carol? Caroline?

Oi? - Disse animada- Caroline? - a ligação permanecia em silêncio. - Carol? - Perguntei novamente escutando um barulho estrondoso na ligação.

- Day, Day, - Ela dizia em um tom assustado porém baixo. - Socorro. - Caroline falava baixo mas em total desespero.

- O que foi?? Carol? Onde você está? - O desespero já tomava conta em meu corpo, me diz o que aconteceu? - Eu dizia em um sussurro.

- Estão atrás de mim, socorr... - Ligação encerrada.

- Merda. - Gritei jogando o livro que estava em minha mão em direção a parede, me fazendo gritar de raiva. - Por que ela não atende? - Eu tentava ligar a cada segundo, andando de um lado para o outro.

Tentei ligar de novo e de novo, o celular só caía na Caixa postal. - Merda. - Atende Caroline, atende. - A ligação em caixa postal.

Eu não sabia o que fazer, andava de um lado para o outro, pensando no que eu poderia Fazer para ajudá-la. - Droga! Droga! Droga!

E se eu fosse até a casa dela? E se ela estiver caído? E se sequestraram ela? E se mataram ela? E se...
Nesse momento eu me encontrava suando frio, a única pessoa que veio em minha cabeça foi meu irmão, então não pensei em duas vezes para discar o número dele.

A chegada do OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora