A chegada do Outono

Dificuldade no esquecimento.

Eu gostava de tudo nela e ela dizia que me faltava juízo,

mas na verdade,

mal ela sabia que,

o que me faltava,

era tê-la por perto.

- Eu sinto tanta paz ao olhar o pôr do sol e ver que mais um dia está indo embora! Que apesar dos pesares e inquietudes da vida, eu sobrevivi. - Afirmei saindo do carro. - Há alguns dias trás eu fui na casa de Caroline pedir perdão, e me doeu tanto sentir esse abandono dela!

- Não mude de assunto, Dayane! - Meu irmão fez a observação em minhas palavras.

- Não temos nada o que conversar, irmão! - Afirmei ríspida observando o sol se por pouco a pouco.

- Você vai embora Dayane! - Ele suspira. - Claro que precisamos conversar.

- Qual o problema de partir, irmão? - Sorri. - Faz tempo que não me encaixo mais nessa cidade. E o meu único motivo para ficar, se foi...

- Por que? - Ele se escora no meu carro que se encontrava na ponta do morro logo à frente da praia. - Você vai largar o jogo todo por ela? - ele sorriu sarcástico.

- Sabe irmão, eu ultimamente estou fugindo de problemas, e também estou com uma vontade de colocar o pé na estrada. Sem destino e sem rumo.- Digo convicta. - Quero tirar as coisas do guarda-roupa, colocar de qualquer jeito dentro da mala e ir, sem nem saber pra onde. - Disse apreciando a vista. - Eu não costumo esquecer minhas vontade, e também evito brigas!

- Eu conheço você, Dayane! - Ele sorriu maliciosamente. - Se precisar de ajuda para o plano, conte comigo.

- Sei que você está disposto a me ajudar, mas já perdi muitas pessoas Dylan. E não aguentaria perder Você nem a Carol!- afirmei totalmente preocupada - Então se considere uma carta branca. - Sorri o abraçando de lado.

- Não está me parecendo verídica essa historia de partir!- Ele fala me encarando.

- Às vezes é preciso partir irmão, ir embora, deixar o barco antes que ele afunde. - Suspirei sentindo meu peito doer. - Todos nós sabemos que esse barco já está afundando faz tempo. - Senti minha primeira lágrima descer e molhar meu rosto. - É melhor arriscar outro caminho para a felicidade, do que se perder tentando encontrar alguém que nunca existiu fora da sua cabeça.

- Day! - Ele assume a postura de bravo.

- Eu sei que vai doer muito, que serão noites de insônia, serão dias pensando e remoendo todos os "talvez" que ficaram pra trás, eu sei que a vontade de estar com ela vai me fazer perder o eixo algumas vezes, e volta e meia, eu sei que vou estar chorando no meio da noite. Eu sei de tudo isso, mas também sei que eu vou superar, porque ninguém merece viver uma dor sem fim, com alguém que não tem a capacidade de enxergar o óbvio.

- Ela sabe que você vai partir? - Dyaln disse me fitando serio.

- Isso tudo por causa de Haylley? Por que vou fugir disso com ela? -Ela é uma grande amiga, uma das melhores que pude encontrar. E não preciso explicar para você a nossa relação! Você sabe que a única mulher que amo é a Carol! - Sorri ao lembrar dela. - Haylley e eu fomos passado. Mas ela foi tão incrível comigo que eu jamais a deixaria, nossa amizade faz bem ao mundo!

- Você vai voltar! - Ele diz desfalecendo em uma risada - Eu sei que você volta, sua casa é aqui!

- Eu não pretendo voltar. - suspiro ao sentir as lagrimas. - Basta um segundo para não conseguir mais voltar. Você sabe que eu sou como rio, e por mais que pareça igual,  as águas que existem nele são sempre outras. E eu sou sempre outra e ainda assim, sempre eu mesma. - afirmei Chorando ao lado dele - Não me espere irmão, porque eu não estou voltando. - Você pode me acompanhar, ou permanecer aqui cuidado de tudo que já foi meu! - Afirmei adentrando o meu carro. - Eu só tenho 26 anos, e esse mundo está em minhas mãos! Eu disse e logo em seguida parti para algum lugar que vendesse alguma bebida alcoólica. Já que eu partiria, precisava beber mais uma vez nesse lugar! Afinal, quantos copos são necessárias para se afogar um coração?

Todos que me conhecem sempre souberam que eu sou uma pessoa ligada pela realidade e a imaginação. Busco sempre fugir dos meus problemas através das bebidas e da música, mesmo sabendo que uma delas não me faz bem. Bem, eu não me importo!
Sempre busco estar distante dos meus problemas para ouvir os dos outros e ajudar, mas isso não faz de mim um ser extraordinário, mas sim só uma pessoa que se importa em fazer as pessoas se sentirem ótimas psicologicamente, diferente de outras que gostam de fazer com que elas se sintam mal.

Sempre me criticam, pois pensam que eu faço em benefício próprio ou pensando que eu vá ganhar algo sendo assim. Realmente eu ganho alguma coisa buscando isso nas pessoas: eu ganho um sorriso, eu recebo um "obrigado", eu me torno importante pra essas pessoas. Todas elas, sem exceção, são importantes para alguém e não tem que se sentir mal e nem serem criticadas pelo seu estado mental de distúrbio depressivo ou problemas acumulados, elas precisam ser ouvidas. E ai me perguntam do porquê. Por que, mesmo eu sendo essa pessoa que busca o melhor nas outras, afoga a própria alma em um copo de Whiskey? É porquê é lá que eu enxergo que, eu posso ser melhor do que eu sou. Todos os dias, quando me levanto e me olho no espelho, imagino todas as pessoas que prezam por eu ainda estar ali, que pedem para que eu acorde mais um dia. E da mesma maneira que eu sei que essas pessoas demonstram amor por mim, é como eu demonstro o meu amor por todos. Eu vejo na bebida, uma forma de alegrar quem estiver triste, alegrar a mim mesmo em momentos de solidão. Eu esqueço da minha dor através de um copo, um violão e boas canções para mover um "rolê" entre todos que estão comigo.

- Que o universo abençoe minha noite! - Adentro ao Bar, e logo sento na bancada e peço já de cara o Whiskey mais valioso que eles tinham ali.

Caroline... Caroline... Caroline! Talvez eu possa ser a sua última dose de whiskey, a mais difícil de ser ingerida, num bar de uma esquina qualquer, esperando por ser tomada e degustada, e logo devastando toda a sã consciência que me restou e deixando-me fora de ti.