Sei que você vem!

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E se eu tivesse dito não?

As vezes eu precisei fazer escolhas difíceis e profundas. Houve momentos em que simplesmente não havia como ignorar as situações que me rodeavam e eu tentei cobrir fatos com qualquer razão, só pra não ter que fazer uma escolha. Foi um mal necessário, porque não, não adiantou viver com correntes que me deixavam presa e me impediam de sentir algo em minha singularidade e complexidade. Não bastou gostar e estar sempre ao lado daquelas pessoas, quando eu me abandonei e deixei de amar a mim mesma. Comecei a pensar no que realmente tinha importância e entendi que eu tinha escolhas. É sim algo difícil, mas quando nos permitimos escolher o que é bom para nós, mesmo que alguns dias sejam mais dolorosos do que outros, o amor é sempre o que merecemos sentir.

Naquele momento o meu abraço se encontrava com o dela, os nossos corações batiam aceleradamente, eu olhava no universo de seus olhos claros, ela olhava em meu universo obscuro. Ela era o universo onde as estrelas tinham cor e forma de desejo. O calor do sentimento, sussurros em seu ouvido. O verso do que via, do que sentia. Pousei meus lábios novamente nos seus. Dois universos em duetos. Dois corações em uníssono. O encontro de nossos lábios. Laça mais um laço. Entre o mundo e nossas almas.

- Day? - Os olhos de carol refletiam puro desejo, sua Iris estava em tons escuros, ela sorriu ao dizer.

- Não me decepcione dessa vez, Caroline! - Eu disse virando as costas e partindo para minha casa! - Uau! - Disse após o elevador se fechar.
Após descer e sair de seu prédio, adentrei dentro do meu carro e apenas esperei o meu coração parar de bater em ritmo de escola de samba. Acalmei os ânimos e sentimentos, senti o ronco do motor após girar a chave. Eu precisava ir para casa.

- Me protege do caos que é viver num mundo cheio de maldade, me salva da dor que é viver sozinha, me abraça depois de um dia cansado e me diz que vai ficar tudo bem. - Pensei alto enquanto seguia a estrada em direção a minha casa.

- Eu tenho medo de você Carol. Medo de me decepcionado de novo!

Sorri ao me lembrar de minha escolha a minutos atrás.

Eu prendi meu ar por quase um minuto inteiro me vendo andar em direção a ela. Eu achei bonita a forma como ela se atrapalhou com os cachos soltos no rosto, eu gostei de como ela me abraçou e disse que estava feliz de me ver assim, num lugar só por ela. Seu sorriso me aqueceu e seu olhar da mais inquestionável doçura sorriram pra mim. Sinto que eu a prendi aqui dentro de mim porque eu tive medo de tudo que ela quis me dar, eu senti medo quando passamos a tarde rindo do mundo inóspito e eu senti que o mundo me abraçou enquanto eu estava com ela. Não contei,  mas eu tive medo.

Quando contei histórias sobre mim que ninguém mais sabia, eu senti que estava deixando ela entrar dentro de quem eu sou. Ela disse que estava quebrada. Eu disse que sempre fui feita de cacos. E logo eu só vivi o momento com ela...

Ela me disse que viveu com inseguranças, e quando eu compartilhei com ela o pavor que tive quando percebi que duas pessoas eram capazes de se destruírem, percebi que ela tinha esse medo tatuado nela.

Quando eu a beijei a minutos atrás, a beijei de olhos fechados mas com a alma aberta. Quando eu abri os olhos os vi refletidos dentro de sua íris. Eu revivi esse momento quarenta vezes até agora! Eu deixei ela entrar em mim de forma em que ela ficou por mim. Eu ficarei por ela todas as vezes.

Após chegar em casa totalmente exausta, vi que a mesma estava aberta. - Estranho! - Admiti baixo ao adentrar a sala. - Dylan? - Chamei mas ninguém respondeu. - Dylan? - chamei e logo após escutei um barulho vindo da garagem.

Desci correndo e ao adentrar o porão, vi que havia um cara amarrado e amordaçado.
- Que merda! Quem é você? - Perguntei ríspida para o homem.

- Por favor, não me mata. - ele me olhava desesperado. 

- Que merda você está fazendo na minha casa?

- Eu trouxe ele, Dayane. - Dylan apareceu na garagem afirmando. - Esse cara aí tem envolvimento com o assassinato de nosso pai! 

- Sério? olhei duvidosa para a cara de meu irmão. - Esse cara que está desesperado por socorro.- Ri da ironia. - Você pegou o cara errado irmão.

- Ele está se fazendo de coitado para não acreditamos. - Dylan apertou mais a amordaça do homem. - Você já foi mais esperta, maninha.

- Ele te deu as informações? - Olhei para Dylan. 

- Sim! Todas as possíveis para nos levar a um próximo passo! - Dylan afirmava vitorioso.

- Que ótimo! Agora já podemos dar um fim nele! - Afirmei sorrindo vitoriosa! 

- Como você deseja! Mas antes um brinde! - Dylan disse pegando um copo de Whiskey. 

- Por favor, não me mate! Eu imploro! - O homem gritava ofegante!

- Se não calar a boca, vou matar você nesse segundo! - Gritei ríspida e maldosa!

- Você já foi mais boazinha irmã! - Meu irmão dizia gargalhando.

- Que se Dane! - Disse após pegar minha garrafa de Whiskey e despejar sobre o homem amarrado. - Já chegou a a sua hora de morrer! - Disse rindo.

- Não, por favor! Não faça isso! Eu já falei tudo o que eu sabia.

- Já era. - Disse enquanto acendia o fósforo e jogava em direção ao homem, o ouvindo gritar desesperadamente.

- Eu não estou pegando fogo? - o homem assustado se olhava sem entender!

- Claro que não está. - Ri vitoriosa.- Whiskey não pega fogo.

- Dayane? - Dylan olhou para mim sem entender.

- Sabe por que eu sou a chefe aqui? - Questionei ao cara amarrado revidando um soco em seu nariz.

- Não!

- Por que eu sou capaz, e quando eu digo isso, quer dizer que sou eficiente o bastante para saber que você foi apenas o capanga que moveu apenas um palitinho dentro de todo o palheiro. - dê um fim nele Irmão! - Disse me virando e saindo de cena!

- Por que Day? - Dylan me segurou. 

- Quem matou o nosso pai foi uma pessoa de classe, porque ela encabulou o assassinato muito bem para não acharem registros. - Falei irônica. - Esse homem aí, não sabe nem diferenciar um Whiskey original! - Sorri - Você acha que ele matou o nosso pai. - Disse indo. - Você nem capaz de pensar direito.

Sai de cena e logo peguei meu carro, minha próxima parada era o bar mais próximo.

A chegada do OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora