Sabotagem

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POV Caroline.

Noite de sexta feira, eu estava completamente lambuzada com sorvete, eu sentia uma fome constante que não passava, e eu jurava aos quatro cantos do mundo que era apenas preocupação.
Eram oito da noite e eu aguardava a chegada de Dayane, pois ela havia me pedido para esperá-la para que nos pudéssemos jantar juntas... a vontade de ligar pra ela e perguntar como ela estava era imensa... - Eu vou ligar! - Afirmei pegando o celular ao meu lado.

- Oi! - Disse assim que a ligação foi atendida.
- Hey baby! - Dayane disse desesperada..Ela estava correndo? - Por alguma ironia do destino eu e meu irmão estamos sendo perseguidos. - Ela grita. - Te vejo em alguns minutos amor.- Ela encerra a ligação me deixando preocupada.

Desde que ela chegou em minha vida eu sempre fui assim, insegura quanto a tudo que está a minha volta, tenho medo de tudo, dela partir da minha vida, porque eu não suportaria tamanha dor de vê-lá partindo sem mais nem menos, sem eu puder fazer absolutamente nada. Eu tenho essa carência dela, essa vontade de tê-la ao meu lado a todo segundo, de falar com ela toda hora, sinto falta até quando estou conversando com ela e isso não é normal. Sou teimosa, todos sabem disso, eu tenho incontáveis defeitos, sou completamente imperfeita e sinto-me insuficiente para algumas coisas tantas vezes.
O medo aumentava e era incontrolável conter as lágrimas, os pensamentos que se perdiam quando penso na possibilidade de perder ela. O medo toma conta e eu só consigo chorar sentada no sofá encarando o meu celular...

- Carol? - Haylley disse desesperada me vendo encarar o celular. - O que aconteceu? - Ela questiona me abraçando. 

- A Day... Ela... - Minha boca fica seca. O coração dispara. As mãos suadas e trêmulas.
- A Day? - ela pergunta preocupada. 

Tento controlar a respiração e engolir o choro mas com fracasso. Penso em quais das muitas possibilidades possa perder ela... A ansiedade toma conta, logo eu me vejo bambear e vejo o reflexo da grande televisão, apenas se tornar um borrão.

POV Day

Eu estava deixando a empresa, meu irmão ao meu lado. Nós havíamos saído de uma produção sobre auto sabotagem, suspirei e suspirei. Ao sairmos de lá e ao chegarmos na avenida, nos sentamos na calçada e ficamos olhando as pessoas. Era horário de pico, em plena sexta feira, o ônibus lotado, lojas sendo fechadas e eu olhando minha cara inchada no reflexo dos vidros das lojas. Não queria falar com ninguém o plano que estava arquitetado em minha mente, nada era do tamanho do que eu queria fazer, tudo era questão de auto sabotagem.

Me levantei junto e meu irmão, e resolvermos andar até o minha moto, que estava
constantemente longe de nós. Eu havia estacionado à mesma um pouco longe, pois não gostava de mostrar cada veículo que eu tinha a todos que entravam e saíam da minha grande empresa, pois para todos eu sou apenas a grande e poderosa chefe e não a mocinha que tem tudo o que quer. Porque no final das contas eu não sou a mocinha, sou apenas a pessoa que tem tudo o quer.

Com meu andar sistemático, eu observava fixa e atentamente a avenida movimentada enquanto a atravessava. Em meu fone de ouvido tocava aquela playlist que Caroline havia criando para mim, me impedindo de ouvir qualquer outro ruído, mas eu juro que ouvi barulhos altos e vozes gritando. Fiquei tão desorientada que tirei os fones e comecei a procurar o problema no meio de toda aquela multidão, sem sucesso algum. Parei no tempo, parei de andar, já não vivia naquele espaço ou hora. Era um filme, tudo o que se passava invadiu minha mente e, em seguida, quase fui atingida por aquele maldito tiro que cortava o ar.
- Corre Dayane! - Dreicon disse pegando meu braço e me levando em direção a moto. - Estão tentando matar a gente.- ele gritava desesperado, apenas correndo. E ao pensar que nada poderia ficar pior, sinto meu celular tocar, e logo minha mente fica presa em uma única pessoa; Caroline.

- Oi - Ela disse animada assim que a ligação foi atendida.
- Hey baby! - Eu disse desesperada pois eu estava correndo para não ser atingida pelos tiros. - Por alguma ironia do destino eu e meu irmão estamos sendo perseguidos. - Eu Gritei encarando minha moto que estava próxima da gente. - Eu te vejo em alguns minutos meu amor. - Eu encerro a ligação montando em minha moto e a acelerando brutalmente em rumo a minha casa.

Se eu pudesse realmente mudar o passado eu diria para o meu antigo eu não entrar naquela onda de que todos são sempre bons. Tiraram minha inocência da vida, meu brilho nos olhos de encarar tudo que um dia poderia me fazer feliz.

Volta, se eu pudesse dar meia volta e voltar no dia daquele maldito jogo, ainda daria tempo de nos salvar. Foi o fim do momento quando bati o olho naquela neblina de vida, naquele novo lugar que pensei que chamaria de lar, foi ali, que me perdi, foi ali que perdi o rumo de tudo, e eu digo, que foi ali que me tiraram tudo.
Querida eu, quem dera eu te dizer que não me arrependo, eu sempre passava noites chorando pedindo para voltar ao passado. O passado já não cabe mais a mim mudar, mas do meu coração eu vou cuidar, e se algum dia me transbordar, deixo aqui declarado, que nunca houve um ser que gostaria de voltar no passado e concertar o que não pode ser mudado. Porque se eu tivesse feito outras escolhas, hoje eu estaria perguntando o que seria de mim se eu tivesse feito outras escolhas!

Eu abri a minha porta um pouco desesperada, ela estava sentada no sofá, com um semblante diferente. Olhei nos seus olhos, e senti como se todo o peso do mundo fosse descarregado de si. Ela estava preocupada, abaixava a cabeça, repetidamente, estava desinquieta, um pouco desajeitada. Enquanto me olhava, ela me perguntava, o que se passava pela minha cabeça naquele momento, o que estava sentido. Então eu parei e pensei, seria culpa minha ?


- Graças ao universo você está viva. - Ela se levantou rápido logo chocando seu corpo contra o meu. Então ela me beijou como se não houvesse amanhã, deixei as borboletas tomarem conta do meu estômago e ela dominar o meu coração. Meses atrás seus lábios tinham gosto de morango, hoje eles possuem o gosto do amor... - Nunca mais faça isso ok? - Ela suspirava e chorava em meu ombro. - Eu fiquei desesperada. - Ela se agarrava em meu corpo cada vez mais.

- Eu estou bem meu amor! - Disse beijando sua testa. - Eu não correria o risco de te abandonar de novo. - Afirmei olhando dentro de sua íris cor de mel. - Não fique mal por isso... Eu já estou em minha casa.

- Eu já estava agoniada, achei que tinha perdido você. - Carol disse após me abraçar mais.
- Você nunca vai me perder... você é o meu lar

A chegada do OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora