A chegada do Outono

Noite

"Eu amo.
O azul do céu.
O vermelho do coração.
E o castanho claro dos seus olhos."

POV Caroline:

Quando decidi parar de pensar nela, já estava terminando meu terceiro drink, indo comprar a quarta bebida. Lá estava eu, em mais uma noite bebendo para afogar todos os tipos de sentimentos que envolvessem ela no meio! Como eu poderia esquecer a desistência e o grande discurso que ela fez na nossa ligação as três da madrugada de ontem?

Eu estava alcoolizada ao ponto de tentar me divertir com pessoas que nem conhecia, já estava aos goles de bebidas que as pessoas me ofereciam, tudo para esquecer ela.
As luzes da boate passeavam a cada canto conforme a música que o DJ tocava, fazendo todo mundo dançar. E enquanto isso, no meio do público que lotava o local, o meu olhar se encontrou com o dela, minha visão se prendeu em seu olhar - Droga! - Disse abaixando minha cabeça para que ela não percebesse nenhum tipo de fraqueza!

Todos sabem que não esqueci e muito menos superei, mas meu orgulho não me deixava demonstrar nenhum tipo de fraqueza. Quero que ela pense que eu já estou bem, e que assim seja.

Ao olhar ela novamente - Puff - num piscar de olhos, todos os planos que eu tinha feito para ficar longe dela desapareceram.

Avistei ela dançando, com movimentos suaves, como alguém que sabia se deixar levar pela música, e logo no meio da performance de dança dela, os olhos dela pararam em mim.
Ela percebeu que eu estava a observá-la à distância, Dayane, sem saber para onde olhar, olhou para o chão e continuou a dançar, mas antes laçou um sorriso gentil para mim, fazendo meu coração se derreter.

Eu não aguentei essa pressão toda e logo tratei de desviar meu olhar por alguns segundos mas não aguentando de saudade, tentei focar meus olhos para a dona da minha saudade, que ali não se encontrava mais!

Foi aí que me deu um estalo e decidi parar de beber, eu já estava dançando sem ligar para ninguém, já haviam alguns conhecidos para me fazer companhia e que não iriam embora na próxima volta que eu fizesse. Eu já estava alegre demais para uma mulher que sentia dor por todo o coração, mesmo alterada eu estava consciente e conseguindo me livrar muito bem, andando no meio do público, pra cima e pra baixo sem atrapalhar ou arrumar briga com ninguém.

Logo em seguida fui ao banheiro (o efeito das bebidas tinha começado). Mas antes de chegar ao banheiro dei mais uma volta à toa para ver se encontraria alguém interessante, mas nada. Segui para o banheiro, lavei as mãos, joguei água no rosto para melhorar a minha situação, sequei o rosto e as mãos e sai, pronto para agitar a pista de dança.

Logo ao sair, alguém me prende na parede mais próxima. Uma pessoa com força, mais do que eu até, pois conseguiu me segurar contra a parede, me fazendo pensar que eu tivesse conseguido alguma encrenca com alguém.

Mas, ao sentir aquele cheiro conhecido por mim, me tranquilizei, e em seguida a coragem que eu não tinha me fez encarar a órbita escura dela. Os olhos dela estavam vidrados nos meus. Aqueles olhos de uma aparência admirável. Ela me olhava sem dizer uma palavra, me desesperei tentando sair da situação, mas ao reagir, um olhar bonito e apaixonado foi de encontro ao meu desespero, me fazendo aceitar o meu fim, e brindando o nosso novo começo!

Eu sentia tantas saudades daqueles lábios que no momento estavam me roubando um beijo, meu corpo não negava nada, minhas órbitas estavam girando loucamente, e meu coração poderia explodir a qualquer momento de tão disparado que se encontrava.

Ela me deu um beijo, um beijo como se me quisesse para sempre, como se fosse o último que ela pudesse me dar, como se o nosso futuro estivesse se desconstruindo ali, naquele momento.

E eu? Eu pude sentir tudo isso, logo não tive outra reação, a não ser me ceder naquele beijo. Minha surpresa foi tão avassaladora, e o beijo tão incrível que me deixei totalmente aberta para que ela me fizesse sentir o que ela quisesse. O querer dela sobre mim me fez querer tanto, mas tanto, ter ela de volta, que eu em segundos esqueci o porquê da nossa briga.

A nossa intensidade estava sendo controlada por uma parede, pois aquele beijo me levava às alturas. As minhas mãos percorriam cada centímetro daquele corpo que me encurralava, me fazendo imaginar ela por inteiro. E o meu desejo só aumentava ao sentir as curvas, um pouco mais definidas do que as minhas, eu não sabia como reverter a situação, e mesmo se houvesse qualquer maneira de impedir, eu não queria, e não desejaria nunca.

Quando Dayane parou o incrível beijo, eu não conseguia raciocinar nada, chegava até ser engraçado ver as minhas engrenagens trabalhando uma contra a outra!

- Isso tudo é tão engraçado! Sabe Carol, você tinha tanto medo de eu te deixar pelos problemas e eu sempre fiquei, e no final quem foi embora, foi você. - Day sussurrou em meus ouvidos. - Me desculpe, mas eu vim me despedir  de você! - Dayane disse me despertando do transe que eu me encontrava no momento. - Me desculpe por isso! Eu  amo você! Mas você desperdiçou a sua chance - Ela disse sussurrando em meus ouvidos. - Precisava dizer tchau a garota que tem o meu coração! - Ela disse me abraçando, logo fechei os olhos para sentir tudo que estava acontecendo. - Adeus piazinho! Não se esqueça de mim nunca! - Abri meus olhos assustada ao perceber que Day não se encontrava ali.

- Você é meu erro favorito, o único que eu sempre irei amar! - Afirmei baixinho ao ver que ela já não se encontrava mais ali.