Noites.

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Eu tinha que fingir
uma força que eu não tinha
um equilíbrio
que eu estava longe de sentir.
Mas
só eu sabia como estava por dentro,
Era um inverno sem fim
estava por um fio
a noite era certo que choveria.  

POV Caroline:

Eu realmente estou vivendo dentro de um jogo, mas não há maneiras de pular obstáculos, burlar regras e a cada nova fase que eu chego passo a me tornar mais fortes para a próxima.
"Game over", não interessa a mim e sim como eu irei cruzar cada nova fase com o sabor da conquista em minha alma.

As vezes a maneira que tenho para ganhar novas fases pode trazer algum mal para cada vida extra que me sobra, mas quem me importa não é mesmo?

O importante é vencer, ser maior, ser melhor, ser o líder e o estrategista. E se precisar abandonar alguém a cada fase? Quem se importa? Essa minha vida é um grande jogo do qual não sei se meus movimentos vão me ajudar em algum momento no futuro e por isso é importante sempre pensar dez passos à frente e nunca me esquecer do passado.
Não me esqueço das dificuldades e de tudo o que me trouxe até esse momento, não me esqueço de quem me apoiou mesmo que eu tenham mudado de time, não me esqueço de agradecer, sempre pode ser pior do que realmente é.

- Carol! Preparei o jantar! - Haylley gritava da cozinha, enquanto eu estava na sala assistindo Tv.

- Estou indo! - Disse conferindo à hora, vendo que Já se passavam das dez da noite e nada de Dayane chegar em casa. - Haylley? - Suspirei. - Hum... Tem notícias da Day? - Disse entrando na cozinha. - Já se passa das dez, está tarde e ela ainda não chegou. - Afirmei preocupada.

- Não se preocupe com ela Carol! - Haylley disse colocando mais comida em seu prato prato. - Ela já deve estar chegando.

- Tudo bem... - Andei até o fogão mas parei no mesmo instante sentindo a tonteira me pegar em cheio, me escorei na parede fechando os olhos e respirando profundamente.

- Está tudo bem Carol? - Haylley perguntou chegando até mim. - Você está pálida!
- Está sim! Isso é só uma tonteirinha boba... já estou bem!- Disse concentrando em me sentar.

- Tenta comer um pouco tá bom? - Haylley estava com sua atenção a mim. - Vou pegar comida para voce. - Ela disse indo novamente ao fogão. - Você não se alimentou direito durante o dia todo. - Ela disse me entregando o prato.

- Exatamente. - Disse convicta. - é apenas falta de alimento!

Meu dia já estava ótimo, eu estava indisposta todo o dia... e como tudo que é ruim pode muito bem piorar; Assim que coloquei a primeira garfada em minha boca, senti uma vontade enorme de vomitar, logo corri para o banheiro e coloquei tudo para fora, Haylley veio atrás de mim e segurou meus cabelos.

- Você devia ir ao hospital! - Haylley disse me ajudando a levantar.

- Não. - Disse desesperada. - Não tem necessidade, isso são apenas dias ruins para meu estômago.

- Você sabe que a Day vai levar você não é? - Ela sorriu sarcástica. - Quando ela souber que você está passando mal assim a dias.

- Eu não estou mal... - Disse indo para a sala de estar. - São apenas dias ruins para meu estômago. - Disse preocupada. - Além do mais, a Day está passando tanto tempo no trabalho esses dias, porque ela iria se preocupar comigo? - Disse me sentando no vaso para recuperar o fôlego e a Dignidade.

- Ela precisa trabalhar Caroline. - Haylley disse gargalhando da minha cara pálida. - Ela está fazendo isso por vocês!

- A gente nem se quer conversou sobre o "nosso término" - Disse enfiando meu rosto entre minhas mãos. - Como eu desejo ela meu Deus! - Suspirei já chorando. - Porque ela não pode ser só minha? - Perguntei para Haylley que me olhava preocupada.

- Você está bem mesmo? - Ela questiona. - Caroline, você está estranha nesses últimos dias! - Haylley afirma. - Você anda tão indisposta esses dias.

- Isso se chama "falta de Dayane". Conhece essa síndrome? - Perguntei sarcástica.

- Você ama jogar na minha cara que já namorei a Day! - Ela gargalhou junto comigo. - Eu já entendi esse seu joguinho ok. - Haylley disse socando meu ombro levemente.

- Você com toda a certeza é a melhor amiga que alguém poderia ter! - Afirmei a abraçando. - Eu só queria te agradecer por cuidar dela todo esse tempo... - desfaleci em um sorriso. - agora você está cuidando de mim! - Falei me levantando.

- Eu cuidei dela porque eu a amo. - Ela disse se levantando também. - Cuido de você porque também amo você! Você é uma pessoa maravilhosa, seria impossível eu odiar você.

- Você! - Gargalhei. - Com toda certeza, é uma das melhores pessoas que conheci.

- Que seja! - Haylley disse indo para outro cômodo. - Se precisar só gritar. - Ela gritou já distante de mim, mas ainda dentro da nossa casa.

Já se passavam das onze horas e nada de Dayane, então logo peguei uma manta grossa e me direcionei para a sala, tudo que me restava era uma noite de filmes, deitada no sofá mais confortável do mundo... sem ela...

Já havia alguns minutos que assistia o filme... foi aí que eu percebi a semelhança é relevância do filme com minha vida, comigo...

O meu senso de humor é doentio e inconstante. Eu Rio de coisas absurdamente idiotas, à medida em que me desespero ao assistir este filme de comédia o qual minha vida se tornou. Isso pode até parecer engraçado, mas não é, compreenda.

Não há, de fato, um motivo sequer para que eu possa me encontrar rindo à esta hora da madrugada. Está tudo uma bagunça desgraçada, do tipo que faria minha mãe se tornar o ser mais enfurecido da face da terra, ao se deparar comigo desse jeito.

Oras, quem deveria estar enfurecida sou eu!
Até fico, mas aí passa e volto à oscilar entre a histeria e o torpor. Mas que desgosto ter a infelicidade da saudade dela e ainda sim rir. Ou de fato estou dando a leveza que essa algazarra merece? será que merece? Meu coração está cheio e não sei como esvaziar esse peso, e nem onde. Meus dias viraram noites e a vida virou sobre quem eu sou...como posso desfazer?
O filme que se passava na televisão era "500 dias com ela",onde depois de todo o desenrolar da história o Tom se encontra com a Summer e a questiona sobre ela ter escolhido outro ao invés dele e a resposta dela foi "Só acordei um dia e soube. "O que eu nunca tive certeza com você.", acredito que essa frase seja ao contrário do complemento do que me foi dito.

A segunda parte do filme, foi completamente direcionado a ela. De como era bom estar deitada numa cama com ela com a cabeça sob o seu peito e ouvindo o coração bater, das vezes em que andamos pela cidade e ela não soltava a minha mão para trocar a marcha do carro e todas as mensagens trocadas ao longo do dia.
Mas agora, mesmo tendo em vista as vezes que fui tocada outras vezes, por outras pessoa, eu tiro a certa conclusão. Eu nunca senti por eles tudo aquilo que  senti por ela.

A vontade de fazer durar, a vontade de cuidar e demonstrar afeto, os cuidados para não sufocar demais e nem deixar tão livre. Todas essas pequenas coisas que eu faço, mostram logo de início o que quero com ela.
Eu quero com ela tudo o que eu nunca quis com ninguém, mas não digo isso com a intenção de magoar outras pessoas, pelo contrário. Digo para reafirmar para mim que por mais que fique 2, 5 ou 10 anos ao lado de alguém as coisas nunca vão ser iguais como são com ela. E por outro lado, bastam apenas 4 horas ou 2 semanas com ela para descobrir que na realidade eu nunca havia amado de verdade.. Até a chegada dela.

Não culpo a Summer e muito menos o Tom, cada um era um universo que o outro não soube explorar, tal que é diferente de nós duas. Ela, por ter me cativado, aliás, até agradeço por isso. Me apegar a ela foi a melhor decisão que eu tomei, afinal de contas, outras pessoas teriam aparecido e me feito perceber eu nunca tive certeza de nada. Mas com ela eu tenho certeza que, ela é a mulher de toda a minha curta vida.

A chegada do OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora