A garota e o Mar

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Não quero te fazer sofrer.

POV Caroline Biazin

"Não quero te fazer sofrer" essas foram as palavras que sempre se passavam em minha mente desde que ela disse. A garota dos olhos negros se fez questão de repetir por várias vezes, pois foi exatamente o que aconteceu quando ela simplesmente partiu, agora estou aqui mais uma madrugada sem Dayane.
Eu Sempre soube que aquele poço de arrogância, estava totalmente errada sobre tudo. Que viajar para o outro lado do mundo não à fez mais feliz, que aprender sobre vinhos não foi nada útil, e que nenhum museu do mundo guarda lembrança do passado que ela tinha saudade... Que era eu.

Hoje quando acordei pude perceber o quanto o dia estava deslumbrante. Mas assim que me olhei no espelho eu chorei. Tinha muito dela em mim. Eu tinha mais dela do que de mim.
Talvez isso tudo seja por causa da saudade, ou pelo fato dela ser sol para mim em todas as vezes que meu interior estava nublado.

Mas porque diabos eu estava chorando?

Claro! Eu poderia ter total certeza de que era o brinco que ela me deu, e a cor que ela gostava de me ver usando, ou o colar que ela me deu também. Tá ok! Eu sei que aliança ainda esta aqui, aqui no meu dedo, acompanhada de um anel que disfarce a importância que tudo isso tem.

Todos nós sabemos que existe amor aqui. Mas eu estou me perguntando se eu irei parar de sofrer, ou se essa agonia vai embora caso eu consiga tirar essa aliança do meu dedo. Eu fui amor, beleza, alma gêmea, princesa, felicidade. Mas hoje eu não sei me decifrar nessa minha vida antiga. Será que se eu partir para uma nova vida, o passado vai permanecer no passado? E talvez o futuro me faça esquecer memórias que não quero me lembrar?

Eu confesso que minha vontade de ir embora é imensa... Porque a real é que eu deixei de alimentar essa ideia toda de que Dayane realmente pode estar viva. Quem eu estou querendo enganar com isso? Quem forjaria a propia morte? Quem deixaria a mulher e o filho apenas por vingança?

Creio que se fosse ela em meu lugar, ela já teria partido e seguido com sua vida.... Porque eu sei que alguém lugar desse universo ela está torcendo por minha felicidade. E se minha felicidade for partir, tenho total certeza de que ela apoiaria 200%.

Porque ela era o meu único motivo para permanecer aqui. E agora sem ela, não há mais motivos para ficar aqui. Eu estou machucada demais para ouvir e viver tudo isso de novo. Peço desculpas por não ter sido forte o tempo todo como ela queria que eu fosse, eu sou difícil de esquecer. Por mais que o tempo passe ainda vai restar algo que vai me lembrar dela e, eu sinto muito por ter transbordado em um sentimento que agora é apenas um vazio e uma memória.

- Alô? - Ah, oi Haylley. -Falei atendendo o celular ao meu lado.
- Carol, Onde você está? - Ela pergunta desentendida. - Eu liguei para saber se você vai voltar agora? - Ela suspira do outro lado do celular. - Eu estou fazendo o jantar.
- Vou voltar em trinta minutos. - Afirmei observando o pôr do sol ao meu redor. - Eu estou na praia vendo o sol partir. - Disse sorrindo alegre. - Já chegarei. - Assenti desligando a ligação.

A praia estava deslumbrante como sempre, o alaranjado do céu me fazia suspirar de prazer, a água do mar refleti as cores deixando tudo mais lindo ainda. Tudo era perfeito.... A praia estava vazia, até tinha também algumas pessoas fazendo o mesmo que eu. E de longe eu pude observar uma garota surfando pelas ondas grandes que ali quebravam. Ela de longe me lembrava muito Dayane. - Nem assim você me deixa né! - Falei como se ela fosse escutar.
A garota tinha habilidade com a prancha, ela deslizava sobre a superfície com tanta facilidade que me deixava admirada.
Mesmo de longe parecia que nossos olhares se encontravam de vez em quando, eu sorria como se isso fosse engraçado. Até seria, se não fosse cômico.

Os minutos corriam e eu apenas observava tudo ao meu redor. Como se fosse a última vez que eu iria aquela praia, porque na verdade, era o que me parecia. Quando eu perdi meu olhar pra encontrar a garota e o mar, ela se perdeu, eu me perdi e não a encontrei. Ela simplesmente sumiu junto com minha vontade de continuar por ali... Era hora de ir... - Até mesmo morta você não sai da minha visão Dayane. - Afirmei me levantando me assustando logo em seguida ao olhar para o lado... quando pude focar minha visão puder ver uma rosa vermelha ao meu lado. - Como? Oque? - Perguntei sem entender... Eu apenas a peguei e segui em direção a minha casa... Era hora de ir...

Quando fui me dar conta, já era noite, o ar gélido dessa parte da cidade me envolvia e me trazia frio. O rádio do carro tocava alguma coisa que não conseguia identificar, mas não me importava, porque o pensamento sobre a flor que estava ao medo lado era intenso demais pra me deixar prestar atenção em outras coisas. Eu mergulhava nessa sensação, era quase como se ela pudesse me sentir. As borboletas que sinto no estômago parecem nunca dormir: sua presença é muito forte em meu peito. Sua intensidade cálida me afetava.

A minha impaciência me fazia bater os dedos no volante repetidamente pensando em toda a reviravolta que essa vida me fez dar... Eu estava grávida, tinha apenas meus amigos, a mãe do meu filho estava morta e o homem que me ajudou a fazer tudo também estava morto. Eu tinha tanto dinheiro em minha conta no banco que eu não sabia mais a quantia certa, eu tinha 90% das ações da maior empresa do país, tinha ações em todo o mundo.... Eu tinha tudo de material, mas o mais importante para mim, eu havia pedido.... - É Caroline, é hora de começar uma vida nova, fora desse lugar que te trouxe tantas coisas! - Afirmei baixinho para que o universo pudesse escutar. Porque, quem sabe ele não me ajudaria nessa nova caminhada que eu iria fazer.

A chegada do OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora