A cena repete a cena se inverte...
Enchendo a minha alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar.Eu sabia que tinha machucado ela, mas mesmo assim saí batendo a porta, mesmo sabendo que ambas estavam erradas, eu decidi sair de lá e acelerar o meu carro por nove quarteirões às oito da noite. Mesmo sabendo que eu a havia magoado, eu ainda decidi ir e entrar em um bar para beber e esquecer as palavras que eu falei.
Eu comprei uma bebida, vi uma mulher sentada sozinha em uma mesa acendendo um cigarro, percebi que eu não era a única que estava sem rumo, então, caminhei um pouco mais e me sentei em um banco pensando nos erros que cometi na minha vida. Pensei nas coisas que deveria ter dito, nas pessoas que eu havia ferido durante toda essa minha trajetória, e em como eu não sabia lidar com nada e nem ninguém, e muito menos com o amor.
Já eram duas da manhã quando enchi meu quarto copo do litro que comprei. Cogitei a possibilidade de ligar pra ela e dizer que já sentia falta, que eu daria a ela um perdão.
- Merda! - Eu sentia muito.
As duas e trinta e sete ela me ligou e eu não atendi, caso ela precisasse de alguma coisa, eu havia deixado a cópia da chave embaixo do tapete de entrada. Porque no final das contas, todos sabem que eu me preocupo com ela. Mas cara, onde que eu passo eu deixo um pequeno estrago, quantas das milhares de vezes havia escutado isso? Eu sabia que ela tinha razão.
Então desliguei meu celular sem dizer uma palavra, e a quinta dose eu bebi para dizer a mim mesma que eu estou fazendo a coisa certa saindo em um dia qualquer para beber por causa dela. A sexta dose foi para me dar a segurança que a primeira não me deu, a sétima foi para ter coragem de sair do bar, a oitava dose foi para me dar forças para me levantar. Na nona dose eu já bebia meu Whiskey no gargalo, a décima dose foi para me dar coragem para pegar o carro e dirigir sem rumo, na décima primeira dose eu já estava parada bem em frente do estacionamento do seu condomínio sem ter a menor ideia do que queria dizer a ela, a décima segunda dose eu estava subindo as escadas pensando em uma desculpa esfarrapada para dizer a ela, porque bom, eu realmente bati em sua porta.
Ela abriu e estava linda, ela é linda. Os cachos que soltam de teu cabelo preso em um coque mal feito, eu paralisei, o que diabos eu estava sentindo?
- Dayane? - Ela me disse totalmente sem entender.
- É só que, eu sou acidente de trânsito humano Carol, e eu não sei lidar com isso de ser importante no mundo de alguém e é exatamente assim que você me olha, não venha negar. - Eu já não sabia o nexo de minhas palavras. - Antes de ontem foi como se uma pequena parte do meu mundo voltasse exatamente nos piores dias de meu passado. Você consegue imaginar como é? A garota que você quer beijar te magoar e jogar toda a sua confiança no lixo? - Corei com a frase. - Quando você me beijou, foi com os olhos, com a boca, tocou cada linha fina do meu psicológico, me paralisando de tal forma que eu só consegui te tocar de volta no momento que eu deveria estar correndo, mas eu corri. - Eu disse escorando no batente da porta. -
E, se eu soubesse que aquela conversa casual, em plena quarta-feira, iria nos levar a assistir um jogo importante, provavelmente eu teria cantado outra pessoa. Eu provavelmente te daria meu número errado, ou eu teria seguido o conselho de meu pai de não conversar com estranhos e de forma alguma teria atendido a sua ligação para sair na quarta. - Disse chegando perto dela - Mas eu atendi. - Suspirei tentando achar sentindo nas palavras. - Nós comemos e rimos tanto, jogamos conversa fora e quando vi, já tinha dito sim para o seu pedido inofensivo de nos encontramos mais uma vez, você até foi ao aniversario de seis anos do meu primo, você brincou com ele, você adorou ele, você tem cara de ser péssima com crianças, sabia? - Sorri adentrando sua casa. - Eu deveria ter notado, a nossa primeira briga, que foi exatamente a algumas horas atrás, aliás, posso chamar isso de briga? Eu diante de todos os seus gritos, boca suja, pensei simplesmente como sua boca fica tão linda quando fala merda! - e eu desfaleci em uma risada estúpida que não pude evitar. - Pior do que isso, foi perceber que meu riso fica bonito quando estou contigo. Isso lhe soa egoísta? - Perguntei achando mais coragem para falar o que eu realmente queria dizer.- Day! É... - Carol tentou falar mas logo a impedi.
- Eu fico pensando o que se passou na sua cabeça naqueles dois minutos. Fico pensando em como você poderia questionar se eu responderia de volta, te beijaria, ou, no pior dos cenários, ficaria calada. Mas nunca, nunca imaginei que você pensou que da minha boca sairia um "eu tenho que ir" atropelado, que eu não te ligaria de volta e que dois dias depois, eu estaria bebendo no nosso bar mesmo que o meu desejo fosse verdadeiramente bater em sua porta. E olha onde estou agora, Caroline. - Disse olhando em volta e demonstrando onde eu havia parado. — E, se quer saber, a verdade dessa história toda é que eu sinto muito. - Disse com toda a convicção possível. - Não por estar bebendo, por estar usando a bebida como desculpa para aparecer aqui, ou por não sentir nada. Porque a verdade, é que eu sinto demais, sinto tanto, mas tanto, que estou aqui com as mãos suadas, tentando achar um jeito de te explicar que o meu medo de estragar tudo acaba estragando o que eu tenho de melhor. - falei abafado. - Eu tinha medo de parar na porta da sua casa às duas da manhã e te explicar que a verdade é que eu estava perdida, entre uma dança e outra, tentando entender porque eu não disse o que eu deveria ter dito, o que eu queria falar e o que eu ainda quero te dizer. Por que a verdade, Caroline. - Suspirei. - É que porra, eu perdoo você, eu gosto de você e não vejo o porquê de perder tempo com tudo isso. Apenas conquiste a minha confiança de novo, Caroline, o meu perdão você já possuí. - Disparei em falar com minha voz embargada e embolada por causa do álcool.
Caroline não disse nada, apenas me abraçou. E eu? Eu sorri com o ato, Mas logo em seguida senti tudo rodando e minha visão sendo apagada. - Merda! - eu poderia confiar nela a esse ponto? O que Caroline faria comigo??
VOCÊ ESTÁ LENDO
A chegada do Outono
RandomSente-se, aconchegue em algum lugar; Uma xícara de cafe?De chá?uma água talvez? Me acompanhe em minha trajetória, prometo a você que irá se divertir junto com os personagens. Vamos logo com isso antes que meu café esfrie. Ah, antes que eu me esque...