Capítulo 22

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MARATONA [4/10]

Anahí estava deitada em sua cama e Amy estava sentada ainda sem se sentir confortável o bastante para deitar-se. A menina nunca tinha dormido em uma cama antes, nunca tinha comido tantas vezes seguidas e nunca teve uma mulher como aquela ali ao seu lado. Era tudo muito assustador para ela que apesar da pouca idade já entendi algumas coisas daquele tempo em que tinha ficado na rua. O que mais intrigava Anahí era que a menina sabia o idioma da origem dela que não era falado ali na Suíça, mas sabia que teria que ir aos poucos com ela para aprofundar-se no mundo da menina.

Amy cansou-se e acabou deitando-se ao lado de Anahí e depois de um tempo em silencio resolveu se pronunciar – É cheiroso – colocou sua mão nos cabelos dela – cheira bem-estava com os olhos pesados por conta do sono.

-Vou te contar um segredo – sussurrou para a pequena que abriu mais os olhos atenta no que ela ia falar – Eu uso isso aqui – pegou um perfume que estava na mesinha de canto ao lado da cama – Por isso desse cheiro – entregou o vidro para ela.

Amy olhou para o vidro curiosa sem entender como aquilo tinha parado no cabelo dela – Comu é isso? – ergueu a sobrancelha – comu sai para u cabelu?

-Deixa-me colocar no seu – espirou um pouco no seu cabelo – Prontinho agora está toda cheirosa – sorriu guardando o vidro no lugar – agora precisamos dormir.

-Eu num possu – negou – Esperti – disse sentando-se rapidamente – naum pudi durmi – negava com o dedo.

-Por que não pode? – sentou-se igual ela – O que acontece? – tentando entender o que estava se passando.

-Homi mal – arregalou os olhos – pega i bati – assustada – vai bati, cuidadi – agarrou as pernas tentando se proteger.

-Olha – aproximou-se dela – Eu não vou deixar o homem bater – sorriu delicada – eu prometo – tentava a convencer.

-Comu? – ergueu a sobrancelha totalmente confusa.

-Se deitarmos aqui – deitou-se na cama e a menina fez a mesma coisa – Puxar isso – puxou o lençol as cobrindo – e ficar assim – a abraçou por trás – homem nenhum vai nos pegar.

-Prometi? – fechou os olhos sendo vencida pelo cansaço e ajeitou-se melhor entrelaçando a mão na mão de Anahí.

-Eu prometo – sussurrou observando que a menina dormia pesadamente por conta do dia e das noites em que passava acordada em alerta.

Anahí nem se movia com medo de despertar a menina. Da maneira que ela adormeceu Anahí ficou até ser vencida pelo cansaço assim como a pequena tinha sido.

---X---

-Bom dia – Anahí abriu a porta depois de Alfonso apertar a campainha – Entre – deu entrada para ele que adentrou na casa – trouxe o que te pedi? – cruzou os braços o olhando.

-Sim – ele assentiu e lhe entregou uma sacola de roupas – a mulher me ajudou a escolher a roupa.

-Precisamos sair para resolver várias coisas aqui antes de ir embora – checou as roupas – e já adianto que não vai ser nada fácil.

-Como ela dormiu? – preocupado – Ela fez ou falou algo? Como se comportou? – a encheu de perguntas.

-Ei calma – seca – Ela está muito confusa com tudo que está acontecendo – sentou-se no sofá acompanhada dele – Ela não faz ideia de que tenha pais e de onde é – concluiu.

-Então eu tenho que dizer isso a ela – nervoso – ela precisa saber que tem um pai – apontou para si mesmo – um pai que estava louco a sua procura e que vai a proteger de agora em diante.

-Não vai ser simples assim – ela negou – Ela não vai entender tão fácil como parece e temos um problema muito maior – respirou fundo – Acho que ela tem trauma com homens.

-Trauma com homens – sem entender – Como assim se ela não foi criada por ninguém? – ergue a sobrancelha – Eu não estou entendendo.

-Não tem como afirmarmos que ela não foi criada por ninguém e nem que não tinha contato com Mario – seria – Tanto que ela sabe nosso idioma – viu ele confirmar confuso – em relação a homens pelo comportamento dela é possível que tenha sofrido algum tipo de abuso durante esses anos – seria.

-Abuso? – gritou levantando-se rapidamente – Está me dizendo que alguém tocou em minha filha? – sentia o coração ser esmagado com toda força do mundo – Isso não pode ser possível negava com a cabeça já começando a chorar – Ela tem apenas quatro anos – colocou as mãos na cabeça – Ela é um bebê.

-Ei – levantou-se e foi até ele o segurando pelos ombros – Olhe para mim – fez o mesmo a olhar – Tem que ser forte – seria – Eu sei que doí – afirmou – Mas não sabemos o que ocorreu com ela durante esses anos todos – tentava o acalmar na medida do possível – o importante é que agora ela está com você e que nada mais vai acontecer a ela.

-Obrigada por tudo que está fazendo por minha filha – ainda sentia lagrimas pelo rosto – Obrigada por estar me ajudando nisso tudo.

-É somente meu trabalho – sorriu de lado e tirou as mãos dele quando ia afastar-se sentiu ele a puxar e colar seus lábios ao dela.

O beijo foi feroz, intenso, com vários movimentos e sem malicia alguma. Ela tinha as mãos em seu pescoço e ele em suas costas e intensificavam o máximo aquele beijo.

-Naí? – escutaram a voz de uma criança que os fizeram se separarem rapidamente e olharem para ela assustados – dissi que naum vinha homi – apontou para Alfonso com cara de choro.

-Calma – Anahí aproximou-se dela com cuidado – Ele é amigo – tentava explicar – é bonzinho – sorriu de lado vendo a menina olhar para Alfonso confusa – Não é mal e nem bate e trouxe presente – lhe entregou a sacola com roupa – Viu como ele é amigo?

Amy pegou a sacola e abriu um sorriso fofo ao ver o vidro de perfume igual ao de Anahí e uma troca de roupa. 

Before you and after you 1ª/2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora