Você Não Tem Medo?

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Manu

Entro em casa tomo um banho, visto um pijama e vou deitar.

Toda aquela adrenalina volta de repente na minha mente e eu começo a chorar, foi foda. Achei que eu fosse morrer.

Olho a hora no celular e são 4:55 ainda, viro pro lado e deixo o sono me invadir.

...

Acordo com a luz do sol entrando pela janela, e o relógio marca 9:10 da manhã.

Me levanto da cama, tomo meu banho, lavo meu cabelo que está só o bombril, escovo meus dentes e saio do banheiro.

Rayssa ainda está dormindo, então resolvo ir na padaria compra um pão pra gente poder tomar café.

Assim que chego perto da padaria, dou de cara com uma pirralha que deve ter uns 14 anos de idade, ela me encara e faz cara de nojo e eu fico abismada, vê se pode isso, tem nem idade meu Deus.

Entro na padaria rindo e compro pão, bolo e pó de café, quando vou saindo, um vapor passa por mim de moto e assobia.

- Que isso hein morena, assim perco até a cueca pra você delícia._ morde os lábios em minha direção e vai embora.

Eu acabo rindo do jeito que ele fala.

- Acha legal ser cantada no meio da rua assim novinha?_uma voz rouca e familiar me assusta.

É ele.

Meu corpo fica dormente e meu coração acelera na hora.

Por que esse homem mexe comigo assim?

- Só achei engraçado o jeito dele falar._ me explico o encarando.

- Sei... e aí, conseguiu dormi?_ pergunta curioso.

Nós dois vamos andando pro outro lado da rua lado a lado e sentamos em um banquinho na pracinha de frente para a padaria.

- Só consegui depois de um tempo._ respondo meio sem graça.

- Entendo._ diz ele me olhando.

- É sempre assim por aqui?_ o encaro ele de sobrancelha franzida.

- Nem sempre, mas é a nossa realidade tá ligado? Sempre tem um vacilão querendo guerra, e aqui eles encontra porque sempre estamos forte._ ele responde como se fosse algo normal.

- Entendi, você não tem medo?_ pergunto curiosa.

- Medo de que?_ faz uma cara engraçada.

- De morrer._ pergunto seria.

Ele respira e parece pensar em uma resposta, depois ele volta a me encara e responde.

- Medo eu tinha quando tomei meu primeiro tiro, depois que perdi vários cria em confronto, percebi que meu maior medo era deixa minha família e minha favela desprotegida._ o encaro surpresa com a resposta.

- Entendi._ falo olhando para ele balançando a cabeça.

Ficamos ali conversando e eu até esqueço da hora.

- Vai ter um churras mais tarde, quer brotar?_ pergunta ele me olhando.

- Onde vai ser?_ me interesso.

- Na minha base._ responder ele rindo.

- Hum... Não sei se é uma boa ideia._ fico meio sem graça, nem o conheço direito e já vou me enfiar dentro da casa dele.

- Po dá um chega lá doida, minha menor deve ir com a Isah, brota com elas._ insiste.

- Trocamos telefone ontem, vou chamar ela depois._ ele concorda com a cabeça_ deixa eu ir que a doida da Rayssa já deve ter acordado.

- falô, qualquer coisa aciona._ fala levantando do banco.

- Tchau._ me despeço dele meio sem jeito.

- Jaé novinha._ responde chegando mas perto de mim e me da um beijo na testa antes de ir andando pra boca, eu acho.

Acho fofo o jeitinho dele e começo a ri.

...

Chego em casa e a Rayssa ta vendo televisão.

- Foi a onde piranha?_ pergunta assim que me ver entrando.

- Fui da o cu._ respondo divertida com cara de deboche

- Duvido, tu e frouxa garota._ ela debocha igual e eu dou uma gargalhada.

Começo a fazer o café e sento pra comer.

- Ontem você foi dá né sua galinha._ falo sentando no sofá do lado dela.

- Aih mana ele tava me provocando, já estava subindo pelas paredes, não aguentei._ faz cara de cachorro sem dono.

Do de ombros colocando um pedaço de pão na boca.

- Pelo visto você também foi né?_ fala me encarando_ eu vi que você chegou com o VT, toma cuidado hein, ele nunca assumiu mina nenhuma, só come as selecionadas e depois joga fora._ me avisa ela_ essas minas aí do morro vivem brigando por causa dele pela rua, fica esperta._ me olha de rabo de olho.

- Ta doidona, quero me envolver com esses traficantes não, ainda mas o dono, encrenca na certa._ respondo_ ele só me ajudou ontem e acabamos ficando amigos, só isso._ explico. Não tenho intenção nenhuma no VT.

Mas que ele é um gostoso ele é.

- Sei dona Manuelly, com essa sua cara de sonsa? Sei bem como termina._ ela imita um boquete com a mão e a língua.

Dou uma gargalhada e mando dedo pra ela.

Que garota desgraçada cara, só pensa nisso essa.

- Mas eu não te julgo, quem não iria querer sentar naquela coisinha gostosa._ ela diz revirando os olhos e mordendo os lábios.

- Diz por você amada, eu tô legal no meu cantinho, até quero um peguete, mas não quero nenhum bandido._ falo ainda comendo meu pão.

- Você é muito chatinha Manu, vai aproveitar a vida, a gente só vive uma vez, você não precisa namorar ninguém não, é só sexo e pronto, ninguém vai te matar por isso, é só você tomar cuidado e fazer tudo no sigilo._ me aconselha ele e eu a encaro.

- Garota, bota sua vida no altar._ a gente começa a ri e ela levanta pra ir tomar café.

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