Patroinha

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Sara

Levanto do sofá e são mais de 15:00 de um sábado especialmente tedioso.

A hora no passa, e eu já já vou enlouquecer se não arrumar alguma coisa pra fazer imediatamente.

Então eu decido ir na sorveteria toma um açaí, no ruim, no ruim, um açaí melhora tudo. Porém, como não quero ir sozinha, resolvo ligar pra Isah minha amiga aqui do morro.

?

- Fala sua mandada, bora lá no açaí? Sei que você não está fazendo nada pra ninguém uma hora dessas mesmo._ falo assim que ela atende.

- Tu que pensa quirida, estou no asfalto resolvendo umas paradas para minha mãe._ ela diz no deboche.

- iiiih então caiu igual raio._ falo já desistindo dela.

- cai nada espera eu..._ desligo na cara dela rindo.

?

Ela fica muito puta quando eu faço isso.

Já que aquela bandida não está em casa, vou ter que ir sozinha mesmo, e eu odeio anda sozinha.

Todo mundo fica me olhando e eu não gosto de falar com ninguém, se bobear, me faço até de cega pra não ter que cumprimentar esse povo.

Meu irmão diz que eu sou muito metida, mas não é isso, só não acho que sou obrigada a fica rindo pra quem eu não conheço e pra quem eu sei que não gosta de mim, o pessoal daqui só puxa meu saco porque sou irmã do dono do morro.

Preguiça desse povo.

Chego na sorveteria e percebo uma funcionária nova, muito bonita por sinal. Pretinha, magrinha, cabelo Black enrolado com algumas mechas loiras.

Não demora muito ela vem me atender.

- Oi boa tarde._ disse ela vindo até a mim com um sorriso simpático que me fez rir junto. Já gostei.

- Oi boa tarde, você é nova aqui né? To sempre aqui e nunca te vi._ pergunto curiosa.

- Sim, é o meu primeiro dia, meu nome é Manuelly, mas pode me chamar de Manu._ ela estende a mão com aquele sorriso sincero muito difícil de se ver nessas meninas aqui do morro.

- Prazer nega, meu nome é Sara._ nos cumprimentamos.

- Sara, a famosa Patroinha._ meu nenêzinho MB chega me dando um susto.

- Então você é a primeira dama?_ pergunta Manu com a testa franzida.

- Não, não eca._ faço cara de nojo_ Sou irmã daquele embuste._ reviro os olhos e eles riem juntos.

Faço meu pedido pra Manu que não demora muito pra trazer.

Pedi do maior né porque eu quero ser feliz, e açaí é vida.

Fico ali conversando com MB, que pra quem não sabe, esse vagabundo é meu amor todinho.

Ele é um dos braços direito do meu irmão e também é o sub do morro.

Nunca tivemos nada, nenhum beijinho se quer para minha tristeza. Ele também nunca deixou escapar nada se também é afim de mim, mas às vezes eu sinto umas olhadas diferentes. Não sei, pode até ser coisa da minha cabeça, mas acho que ele ainda não chegou em mim por causa do meu irmão.

"Mais uma das vantagens de ser irmã do brabo da favela uhull "?

Depois de um bom tempo conversando, ele se despede e volta pra boca.

Eu aproveito que o movimento está fraco e procuro saber mais sobre a Manuelly. Não sei por que, mas gostei dela, e eu sou muito seletiva com essas coisas.

- Mas me fala mais sobre você, sempre foi daqui?_ a curiosidade é meu ponto fraco.

- Não, eu morava na baixada, mas tive uns problemas de minha família._ o sorriso dela desaparece e ela fica com o rosto triste, acho que lembrou de algo que a machucou ou que ela não queria lembrar_ então uma amiga me convidou pra morar na casa dela até eu conseguir um emprego e poder ter um cantinho só meu, ela veio conversou com o dono dessa loja e hoje foi o meu primeiro dia._ sorri meio sem graça_ ainda estou aprendendo, confesso que estou meio enrolada, mas já já eu pego o jeito._ termina ela.

- Aaah garota, tu já tá indo muito bem, eu gostei muito de você logo de cara, e olha que eu sou chata hein, você é muito simpática e isso é muito importante no comércio, continua assim que está indo bem._ ela fica um pouco envergonhada com meu elogio.

- Poxa muito obrigada._ sorri

- Você esta morando onde?_ continuo com a minha interrogação.

- Na goma 7._ incrível como ela continua respondendo minhas perguntas sem se incomodar.

- Ata, tenho uma amiga que mora na 8, vamos se ver muito ainda. Seja bem vinda no nosso morro, aqui é um pouco complicado as vezes, mas depois que você se adapta melhora._ dou um sorriso sincero pra ela que me retribui.

- Obrigada, não conheço ninguém por aqui ainda, então foi muito bom conhecer você._ ela diz em pé com a bandeja na mão.

- Te digo o mesmo. Vou indo nessa, qualquer dia a gente se esbarra por aí, bjunda._ ela dá uma gargalha.

- Beijos._ me despeço e vou pra casa, andando né pois não tem um vagabundo disposto a fazer uma caridade, o erro!

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