CAPÍTULO 3

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H E C T O R

- Como ela reagiu ao saber que está casada? - Dylan pergunta enquanto seca meu litro de vinho.

- Ficou assustada e logo pensou em cancelar o casamento, mas nós dois sabemos que ela não tem como fazer isso.

- ah, mas é claro que não tem! Você foi esperto ao escolhê-la e vai por mim, não vai ser fácil ter que você tanto quer, Hector .

- No contrato mostra que ela é OBRIGADA a me dar um filho. - Sorrio de lado após o olhar que Dylan me lança, eu realmente pensei em tudo.

- Você sabe que não pode forçá-la a se relacionar com você. - reviro os olhos diante de suas palavras.

- Eu sei disso Dylan, posso ser egoísta, mas não sou um sem noção, sou paciente e quando você menos esperar eu estarei com meu filho nos braços.

Sei muito bem como envolver uma mulher e Lisa está prestes a cair nessa minha armadilha. Se for preciso agir como um cara bobo e bonzinho para levá-la para a cama, eu agirei. E, quando finalmente eu receber a notícia que ela está grávida, eu a deixarei em paz e não farei questão de nem ao menos encostar em um fio de cabelo dela.

Agora eu realmente espero que amanhã, quando o ponteiro do relógio marcar 19 horas, ela esteja atravessando a porta da minha casa com suas malas em mãos ou então serei obrigado a bater na porta dela, se bem que para mim isso não será difícil, em um estalar de dedos eu descubro até mesmo onde toda a sua família mora.

Ela só precisa ser uma boa menina e tudo correrá bem, inclusive o tratamento da sua mãe que é cadeirante. O endereço já está nas mãos dela, agora é esperar...

- Você realmente perdeu a noção do juízo, fala sério, Hector, você sabe muito bem que para ter um filho não era necessário essa loucura toda, existem vários outros métodos.

- Você sabe que não é apenas para ter um filho que eu droguei uma mulher para se casar comigo.

- Esqueci que sua conta só passará de bilhões para trilhões quando você apresentar uma certidão de casamento para o advogado responsável pelo testamento do seu pai.

- Exatamente isso! - bebericio meu vinho apreciando o sabor me invadindo suavemente.

- Você já é podre de rico, Hector e condenar uma mulher a ser sua esposa apenas por dinheiro já é o cúmulo do egoísmo.

Resolvo não responder, pois Dylan melhor do que ninguém sabe que não costumo medir esforços para conseguir o que quero, pouco me importa os outros, o que eu quero mesmo é ver mais de 100 milhões entrando em minha conta bancária assim que eu esfregar na cara daquele advogado idiota a minha certidão de casamento.

Enquanto Dylan insiste em me fazer entender que eu sou um cara louco e egoísta, eu lhe dou as costas e vou andando até a varanda que roda minha mansão. Fico ali tomando calmamente meu inseparável vinho do porto, feito da forma tradicional, dando ao líquido avermelhado um sabor único e especial.

Quando torno a abrir os olhos me deparo com Lisa vindo até mim através de um pequeno caminho de pedras no meio da grama, sorrio sem nem ao menos me dar ao trabalho de esconder minha arrogância, confesso que não esperava vê-la tão cedo assim .

- Vejo que vamos nos dar muito bem. - chamo sua atenção fazendo agora seus olhos vermelhos me fitarem.

Seu rosto também está avermelhado e suas bochechas molhadas por lágrimas grossas que escorrem, seu corpo pequeno está todo trêmulo e por breve minutos chego a pensar que a qualquer momento ela vai desmaiar, está claro que algo aconteceu com sua mãe e mais claro ainda está que ela só está aqui em minha casa para me pedir ajuda.

- Vo...Você disse que como estamos casados iria ajudar minha mãe. - para à minha frente me olhando com os olhos inchados.

- Você quer anular o casamento, então não posso ajudá-la....

- Não!! Por favor, Hector, me ajuda, ela .... Caiu e bateu a cabeça. Com a queda deu um coágulo e ela está em coma. O plano de saúde que consigo pagar não cobre a internação dela.

- Você sabe que para eu ajudá-la basta que você...

- Tudo bem, eu aceito vir morar com você ....

Eu sabia que uma hora ou outra o santo ia apertar e ela ia acabar cedendo. Sou um homem de palavras, então logo trato de chamá-la para ir até meu carro e assim podermos resolver logo a questão da transferência para o melhor hospital da cidade.

Só espero que Lisa saiba retribuir o que estou fazendo, se bem que não faço nada além da minha obrigação, ela é minha esposa agora e todos os gastos dela são meus também, mas torço para que ela não saia por aí torrando meus cartões.

- Sua mãe será bem cuidada. - falo na tentativa de acalmá-la, posso ser um canalha, mas ainda tenho meu lado humano dentro de mim.

Lisa ainda não parou de chorar e a essa altura os soluços estão cada vez mais fortes e seu corpo cada vez mais trêmulo, se continuar desse jeito ela vai acabar desmaiando e não é uma boa hora para que isso aconteça, sem contar na agonia que sinto quando alguém chora em minha frente.

Não posso ver alguém chorando que logo lembro do dia em que meu pai foi enterrado e minha mãe chorava debruçada sobre o caixão dele. Essa cena ainda me perturba e ter Lisa chorando ao meu lado é como se eu estivesse vendo minha mãe naquele triste dia.

- Disso e...e...eu não tenho dúvidas..

Após sua fala trêmula o carro volta a ser dominado por seu choro alto me fazendo acelerar para chegarmos o mais rápido possível nesse bendito hospital.

(...)

- Está tudo resolvido, Lisa, sua mãe já foi transferida e você agora já pode ir para minha casa. - boto meus óculos de sol e saio a passos calmos do hospital.

- Preciso pegar minhas coisas.

- Não precisa, você já tem tudo o que precisa em minha casa, tenho certeza que todas as roupas irão servir.

- Mas eu tenho minhas próprias roupas! Você não deveria ter comprado. - me repreende entrando no carro com uma carranca.

Respiro fundo e tento me controlar, Lisa já está me irritando. Será que ela ainda não percebeu que quando quero uma coisa eu simplesmente vou lá e faço? Reconheço que tenho que dar um desconto à ela, até porque faz apenas algumas horas que nos conhecemos.

- Você trabalha?

- Sim, sou professora de dança. - Sorri com os olhos brilhando, pena que essa felicidade irá durar pouco, ela não vai mais trabalhar.

- Peça demissão.

- O quê? - me olha atônita como se não acreditasse nas palavras que a pouco atravessaram minha boca.

- Isso mesmo que você ouviu, a partir de hoje você não vai trabalhar mais.

- Mas isso é um absurdo! Você não pode exigir que eu pare de trabalhar, você não tem esse direito!!

- Absurdo é a mulher de Hector Lonnie trabalhar como uma professorinha de dança. Sou um cara bem influente na mídia, não quero matérias falando sobre minha esposa e seu honroso trabalho.

- Eu não acredito nisso. - sorri sem humor. - Agora sei porque não conseguiu se casar antes.

Prefiro ignorá-la e, por hora, decido fingir que Lisa nem existe. Se ela já me acha uma pessoa arrogante por me conhecer apenas há algumas horas, imagine só quando eu lhe contar que o nosso casamento durará por longos dois anos.

Tudo Começou Com Uma Taça De Vinho #1 Onde histórias criam vida. Descubra agora