Tudo Começou Com Uma Taça De Vinho #1

CAPÍTULO 31

HECTOR

Tudo o que eu queria agora era ter certeza de que o antigo Hector estava morto e que ele não voltaria para esfregar o grande fracassado que eu era. Mas toda vez que beijo Lisa eu sinto meu lado bom gritando dentro de mim, buscando ferozmente se libertar. Mas sou covarde demais para isso, tenho medo de voltar a ser como eu era antes.

Chorar é para os fracos, isso na minha tola concepção e nesses últimos dias eu venho fracassando de mais, hoje mais uma vez meus olhos desobedientes derramaram lágrimas carregadas de fracasso, mais uma vez Lisa me viu sem minha armadura e isso não é uma coisa pela qual me orgulho.

Por outro lado, isso serve para mostrar que tenho que a todo custo arrancar Lisa dos meu pensamentos. Tenho que parar de ficar beijando-a assim do nada. Tenho que parar de ficar pensando que ela nunca teve um homem na vida e principalmente, tenho que de uma vez por todas parar com esse maldito desejo que tenho de fazê-la mulher, bem lá no fundo eu desejo com todas as forças ser o primeiro homem dela e essa minha vontade vem sendo uma grande tormenta para mim.

Descobrir que ela é virgem tornou tudo diferente, essa informação jogou na lama alguma coisa que eu ainda não sei oque é. Hoje quando seus braços me puxaram para um abraço eu queria muito retribuir o mesmo, mas eu não consigo deixar esse meu orgulho de lado, muito menos essa frieza que creio eu já se tornou parte do meu DNA.

- Por que você tem um coração tão bobo assim, Lisa? - jogo minha pergunta no ar para me fazer companhia.

Eu juro que não entendo porque Lisa insiste em ser uma pessoa boa comigo, eu não mereço nada de bom vindo dela. Sou um filho da puta que a trata com a maior aspereza do mundo e o que ela faz? Corre para me abraçar quando tem em seu campo de visão meu rosto machucado e roupas amassadas, ela realmente é muito boba, eu no lugar dela não perderia meu tempo com alguém tão rude como eu.

Eu não queria suas mãos delicadas cuidando dos meus machucados resultado da minha irresponsabilidade, mas mesmo sabendo que lutas clandestinas são ilegais eu deixei a infantilidade falar mais alto e fui lá, buscando dar socos para esvaziar esse mar de confusão e sentimentos que cada vez mais vai me arrastando.

Devo dizer que no final meus machucados e roupas rasgadas foram em vão porque dentro de mim ainda sou dominado por incertezas e uma jovem mulher.

- Você está bem, Hector? - a voz de Dylan soa no ambiente, me alertando que agora não estou mais sozinho com minha tormenta e eu não sei se isso é bom ou ruim...

- Ótimo. Se melhor estraga. - Sorrio tentando lhe passar verdade, mas Dylan me conhece até mesmo melhor do que eu, então a julgar por essa informação esse meu sorriso não o convenceu em nada.

- Sou seu amigo - bate de leve em meu ombro - Não precisa mentir pra mim, eu sempre estou disposto a te ouvir.

- Eu sei disso, Dylan, mas o que eu posso fazer? Eu não consigo falar oque estou sentindo, nem mesmo para você que é como um irmão para mim...

- Mas você tem que tentar, você sabe que não é bom carregar tudo sozinho. Nesses anos de amizade você nunca tentou falar do seu passado e creio eu que seja algo que ainda te incomode e eu respeito isso, por isso não fico te pressionando, mas como seu amigo sugiro que procure ajuda psicológica.

- Ela quer o divórcio. - solto minhas palavras, mostrando que estou disposto a apagar as suas ainda frescas jogadas até mim.

- Por que ela iria querer? O tratamento da mãe dela ainda não chegou nem na metade.

- Porque ela não é útil para mim...

- Você disse isso a ela?

- Não, ela quem disse isso a mim, e sabe por quê? Porque ela é virgem! - puxo meus cabelos em um gesto frustrado - A mulher que dopei para se casar comigo e me dar um filho é VIRGEM e se antes ela não queria se deitar comigo, agora que ela não vai querer mesmo.